Renato Veltri: Zico, Roberto e o saudosismo que vale a pena

10/01/2023, 11:45
Zico e Roberto Dinamite são amigos pessoais

De várias coisas que podem me chamar, saudosista não é uma delas. Tenho absoluta convicção de que estou vivenciado o que há de melhor na história do futebol. Respeito o passado, mas jamais trocaria meu presente de Lionel Messi por um tempo de Maradona ou Pelé. Tão pouco caio na ladainha de “no passado não tinha mimimi”.

Entretanto, a amizade entre Roberto Dinamite e Zico faz parte de um futebol que se perdeu e que vale a pena ser relembrado e exaltado. O falecimento precoce do ídolo máximo do nosso maior rival histórico reavivou a história de amizade dos dois astros que culminou com aplausos ao Galinho quando este chegou ao velório.

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Zico e Roberto, rivais em campo, eram amigos desde seus tempos na ativa e não tinham medo de mostrar isso. Não eram amigos daqueles que ligam em segredo pra falar mal do treinador recém-contratado pelo time do outro. Nem daqueles que votam secretamente pra que o jogador seja considerado o “mais chato do país”.

Em um mundo onde um ex-jogador amargurado, após tomar um drible, insinua que gostaria de ter dado uma entrada que prejudicaria um jogador no seu auge de carreira, é bom que exaltemos esse tipo de relação. Uma relação de lealdade, de rivalidade sadia, onde cada um fazia o seu, mas que ostensivamente eram amigos.

Roberto, como ídolo do Vasco, ajudou a criar o que é Zico foi e, assim, ajudou a criar o que é o Flamengo é. E o fim da vida dele é uma perda para todo mundo do futebol. Com isso, é imperativo que o Flamengo demonstre grandeza nesse momento.

Precisa ter a coragem e a hombridade que o Vasco teve quando do acontecimento do incidente no Ninho, onde os dirigentes cruzmaltinos enfrentaram críticas para colocar no uniforme deles a bandeira do Flamengo. Em dois dias estrearemos no carioca. E seria de bom tom que homenageássemos o maior artilheiro do torneio de alguma forma que saia do mero post no Twitter ou no Instagram.

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Apesar do meu desejo, acredito serem nulas as chances de que isso aconteça. Então o que me resta é o saudosismo. Saudades de um tempo no qual o que tínhamos de melhor reverenciava o que eles tinham de melhor. Um tempo de rivalidade cordial e leal.

Que Roberto Dinamite vá em paz e que sua família seja confortada num momento difícil como esse. Que possamos adiar o máximo possível a dor que hoje é sentida pelos vascaínos mas, que quando ela vier, o mundo do futebol haja conosco como eu espero que o Flamengo haja com o Vasco. Me resta aguardar e torcer.


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Mundo Rubro Negro
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