Se você quer mesmo ganhar, tem gols que você não pode perder

O Flamengo de Filipe Luis vem caminhando, a passos largos, para ser a formação rubro-negra mais consistente desde o período de euforia quase alucinada que foi a equipe de Jorge Jesus.
Hoje temos um time que sabe propor o jogo, mas também entende como atrair o adversário para se lançar nos espaços, uma equipe que tem a capacidade de construir jogadas sem ficar excessivamente exposta, um futebol ofensivo e intenso que tem a cara do que o Flamengo precisa ser, do que a torcida espera que ele seja.
Somos treinados por um homem que com menos de seis meses no futebol profissional já é cogitado na seleção brasileira, temos vários jogadores que defendem os esquadrões de seus países, num grupo formado em grande parte por atletas experientes e tarimbados, mas também com espaço para jovens revelações.
Apenas neste ano já vencemos Supercopa e Carioca e somos sim considerados favoritos em todos os torneios que vamos participar - com exceção, é claro, do Super Mundial, porque é complicado chegar como favorito quando o negócio envolve Real Madrid, Bayern e Manchester City.
Então ainda que seja um time em processo de construção e com muita margem para evoluir, existe apenas um problema sério com o grupo treinado por Filipe Luís, que já havia se manifestado em diversas outras ocasiões e que, no empate deste sábado diante do Internacional, no Maracanã, veio mais uma vez à tona: essa galera perde gol pra caralho.
Não que esse Flamengo não faça gols, porque ele faz. É uma equipe ofensiva, é um time que parte pra dentro dos adversários, é um estilo de jogo que proporciona a criação de diversas jogadas, com várias chances claras por partida, mas que infelizmente não estão sendo concluídas com a eficiência necessária.
E a sensação é que muito disso se deve a ausência de Pedro. Não que Bruno Henrique não seja decisivo, porque é, e muito. Não que nossos pontas em geral não tenham muita qualidade, com Luiz Araújo sendo um grande chutador, e Plata mostrando talento até nas cobranças de falta. Mas mais chamativo até do que o gol sofrido numa falha defensiva inaceitável, foram as oportunidades perdidas pelo atacante Juninho Azerbaijano, que teve ao menos duas chances claras na frente do gol, em uma acertando a trave e em outra perdendo o tempo da bola.
Obviamente ainda é cedo pra grandes críticas, estamos na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, muitas pessoas até consideram o Internacional um time capaz de brigar pelo título. Mas isso não muda o fato de que o Flamengo perdeu sim dois importantes pontos, dentro de casa, numa partida em que foi dominante e criou mais chances, por conta de sua baixa eficiência na hora das finalizações.
Então ainda que a volta do atacante reverência esteja cada vez mais próxima - e seja bem provável que ele vá saber aproveitar muito bem todas essas chances criadas pela equipe - é preciso que mesmo sem ele o Flamengo se mostre mais atento na hora de decidir as jogadas, mais capaz na hora de definir as partidas. Porque temos sim tudo pra ser campeões de mais coisas esse ano, mas vai ser complicado fazer isso se ficarmos perdendo gol cara a cara com o goleiro.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Substack.