“...E Renato desarma. Daí a Zico. Que bola para Alcindo! Alcindo avança, toca pra Jorginho, daí a Zico. O Galinho abre na esquerda, buscando Zinho, agora Bebeto. De primeira, lindo toque a Renato. O Flamengo gaaaasta a bola no Maracanã, que coisa fantástica, senhoras e senhores!”
A Taça Guanabara chega à reta final, faltando três rodadas. Flamengo e Botafogo dividem a liderança, com o Vasco correndo por fora. Apenas essas três equipes ainda buscam o título.
Fla-Flu.
Zico é a novidade. Já treina com desenvoltura e não sente mais as dores musculares que o tiraram das últimas cinco rodadas. No entanto, a imprensa demonstra reunir dúvidas sobre a efetividade da entrada do Galinho. O Flamengo de Telê Santana, após um início claudicante (empate medíocre na Gávea por 0-0 contra o modesto Porto Alegre, 1-1 suado contra o Botafogo, 0-0 em Campos com o Americano e vitórias pouco convincentes sobre América, Bangu e Volta Redonda), parece estar encontrando uma forma de jogar. Justo agora, que o time fez dois bons jogos (4-0 Cabofriense e 3-0 Olaria), a entrada de Zico poderá, na visão de alguns cronistas, “travar” e “tirar o dinamismo” de uma equipe leve e técnica, que joga em velocidade. Pior, o Flamengo defensivamente “jogará com dez”, pois o Galinho, como não reúne condições físicas ideais, não ajuda na marcação.
Esse é o pensamento de boa parte da crônica.
Do outro lado, nas Laranjeiras, o cenário é tenso. Convivendo com salários atrasados, o elenco não disfarça sua insatisfação. Alguns jogadores começam a dar entrevistas insinuando que uma “ajuda” do Botafogo de Emil Pinheiro seria bem vinda (“Em tempos de carne escassa, um churrasquinho não cairia mal”). O capitão Edinho rechaça a ideia, acendendo um velado atrito no plantel. Para piorar, num dos coletivos da semana o ponta Marcelo Henrique, jóia da base, dá dois dribles desmoralizantes no titular Eduardo. Conhecido por seu temperamento difícil, no lance seguinte Eduardo acerta uma voadora no garoto, que se contorce em dores, com suspeita de trinca nas costelas. Marcelo Henrique é dúvida, mas acabará relacionado para o clássico, entre os reservas. Uma arma importante do time vai pro jogo no sacrifício.
Mesmo com os problemas, o Fluminense tenta mostrar confiança. Com a confirmação da escalação de Zico, o volante Jandir provoca: “É bom que ele esteja em plenas condições, senão será melhor que fique em casa.”
Ricardo Pinto, Carlos André, Torres, Edinho e Eduardo; Jandir, Donizete, Marcelo Gomes e Marquinho; Cacau e Hélio. Essa é a formação que o Fluminense mandará a campo. Apesar de não reunir chances de título, o tricolor pretende vencer, por conta da rivalidade e da possibilidade de juntar pontos na soma geral do campeonato, tentando alguma vantagem nas finais, caso vença a Taça Rio. Não é bom subestimar. Apesar de modesto, o time é aplicado e já venceu o Vasco, com boa atuação.
Zé Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo; Ailton, Zico, Zinho e Renato; Alcindo e Bebeto. É a primeira vez que o Flamengo manda a campo essa formação. A imprensa novamente crava, “é um time muito aberto. Ninguém marca. Flamengo terá sérias dificuldades e poderá sair de campo com uma derrota até contundente.”
No entanto, ninguém, absolutamente ninguém, nem os mais otimistas, é capaz de imaginar o que está por vir.
A atmosfera no Maracanã é perfeita, apesar do estranho horário de 18 horas. Nem mesmo a transmissão em TV aberta para o Rio é capaz de afugentar o público, que crava 40 mil nas arquibancadas. Fogos de artifício, sinalizadores, fumaça, cantos de louvor ou provocação, tudo contribui para o clima de clássico. As presenças de Zico e Edinho acendem um certo halo de nostalgia, remetendo a um tempo onde se praticava um futebol bonito, artístico, suave, algo praticamente extinto nestes rudes tempos, onde o preparo físico e a aplicação tática pautam a formação das equipes.
Trila o apito.
“Bebeto... volta com Leonardo...daí a Zinho...mais atrás a Aldair...agora Jorginho...de primeira! MAS QUE COISA! O OLÉ NÃO PARA!”
