Senador acusa Paes de 'brincar com Flamengo' e sugere a clube negociar terreno com Caixa
O senador Carlos Portinho, que é colega de partido do vice-presidente de Futebol Marcos Braz no PL e foi convidado para dar duas palestras no Flamengo em 2023, acusou o prefeito Eduardo Paes de “brincar com o Flamengo” ao estabelecer em R$ 138 milhões o preço da desapropriação do terreno onde o clube pretende construir seu estádio no Gasômetro.
Segundo Portinho, a intenção da Caixa Econômica Federal de judicializar a desapropriação pode acabar servindo de desculpa para que Paes desista da operação depois das eleições para a prefeitura, em outubro.
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“Eu havia dito que isso era uma jogada do prefeito para pegar o voto dos incautos, torcedor do Flamengo, que esse processo não iria se concluir antes das eleições, que ele esperava ganhar os votos para depois dizer que alguém judicializou e infelizmente não era possível. É isso que a gente vê hoje com essa notícia que a Caixa vai judicializar por não concordar com os 138 milhões. Não se engana a torcida do Flamengo. Não se engane”, afirmou o senador.
Portinho sugeriu que o Flamengo volte a negociar com a Caixa, responsável por administrar o fundo imobiliário que é dono do terreno, para garantir a compra de maneira mais rápida.
“O Flamengo vai ter o seu estádio, mas agora é a hora da sugestão que hoje também eu postei que é Flamengo e Caixa sentarem em cima da avaliação da prefeitura e da pretensão da Caixa Econômica e chegarem a um meio termo, é a maneira mais rápida e só depende do Flamengo, não depende de promessa, promessa que a gente sabe que o prefeito Eduardo Paes não ia cumprir, disse o senador.
Essa alternativa, entretanto, significaria que o Flamengo gastaria muito mais do que os R$ 138 milhões estabelecidos pela prefeitura, já que Portinho sugere um valor de R$ 250 milhões.
Portinho apoia rival de Paes e aliado de Braz em eleições
Segundo o senador, “isso tudo foi uma jogada política em cima da torcida do Flamengo”.
“O que ela ganhou até agora da prefeitura? Galhofa do prefeito e sacaneada do prefeito em cima da torcida do Flamengo”, afirma.
Portinho postou então vídeos em que Paes diz estar fazendo “um ato de caridade” ao desapropriar o terreno e que “estou esculhambando flamenguista porque agora eles dependem de mim para ter estádio”.
Entretanto, é possível suspeitar que Portinho esteja fazendo exatamente aquilo do que acusa Paes, usando o tema do estádio do Flamengo de maneira eleitoral. Isso porque ele apoia Alexandre Ramagem como candidato à prefeitura. Atualmente Ramagem, que este ano foi recebido no Ninho do Urubu por Marcos Braz, está em um distante segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, que indicam reeleição de Paes no primeiro turno.
Embora a Caixa deva de fato judicializar o valor da desapropriação, isso significa apenas que, ao fim do processo, o Flamengo possa vir a ter que pagar a diferença arbitrada pela Justiça, e não que a desapropriação será anulada. Como o leilão está marcado para o dia 31 de julho, a participação do Flamengo no processo é sim a maneira mais fácil e barata de adquirir o terreno.
Entretanto, a posição de Portinho não deixa de ser uma saia justa para Braz e os dirigentes do Flamengo. Isso porque o senador foi convidado no ano passado por duas vezes para dar palestras, uma a conselheiros do clube sobre a lei das SAFs, da qual ele foi relator, e outra a jogadores sobre a regulamentação das apostas.