Rodrigo Caetano: "Fla só vai gastar em reforços se vender alguém"

23/12/2016, 15:12

O diretor de futebol Rodrigo Caetano concedeu entrevista à ESPN e falou sobre o planejamento para a próxima temporada. Confira os principais trechos:

Reforços pontuais e Trauco

O Flamengo fará contratações pontuais, o que significa que serão poucas, na ordem de quatro no total, diferentemente de anos anteriores, porque temos nosso elenco todo com contrato vigente, e aqueles que não tinham e nós tínhamos interesse nós já renovamos. Com isso, e até pela oportunidade que tivemos, nós já oficializamos o Trauco, que é um jogador de ótimo potencial, que nós já vínhamos acompanhando ele ao longo do ano. E com isso nós temos na lateral-esquerda dois jogadores de bom nível, dois jogadores de seleção, porque o Jorge nós entendemos também que em breve terá sua oportunidade, mas não tivemos nenhuma proposta oficial pelo Jorge, ele continua. A ideia é equilibrar esse elenco e estamos trabalhando para até o inicio da temporada, ou fim de janeiro, equilibrando o nosso orçamento, trazer as outras três peças que faltam para completar nosso elenco. Nós só vamos nos posicionar sobre essas outras três peças quando tivermos todas as etapas da contratação concluídas. Esses três (Rômulo, Marinho e Conca) se viessem, se vierem, seriam grandes reforços, mas no momento nós não temos condições de falar além disso. A ideia é trazermos um meio-campista defensivo e dois atacantes ou um atacante e um meia de ligação para que o Zé Ricardo tenha opções para montar o time.

Dinheiro para contratações

Se nós não vendermos nenhum atleta, essa capacidade de investimento (para a compra de novos atletas) não existe. O Flamengo vive rigorosamente dentro do seu orçamento e as contrataçoes que nós fizemos em 2016 já era prevendo pagamento em 2017. Se tivermos êxito em algumas negociações, esse compromisso assumido será para 2018. Por isso esses atletas que podem chegar estão em término de contrato. É uma questão contraditória, nós discutimos o maior aproveitamento de jovens da base e ao mesmo tempo discutimos a cobrança por contratações. Cabe a nós tentar ter esse equilíbrio para termos um elenco com o número próximo do ideal, que não seja tão numeroso como foi em 2016, que se tenha espaço para a base, que se contrate em menor número, mas realmente posições que nós julgamos carentes.

Aproveitamento da base

Faz parte do nosso discurso, aquilo que a gente vem planejando, que esses meninos tenham mais espaço. O ano de 2016, por todas as situações de desgaste que o Flamengo passou por não ter estádio, por termos iniciado nossas viagens em 15 de janeiro e só ter parado no início de novembro, se fez necessário que tivéssemos um elenco um pouco mais numeroso. Felizmente tivemos um erro no planejamento, que prevíamos um número maior de lesões e por isso nós aumentamos o elenco. Como vimos que esse nosso método de trabalho deu certo, é muito provável que esses atletas (da base) a partir do ano de 2017 assumam um pouco mais de responsabilidade. Se todos eles vão ser protagonistas é uma outra história. Mas até devido a isso, o Zé Ricardo vira o ano com a intenção desses meninos serem mais bem utilizados. E aí nós vamos ter um calendário realmente rigoroso conosco e certamente eles vão ter o espaço que eles merecem. Pelo bom trabalho realizado nas divisões de base, nós precisamos que esses meninos subam de patamar.

Zé Ricardo

Nesse ano de 2016, preenchemos algumas tantas lacunas quando da saída da comissão técnica do Muricy com profissionais formados dentro do clube, na preparação física, na parte da fisiologia, em todas as áreas que estavam vagas a gente promoveu profissionais dentro do clube, e no caso do Zé Ricardo não foi diferente. A ideia é melhorar cada vez mais o corpo de profissionais do clube. No entendimento da filosofia do Flamengo, o técnico é hoje uma figura fundamental, importante, mas também é mais uma peça. Essa questão da super-responsabilidade dada aos técnicos no entendimento do Flamengo não é o modelo ideal. Nessa forma de dividir as responsabilidades com o Zé e dar a ele as melhores condições de trabalho é a forma que nós pensamos fazer que ele se sinta cada vez mais à vontade chefiando o departamento técnico. Ele já concluiu também o curso que fez na CBF, durante duas semanas, ele vem se especializando, o técnico de uma grande equipe do futebol brasileiro não tem muito tempo disponível para fazer intercâmbio, mas nós dentro da nossa limitação vamos procurar trazer profissionais de fora não só para aprimorar o Zé Ricardo, mas todos os profissionais que trabalham no clube, porque nós trabalhamos de forma integrada.

Arena da Ilha e Maracanã

O que nos foi colocado, sob o risco de não termos o Maracanã, é se a Arena da Ilha, com as devidas reformas que serão feitas, na verdade é praticamente um novo estádio, nos atenderia. É claro que se houver a melhora do gramado e das dependências ali, é muito melhor do que fazermos essa saga como fizemos no ano de 2016. O risco foi muito grande, mas ninguém imaginava que o Maracanã fosse fechar tão cedo e abrir tão tarde. Para não corrermosm esse risco técnico, desportivo, a solução encontrada vai atender o departamento do futebol. Agora não preciso te dizer, é consenso, que a casa ideal pro Flamengo é o Maracanã.

Estrangeiros

Nós montamos um elenco e muitas vezes são exaltados determinados elencos no Brasil, e você não monta uma equipe para disputar título, e nós disputamos quase até a última rodada, se não tivermos boas peças no elenco. Da mesma forma a gente sabe que esses atletas oriundos de países vizinhos muitas vezes demoram um certo tempo a fazer sua adaptação. Isso não nos preocupa, pelo contrário, nós temos a convicção nos jogadores que trouxemos. São jogadores normalmente sondados pelo mercado, e aí o Flamengo tem hoje patrimônio também, vai avaliar cada um dos casos, se amanhã ou depois for interessante uma negociação é uma decisão do Flamengo interna. Nem sempre você vai trazer um jogador em um ano, seis meses, como foi o caso do Donatti, totalmente adaptado. Lembrando que o Cuéllar e o Mancuello foram titulares em várias partidas. Chegaram jogadores, um deles foi o Diego, que mudou a formatação tática da equipe. Mas a gente confia no potencial deles, e o mercado sul-americano, se tivermos boas oportunidades, com jogadores com bom potencial, o Flamengo vai continuar indo atrás.

Libertadores

O grupo ficou muito parelho, difícil, porque o Flamengo infelizmente não é bem ranqueado pela Conmebol e com isso ficou no pote 3. A possível classificação do Atlético-PR torna o grupo mais difícil, mas é difícil para todo mundo. O Flamengo vai fazer de cada uma dessas partidas uma grande final para poder passar de fase.


Mundo Rubro Negro
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