O tresloucado desabafo do narrador, notório tricolor, se dá na parte final da segunda etapa. A essa altura, o Flamengo já vence por 3-0. No entanto, mais do que o placar dilatado, a exibição rubro-negra assombra e desconcerta. O Maracanã assiste a uma atuação que conjuga técnica refinada, aplicação tática e uma velocidade alucinante. O Flamengo passa um fenemê por cima do rival que, entregue, exangue e absolutamente sem capacidade de reação, aceita, agora, um olé que se estende por QUATRO minutos cronometrados. Bola de pé em pé, quase tudo de primeira, com um sincronismo de relojoaria, tintas do mais puro êxtase.
A entrada de Zico, ao contrário do “anunciado”, AUMENTA a mobilidade da equipe. O Galinho vai jogar como uma espécie de “regista”, posicionado como um “segundo volante”, fazendo a saída de bola, atuando de uma intermediária a outra, sem participar das jogadas de choque, tendo o campo livre, à sua frente, para pensar. No lado esquerdo, Leonardo, Zinho e Renato Carioca (enfim atuando perto da área adversária, como um camisa 10, posição em que se destacou pelo América). Na direita, Alcindo, Jorginho e Ailton (este como primeiro volante, mas com liberdade para se mexer na lateral). Na frente, Bebeto, que se movimenta por todo o ataque, abrindo espaço para as infiltrações de Zinho, Renato ou Alcindo, que se revezam com o Baianinho no comando. Quando o time perde a bola, Zinho volta por dentro e Alcindo recompõe no meio, junto com Renato. Como não bastasse, Aldair, zagueiro muito técnico, também tem liberdade para apoiar, como elemento surpresa. É um time que imprime uma sufocante marcação em bloco, em todas as partes do campo. Capaz de atacar com linhas altas, os dez de linha no campo contrário, ou de esperar o adversário em seu território, igualmente compacto e, na retomada de bola, acionar, através de precisos lançamentos de Zico, os imparáveis Alcindo, Bebeto e Zinho. O jornalista João Saldanha, após o massacre, bem define: “Diziam que o meio-campo do Flamengo 'não marca', porque ninguém ali é brucutu. O meio do Flamengo cercava e imprensava com todo mundo, até tomar a bola. Compacto. Fechado. O adversário, cheio de cabeças de bagre que só corriam atrás da bola. Flamengo jogou futebol atual, moderno. Abram o olho. Vejam o que o Flamengo fez em campo. Atualizem-se.”
O Flamengo ainda marca mais um gol, fechando a contagem em 4-0. Flamengo 4, Fluminense 0. Gols de Zé Carlos II (de cabeça, num preciso cruzamento de Zico), Alcindo (bonito sem pulo), Aldair (bela jogada individual) e Bebeto (escorando cruzamento rasteiro). É uma exibição de gala, uma partida “quase perfeita”, nas palavras de Telê.
Chama a atenção a participação de Zico. Seus números são eloquentes: 36 passes (sendo 34 verticais para a frente, todos certos), uma assistência e cinco chutes a gol (dois com perigo). Quatro dribles e três desarmes. Com o jogo ainda 0-0, o Galinho vai cobrar uma falta na ponta esquerda. A torcida fluminense, talvez sem memória, grita “Bichado, bichado”. Não dá outra. Na cobrança, bola na cabeça de Zé Carlos II, gol. No fim do jogo, a massa flamenga se diverte e canta “bichado, bichado”, antes de exaltar Zico como seu Rei. “Bichado, eu? Ué, a torcida deles saiu de campo antes de mim”, responde Zico, às risadas.
Penúltima rodada. Agora o Flamengo irá receber, na Gávea, o pequeno Nova Cidade, enquanto o destroçado Fluminense (Edinho, no vestiário após o Fla-Flu, deu um soco em um diretor e foi afastado do elenco. Os 0-4 para o Flamengo significaram a última partida do legendário capitão tricolor por sua equipe do coração) tentará juntar os cacos antes do clássico contra o Botafogo. Indiferente à crise do rival, Zico alerta: “é nesse jogo contra o Nova Cidade que teremos que provar que somos grandes.”
Com efeito. O Nova Cidade, de Nilópolis (manda seus jogos em Mesquita) é uma equipe modesta, mas perigosa. Em sétimo lugar, vem surpreendendo como o melhor dos pequenos, capaz de arrancar pontos de Fluminense e Vasco (ambos 1-1). Vem de vitória sobre o América (2-1) e está em ascensão, confiante, como mostra seu treinador. “Vamos fechar uma retranca selvagem na Gávea. Eles ficarão descontrolados e poderemos até vencê-los. Por que não”?
“QUEBRA, QUEBRA!!! Porrada neles!”
Aos gritos, o goleiro Maurílio, do Nova Cidade, tenta exortar seus zagueiros a acabar com aquele tormento. Leva um sonoro esporro, dedos em riste, de um irritado Zico. “Foi desespero, bicho... de-ses-pe-ro!!!”, tentaria explicar, aos soluços, lágrimas incontroláveis, um desolado e envergonhado Maurílio aos jornalistas após o jogo.
