Renato sempre foi reconhecido como um cara irreverente. Aposentou-se das quatros linhas e foi logo assumindo a função de técnico. Na sua jornada pela nova função sempre se cercou de profissionais que entendiam tecnicamente o jogo, afinal ele se garantiria na gestão do vestiário, ante a longa experiência vivenciado nos campos.
Assim foi moldando a sua nova carreira, que alcançou o ápice dirigindo o Grêmio. Todavia, não conseguiu manter o ritmo do seu estilo de jogo, que ficou escancarada a defasagem nos 5 a 0 que o Flamengo fez na semifinal da Libertadores.
Como um ser iluminado, jogador consagrado de várias conquistas, após sair do Grêmio, apareceu a oportunidade de treinar o time de R$ 200 milhões que ele mesmo havia se referido assim em 2019. E autoafirmado, em suas tradicionais frases, que jogaria bonito e ganharia com um time de R$ 200 milhões.
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Então, natural a cobrança, não só da torcida, quanto dos especialistas. É verdade que o início do trabalho do Renato foi fantástico. Não há como negar. Todavia, a partir do momento que ele deixou de acertar o time na base da conversa, o que ele se referia no início do trabalho, pela falta de tempo para treinamento, a coisa desandou.
Em seu auge de desempenho dirigindo o Flamengo imagino que Renato tenha se postado diante do espelho (cuja imagem e linguística tenha se consagrado na pergunta da Bruxa nas histórias sobre a Branca de Neve) e perguntado: “Espelho, espelho meu, existe algum técnico melhor do que eu? E o espelho, sempre sincero, tenha respondido: “O seu Flamengo retomou um padrão de pressão pós perda, contra-ataque rápido e time compacto, atingindo um equilíbrio entre ataque e defesa.
E se assemelha bastante do time dirigido por Jorge Jesus. Contudo, o seu time ainda não conseguiu superar o multicampeão com Jesus”. Renato ficou contrariado e em uma rompante de ira deu um chute no espelho, ao mesmo tempo em que dizia: “Você não entende nada de futebol, não viu meu DVD como jogador e técnico.”
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A sobra de Jesus atormentou tanto a cabeça de Renato que ele começou a treinar e exigir uma mudança de postura radical do time, com marcação individual e sem pressão na saída de bola. Abandonou tudo que estava dando certo com ele mesmo no início. O tempo foi passando e a cada dia mais substituía a conversa para implantar sua filosofia de jogo.
E o resultado que tem colhido são partidas decepcionantes, de um time que parece estar nas cordas, que não consegue reagir, que não tem padrão de jogo, ainda mais quando sai perdendo ou precisa propor o jogo. O momento me faz lembrar aquela velha frase, de autor desconhecido: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”
Allan Titonelli é rubro-negro, amante do futebol, gosta de jogar uma pelada, assistir partidas, resenhas esportivas ou debater com os amigos sobre “o velho e violento esporte bretão”. Escreveu, ao lado de Daniel Giotti, o livro “19 81 – Ficou Marcado n...