Rafinha lembra início turbulento, revela bastidor da Libertadores e celebra história com a camisa do Flamengo

06/12/2024, 13:50

Rafinha está vivendo últimos momentos de sua carreira profissional. O experiente lateral-direito vai encerrar a carreira no São Paulo após o Campeonato Paulista de 2025 e concedeu entrevista para relembrar episódios importantes de sua trajetória no futebol. Entre eles, a rápida, intensa e vitoriosa passagem pelo Flamengo entre 2019 e 2020. 

A começar com a sua chegada. O atleta revelou que só teve a real dimensão do que é o Flamengo quando chegou e classifica como "absurdo". O jogador começou a passagem no meio de um turbilhão de emoções: estreia em goleada sobre o Goiás no Maracanã com grande atuação, seguida de eliminação na Copa do Brasil e derrota para o Emelec no jogo de ida das oitavas da Libertadores.

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"Quando vi onde eu estava me metendo, eu vi que o negócio era muito maior do que eu imaginava. O Flamengo é um absurdo. Naquele momento, era a vontade dos torcedores que o Flamengo conquistasse uma coisa grande. Começamos a treinar durante a Copa América, e as pessoas parando na rua, por todo lado o Rio de Janeiro inteiro Flamengo. Estreei contra o Goiás um domingo 11h da manhã. (...) Primeira bola que eu pego, eu domino, dou chapéu em um, chapéu no outro, dou uns toques de cabeça e foi meu cartão de visitas. Ganhamos por 6 a 1 e o bicho pegou. Na quarta-feira, já era jogo de volta contra o Athletico-PR e perdemos nos pênaltis", disse em entrevista ao "ge". 

A queda na Copa do Brasil fez a torcida ir protestar no aeroporto antes de jogo contra o Corinthians, o que rendeu a cena do recém-chegado Jorge Jesus conversando com torcedores fora do ônibus. Empate com o time paulista e derrota no Equador, no entanto, aumentaram a tensão. 

"No fim de semana, fomos jogar contra o Corinthians e a torcida foi pegar a gente no aeroporto, protesto. Pensei: "Rapaz do céu, o que é isso? Duas semanas só que estou aqui". Fomos enfrentar o Emelec em Guayaquil. Eles fizeram 1 a 0. O Diego quebrou a perna e no fim ainda tomamos um gol: 2 a 0. Falei: 'Meu irmão, a casa caiu'. Não podíamos ser eliminados", comentou Rafinha.

Foi somente após superar o time equatoriano nos pênaltis e confirmar a vaga nas quartas de final da Libertadores que Rafinha finalmente conseguiu aproveitar a chegada ao Flamengo. Ele foi responsável por converter uma das cobranças que classificaram o Mais Querido

"Fomos para o jogo do Emelec, depois do Morro da Mangueira era sinalizador para caramba, uma loucura. Abrimos 2 a 0 no primeiro tempo e acabamos levando para os pênaltis. Logo pensei do jogo com o Athletico-PR. Antes de eu bater, o cara errou o pênalti, eu fui bater firme cruzado e fiz. Em seguida, o Emelec errou e depois daí eu realmente cheguei. Começou a minha vida no Flamengo."

Samba antes da final da Libertadores 

O grande jogo daquela equipe foi a final da Libertadores de 2019, com Gabigol garantido a virada sobre o River Plate aos 43 e 46 minutos. Mas Rafinha revela que a ansiedade estava alta no grupo no dia anterior à final, foi quando ele convocou os atletas para tocar um samba e manter o clima de alegria que levou o time até a decisão. 

"Estava todo mundo tenso e preocupado, mas os caras não queriam. Cada um foi para o chuveiro, banheira, todo mundo de toalha, e eu comecei o samba. O mais legal naquele momento foi que precisávamos quebrar aquela ansiedade. Saímos do Rio com a torcida levando a gente até o Galeão, avião saindo, helicóptero no Ninho. Nem eleição nos EUA tinha aquilo ali. Para sair de Vargem Grande foi quase duas horas. Não dava para fazer nada. Isso gera o quê? Ansiedade", iniciou o lateral, antes de completar: 

"Foi bacana demais, foi muito legal. Esse samba também foi maravilhoso, todo mundo veio, o Mister veio, o Braz participou, diretoria, comissão... Foi um samba legal mesmo e deu uma quebrada. Foi isso que ganhou o jogo? Não, mas deixou a gente mais tranquilo para a situação que estávamos vivendo e ficamos mais de boa para o dia do jogo."

Consciência do quanto 2019 representa para o Flamengo 

O elenco que conquistou Brasileirão e Libertadores de 2019 com um futebol que encantou o Brasil mantém um grupo no "WhatsApp". Cinco anos depois daquela temporada histórica, Rafinha disse que os jogadores começam a entender o que significam os feitos com o Manto Sagrado. 

"Hoje, depois de alguns anos e muitos saíram, outros já pararam, temos noção do que foi aquilo ali. Para nós, vivendo aquilo ali, foi muito intenso. É difícil você jogar no Brasil esses campeonatos longos e jogar com a certeza... Era difícil imaginar que tinha alguém melhor que nós. Não. A confiança era tão grande que a gente até brincava. O Gabigol falava que ia fazer dois, o Bruno Henrique também, então vai ser quatro. Era garantido."

O lateral ainda fez uma comparação de representatividade com o troféu de 2022. Ele entende que aquele time marcou não só pelas conquistas, mas pela forma de jogar futebol que convenceu até mesmo torcedores rivais. 

O Flamengo ganhou a Libertadores de 2022, mas quem fala? E com uma campanha até melhor. Ganhamos Supercopa, Recopa, Carioca, Guanabara, Libertadores, Brasileiro, e jogando bem, o que é difícil. Manter um padrão no Flamengo, que é um clube gigante. Hoje, temos noção do que representa e que ficamos marcados não só pelos títulos, que é gostoso em clube grande, mas pelo que a gente jogava, se divertia em campo, pelo que desempenhamos no Flamengo, a preparação, a caminhada...

 

 

 

 

 

 


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Matheus Celani
Autor

Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.