Zico na intermediária, bola longa para Alcindo, Zinho ou Bebeto. Daí a arrancada para um arremate, um cruzamento ou uma tabela com os laterais vindos de trás. Esse enredo se repete ao longo de noventa minutos, com impressionante regularidade e eficácia. O Nova Cidade ainda resiste por 25 minutos, por “méritos” dos afoitos Alcindo e Bebeto, capazes de desperdiçar sistematicamente as chances que aparecem. Mas após o primeiro gol, o time vermelho derrete e simplesmente não consegue acompanhar a imarcável movimentação do ataque flamengo.
“Foi uma excelente apresentação de todo o time e o resultado de... ahn, de... desculpe, quanto foi o jogo mesmo?”, pergunta o goleiro Zé Carlos, constrangido, ao radialista que o entrevista. 8-1. OITO A UM. E, na avaliação da crônica, o resultado é excepcional. Para o Nova Cidade. Não fosse a ansiedade dos atacantes, especialmente de Bebeto (que, apesar dos quatro gols marcados, perdeu inúmeras oportunidades sozinho diante do goleiro, inclusive um pênalti), o placar facilmente superaria os dois dígitos. O Flamengo repete a atuação exuberante de uma semana antes e, encantada, a torcida retribui: “ê, ê, ê, ê, sem o Telê a Seleção vai se f...”, em alusão ao mau momento vivido pela Seleção de Lazaroni.
Mais tarde, o Flamengo vê um Fluminense mordido e aguerrido travar um 0-0 com o Botafogo, no Maracanã. O rubro-negro agora é o líder isolado da Taça Guanabara. Com uma vitória simples sobre o Vasco, conquistará o título.
Não será fácil. Os jornalistas vaticinam, “agora o Flamengo terá um adversário de verdade. Nada de um time desunido ou um pequeno deslumbrado. O adversário é o Vasco.”
De certa forma, não deixa de haver lógica. O Vasco vem em ascensão, após um mau início. Duas vitórias por 3-0 sobre Bangu e América devolveram a confiança e a disposição aos de São Januário. O Vasco ocupa a terceira colocação e ainda reúne chances remotas de título. De qualquer forma, a vitória é importante, pois fará o time encostar no rival (embolando a briga pela melhor campanha, fator relevante na hora da decisão do Estadual) e, principalmente, decretando a “sena”. O time vem de uma sequência de cinco vitórias sobre o rubro-negro, fator que tem sido fartamente explorado por seus dirigentes. O treinador Sérgio Cosme avisa, “faremos marcação especial sobre Zico, é ele quem faz o Flamengo andar”. Os zagueiros do Vasco tentam intimidar Bebeto, “vamos entrar duro, muito duro. Ele não vai nem dominar a bola.”. Para aumentar a motivação, a direção do Vasco avisa que pagará “bicho dobrado” por vitória. O cenário converge para um jogo verdadeiramente sensacional.
No entanto, Cosme parece preocupado. Assiste QUATRO vezes a um VT mostrando a forma do Flamengo jogar. Segue confuso. “A movimentação deles é muito complexa, teremos que estar muito concentrados”. Ao menos, seu time estará completo, sem qualquer problema para a escalação. Acácio, Paulo Roberto, Célio Silva, Leonardo e Mazinho; Zé do Carmo, Geovani, Bismarck e Roberto; Vivinho e Sonny Anderson.
“Sempre sofri marcação especial na minha carreira. Mas agora, com 36 anos? Então não estou tão acabado assim, ao que parece”, ironiza Zico, referindo-se aos seus cada vez mais numerosos detratores, cronistas que, apressadamente, tentaram decretar o fim da carreira do craque. De qualquer forma, o Galinho treina, durante a semana, uma variante interessante, onde cairá mais para a ponta-direita, alternando-se com Zinho, que cobrirá o espaço no meio do campo. A ideia é confundir ainda mais a marcação do adversário. “Sena? Eu conheço é o Senna, aliás domingo tem corrida e ele vai ganhar. Ele ganha de manhã e a gente à tarde”, segue Zico, injetando confiança no time, especialmente nos mais jovens.
No sábado, o Botafogo vence o Bangu (2-0) e assume provisoriamente a ponta, eliminando matematicamente o Vasco. O Flamengo precisa da vitória para sair de campo como campeão. Um empate provocará um jogo-extra com o alvinegro. Derrota manda a taça a Marechal Hermes.
Maracanã enfeitado, cerca de 70 mil vozes digladiando-se. Do lado esquerdo, a esmagadora maioria em preto e vermelho, pronta para gritar “é campeão”. À direita, bandeiras ostentando ao centro uma solitária estrela ou a cruz de malta, camisas mescoladas, listradas ou com a faixa diagonal. É uma fusão de torcidas. O Flamengo irá enfrentar um arco-íris em preto e branco.
