Sete gols inesquecíveis do Flamengo no Véu de Noiva do Maracanã

12/03/2022, 15:05
nunes flamengo atletico maracanã

O Flamengo volta hoje a sua eterna casa, o Maracanã. Depois de quase três meses fechado, o Mário Filho receberá a maior torcida do mundo para Flamengo x Bangu, na última rodada da Taça Guanabara, turno único do Campeonato carioca 2022. A nação mais uma vez vai comparecer, já que mais de 60 mil pessoas são esperadas para a partida que inicia às 19hs desse sábado (12).

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Além do gramado híbrido com 90% de grama natural e 10% de grama artificial, a reabertura do Maracanã vai marcar o retorno do tradicional modelo “Véu de Noiva” nas redes do estádio. O MRN aproveita a oportunidade para lembrar alguns dos gols mais inesquecíveis que o Flamengo marcou nas lendárias redes do “maior do mundo”. Vamos viajar no tempo?

Gol do Rondinelli – Flamengo 1 x 0 Vasco – Campeonato Carioca 1978

3 de dezembro de 1978 – Para muitos, o gol que inaugurou a era mais vitoriosa do Flamengo. Um gol de raça, improvável, improvisado. Zico, que quase nunca batia escanteios, pegou a bola e fez a cobrança no segundo pau. Rondinelli, o Deus da Raça, veio correndo livre, subiu como um foguete por trás de Abel Braga (esse mesmo) e marcou para a explosão de 120 mil rubro-negros. Aos 41 minutos do segundo tempo. O gol do título. O primeiro de tantos. Dali, o Flamengo decolou para dominar o Rio, o Brasil, a América e o Mundo.


Gol do Nunes – Flamengo 3 x 2 Atlético-MG – Campeonato Brasileiro 1980

1 de junho de 1980 – Mais uma vez, no sufoco. Um jogo que teimava em se complicar. O Flamengo fez 1×0, Reinaldo empatou. O Flamengo fez 2×1, Reinaldo empatou. Coube a Nunes, o João Danado, colocar um ponto final na agonia. Coube a Nunes transformar em realidade o sonho de mais de 150 mil torcedores no Maracanã e milhões por todo mundo. Coube a Nunes receber a bola na ponta esquerda, tentar o passe e receber de volta a interceptação de Silvestre. Coube a Nunes dar um drible seco no zagueiro atleticano, entrar na área e bater no canto esquerdo de João Leite, o único lugar possível para a bola entrar. Coube a Nunes correr feito um louco e comemorar ajoelhado de frente para a Nação.


Gol do Zico – Flamengo 3 x 1 Santa Cruz – Copa União 1987

22 de novembro de 1987 – Existe a cobrança de falta perfeita? Se existe, essa do Galinho é séria candidata. Era a última rodada da fase de grupos do módulo verde da Copa União, o campeonato brasileiro da primeira divisão daquele ano. Mais de 67 mil pessoas foram ao Maracanã para ver o Flamengo de Zico, Renato, Bebeto, Zinho, Andrade e companhia, que precisava vencer para avançar para a segunda fase. Os pernambucanos já estavam eliminados. O placar marcava 2×1 para o Flamengo e falta em Alcindo na entrada da área, pela direita, significava uma coisa: quase gol de Zico. E assim foi. A cobrança saiu perfeita, sobre a cabeça do segundo homem da barreira, entrou no ângulo direito de Birigui. Nem três goleiros pegariam aquela bola. Até hoje brincam com Zé do Carmo de que ele se virou bem antes na barreira para não perder o gol do Galinho. Quem não faria o mesmo?


Gol do Junior – Flamengo 2 x 2 Botafogo – Campeonato Brasileiro 1992

19 de julho de 1992 – Foi o jogo da glória, mas antes foi o jogo da tragédia. Superlotadas, as arquibancadas do Maracanã vomitaram torcedores rubro-negros na geral e nas cadeiras, em uma queda de 13 metros que ceifou três vidas e deixou 82 feridos. Eu estava lá. Não caí, mas quase fui esmagado pela onda humana. No campo, tudo foi festa. Com a vantagem de 3 x 0 construída no primeiro jogo da final, o Flamengo entrou em campo para garantir o titulo. O golaço de Junior aos 42 minutos do primeiro tempo deu a todos a certeza de que o titulo era nosso. O pentacampeonato que ninguém mais tinha. Pulamos enlouquecidos na arquibancada enquanto o Maestro, aos 38 anos, pulava como um vovô garoto no campo, em uma das comemorações de gol mais marcantes da história do clube.


