Sessão de conselho que aprovou terreno é marcada por discursos contra SAF
O presidente Rodolfo Landim conseguiu uma vitória política ao garantir a aprovação por quase 95% dos votos da autorização para participar do leilão para a aquisição do terreno para a construção do estádio próprio do Flamengo exercendo seu “prudente arbítrio”, sem qualquer tipo de condicionante como os que as comissões de Finanças e Jurídicas queriam impor. Entretanto, a vitória não foi completa já que a sessão foi marcada também por fortes manifestações contra a SAF (Sociedade Anônima de Futebol), muito aplaudidas pelo plenário lotado com quase 650 conselheiros
Ao longo do ano, Landim defendeu a criação de uma SAF com um sócio minoritário que fizesse um aporte bilionário como melhor possibilidade de financiamento para o estádio. Recentemente, diante da forte rejeição dos sócios à sugestão, ele recuou na defesa e diz que quem trouxe o assunto SAF para dentro do clube foram os presidentes do Conselho de Administração, Luiz Eduardo Baptista (Bap) – pré-candidato opositor à presidência – e do Conselho Deliberativo, Antônio Alcides.
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Ontem, no início da sessão, Alcides fez um discurso esclarecendo sua posição. Segundo ele, a convocação do senador Carlos Portinho, relator da lei que criou a SAF, e do advogado especialista em direito esportivo Marcos Motta para falar para o conceito sobre o tema foram apenas informativas e serviram para esclarecer dúvidas e inclusive convencer a ele mesmo que a SAF, seja total ou parcial, não atende aos interesses do Flamengo.
“O Flamengo não está à venda”, disse Alcides, muito aplaudido.
Como antecipado pelo Mundo Bola, o parecer do Conselho de Finanças, apresentado pelo conselheiro Emilio Habibe, vice-presidente do Conselho de Administração, que irá suceder Bap quando ele oficializar sua candidatura, incluiu a sugestão de que a aprovação da participação no terreno fosse vinculada à proibição de que o Conselho Diretor propusesse a criação de uma SAF para financiar o estádio. A proposta de Habibe também foi aplaudida pelos conselheiros.
MGM e aliado de Landim discursam contra SAF
Nos discursos, três conselheiros abordaram o tema da SAF. O primeiro foi o pré-candidato à Presidência, Mauricio Gomes de Mattos, que disse que enquanto Landim e Bap discutiam quem era “o pai da SAF no Flamengo”, ele tinha uma posição clara de “SAF jamais”, que guiou os estudos do grupo de trabalho da sua campanha para propor um modelo de financiamento para a construção do estádio.
Aliado de Landim, o conselheiro Marcelo Vargas, ao propor o encaminhamento a favor da votação, disse que os conselheiros não deveriam ter medo de SAF, pois “enquanto nós estivermos vivos o Flamengo não vai virar SAF”.
Já o conselheiro David Butter se pronunciou contra a prerrogativa defendida pelo Conselho de Finanças, dizendo que o Conselho Deliberativo não pode proibir o presidente do Conselho Diretor de cometer um erro, mas sim tem que agir institucionalmente para combater esse erro. Para isso, frisou, é importante aprovar a emenda que deve ser votada no mês que vem e dificulta a transformação do Flamengo em SAF, aumentando o quórum necessário para aprovação na Assembleia Geral e criando regras de quarentena que impeçam dirigentes do triênio anterior de ocuparem mandatos numa eventual SAF.
Desta forma, embora não tenham sido colocadas restrições formais à criação de uma SAF para o estádio, o Conselho demonstrou em alto e bom som que qualquer iniciativa neste sentido em uma eventual gestão de Rodrigo Dunshee, candidato de Landim à sucessão, enfrentará forte oposição dentro do clube e provavelmente não terá sucesso.
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.