“SAI, SAI! MEXE! ESTAMOS ACUADOS!”
Lívido, suando frio, o treinador Sérgio Cosme tenta, em vão, tirar seu time das cordas. O Vasco passa mais de dois terços da primeira etapa confinado à sua intermediária. O Flamengo, surpreendendo a todos, começa a partida com uma marcação extremamente agressiva, linhas altas, e acua, estrangula, sufoca o rival. Sete, oito rubro-negros transitam pelos arredores da área vascaína. O domínio flamengo é tão verborrágico que, nos primeiros 45 minutos, o Vasco não acerta um mísero chute a gol. No entanto, o natural, o inevitável, o inexorável gol do Flamengo somente irá acontecer aos 42, quando Bebeto, num lance de raro oportunismo, aproveita um rebote de um escanteio e abre o placar.
Na segunda etapa, o Flamengo entra com a mesma mentalidade arrasadora, mas recua um pouco as linhas, traiçoeiro. O Vasco avança, troca passes na intermediária. A defesa rubro-negra pressiona, aperta, toma a bola. Zico é procurado, está na ponta-direita. Recebe pelo alto, gira o corpo e acerta de sem-pulo um passe espetacular a Alcindo, que arranca e cruza na cabeça de Bebeto. 2-0.
Segue-se um massacre. Bebeto sofre pênalti claro, ignorado. Aldair, emulando o Fla-Flu, arranca, dribla vários, mas se atrapalha na hora do chute. Em outro lance, Bebeto desperdiça na cara de Acácio. O Vasco parece em dia com suas obrigações religiosas. Vai escapando, por milagre, de sofrer uma goleada histórica.
Até que o Flamengo relaxa. Inebriados com os gritos de “olé” e com a inusitada facilidade, os jogadores relaxam e passam a trocar passes de efeito, dispersivos. Num desses lances, Jorginho erra a saída de bola, e na sequência há uma falta pro Vasco, na entrada da área. Na cobrança, a bola vai a Ernane (que entrara no lugar de Sonny Anderson), que escora para Bismarck diminuir. O Vasco (e por tabela o Botafogo) volta ao jogo. Ensaia-se um drama. Enlouquecido, Zico grita e xinga tanto que alguns jogadores sairão de campo aos prantos. “Depois pedi desculpas. Sei que fui duro. Mas valia taça pô, não podia ficar ali dando toquinho.”
O esporro de Zico parece dar resultado. Os gritos da torcida vascaína também ferem os brios do Flamengo, e, como que aceso um interruptor, o time volta a exercer um ritmo devastador. Zico começa a jogada. Agora a bola está com Zinho, deslocado pela direita, daí de volta a Zico, que rola para Bebeto. O baianinho percebe a chegada de Renato Carioca e apenas deixa a bola passar. Renato ajeita e dá um tapa, de leve, com “nojinho”, fazendo a bola morrer suavemente no canto. Flamengo 3, Vasco 1. Acabou.
No tempo que resta, o Vasco, prudente, tranca-se na defesa, defendendo o que resta de sua dignidade. Sentindo a fatura liquidada, o Flamengo mantém o controle da bola e, dessa vez com seriedade, dedica-se a trocar passes esperando o relógio correr.
“Ô, ô, ô, a sena acumulô...”, vão embora vascaínos, botafoguenses e o raio que os parta, ao som infernal de bocas e peitos flamengos. Trila o apito. O Flamengo é o Campeão da Taça Guanabara.
As mais diversas circunstâncias impedirão que aquele onze mágico prospere. Fatores internos e externos solaparão com uma temporada que se anunciava tão promissora, mostrando que, muitas vezes, o maior adversário do Flamengo é o próprio Flamengo. Mesmo assim, felizes, muito felizes, são aqueles que viveram a experiência de presenciar o mais deslumbrante futebol de um time flamengo desde o mágico início dos Anos 80. Um futebol lírico, romântico, sofisticado, mas ao mesmo tempo pulsante, cortante, feérico, passional. Um time capaz de marcar, em três jogos, sendo dois clássicos, um total de 15 gols. Uma equipe indelével, inesquecível, posto que (ou talvez por isso) fugaz. Que fez o torcedor flamengo escancarar-se no mais feliz dos sorrisos. O sorriso da alma. Sim, foi para nunca mais esquecer. Para guardar com o mais terno dos carinhos.
Quinze dias. Quinze dias do mais bonito dos sonhos.
(PS – Ayrton Senna venceu o GP de San Marino, em Imola-ITA, realizado em 23 de abril de 1989, no dia da Final da Taça GB. Zico acertou a previsão)
Adriano Melo escreve seus Alfarrábios todas as quartas-feiras aqui no MRN e também no Buteco do Flamengo.
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