Gol do Pet – Flamengo 3 x 1 Vasco – Campeonato Carioca 2001

27 de maio de 2001 – Um gol que já nasceu épico! Um gol responsável pela confirmação da paixão de milhões de rubro-negros. Um gol que marcou uma geração. Aos 43 minutos do segundo tempo de um jogo que parecia fadado à frustração, o sérvio Dejan Petković decidiu entrar para a história. A falta em Edilson foi marcada muito longe da área. Em condições normais, seria cobrada curta, apenas para reiniciar o jogo, mas aquele não era um jogo normal. Derrotado na primeira partida da final por 2×1 pelo time muito superior tecnicamente do Vasco, o Flamengo precisava de uma jornada heróica. E foi exatamente isso o que aconteceu. A bola saiu muito para a direita, parecia muito fora do alvo, mas começou a fazer uma curva irreal. Helton deu tudo que tinha, esticando-se ao limite, mas não foi o suficiente. A bola entrou no único espaço possível, entre a luva do goleiro vascaíno e as duas traves. O que poderia fazer Helton? Sua luta era sobrenatural. Como disse Washington Rodrigues, o Apolinho, São Judas Tadeu tinha acabado de chegar.


Gol do Angelim – Flamengo 2 x 1 Grêmio – Campeonato Brasileiro 2009

6 de dezembro de 2009 – A história do Flamengo está cheia de heróis improváveis. O quarto-zagueiro Ronaldo Angelim é um dos maiores deles. Em fevereiro de 2009, o Magro de Aço passou pelo maior susto da carreira e da vida quando uma pancada na coxa se transformou em uma Síndrome Compartimental Aguda, que em casos extremos pode levar à amputação do membro. Foi operado às pressas, fez longa recuperação e em dezembro estava no lugar certo, na hora certa para garantir o hexacampeonato. Uma conquista tão improvável quanto um gol do título marcado por um jogador que fez apenas 15 gols em 254 jogos pelo Flamengo, de 2006 a 2011. Naquele campeonato brasileiro, o Flamengo era o azarão dos azarões, na zona de rebaixamento por quase todo o primeiro turno. Quando Andrade assumiu o cargo de treinador após a saída de Cuca, o Flamengo tinha 1% de chances de ser campeão. Só assumiu a liderança na penultima rodada, embalado por Pet, Zé Roberto e Adriano. O último obstáculo era o Grêmio reserva no Maracanã com 85 mil pagantes. O gol tricolor para aumentar o drama. O empate de David Braz ainda no primeiro tempo. E o relógio andando. No sul, o Inter vencia e estava roubando a taça. Ma ai, aos 24 do segundo tempo, Pet se recusou a sair em substituição já anunciada e foi cobrar o escanteio. A bola voou e encontrou a cabeça de Angelim. Festa na favela.


Gol do Gabigol – Flamengo 5 x 0 Grêmio – Libertadores 2019

23 de outubro de 2019 – Foi o gol da certeza! Certeza de que estávamos vivendo um momento especial. Certeza de que aquele era um gol especial em um jogo especial, marcado por um jogador especial. Gabriel Barbosa fedia a Flamengo desde o anúncio da sua contratação. Moleque, marrento, bom de bola, provocador e artilheiro. Cabelo pintado de louro pivete, que está por toda parte no Rio de Janeiro. Gabigol já vinha brilhando com gols improváveis e decisivos. Já tinha sido peça fundamental na caminhada do Flamengo até as semifinais da Libertadores e à liderança do Brasileirão. Em Porto Alegre, três semanas antes, o VAR da Conembol não permitiu que Gabigol decidisse o confronto, anulando dois gols dele. Mas no Maracanã com quase 70 mil presentes, Gabriel faria jus à alcunha de predestinado. Bruno Henrique abriu o placar no final da etapa inicial. Logo no primeiro minuto do segundo tempo, o escanteio pela esquerda colocou a bola rebatida um pouco à direita da marca do pênalti. Era lá que a perna esquerda de Gabigol estava. O chute saiu forte, indefensável, definitivo. Dali em diante, o Flamengo aniquilou o Grêmio e carimbou o passaporte para Lima, onde todos sabemos o que aconteceu.

E você, estava em algum desses jogos? Conta para gente a sua grande emoção no Maracanã.


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