'Que Deus perdoe essas pessoas ruins': frase de Adriano ainda ecoa entre rubro-negros

13/11/2023, 15:47
Atualizado: 13/11/2023
Adriano mostrando camisa com a frase "Que Deus perdoe essas pessoas ruins" em jogo do Flamengo contra o Vasco.

Que Adriano Imperador sempre foi polêmico não é novidade, mas a frase “Que Deus perdoe essas pessoas ruins” virou uma marca do jogador. A icônica camisa que levava o bordão estava por baixo do Manto Sagrado e completa 14 anos em abril de 2024.

A comemoração virou um marco midiático na carreira do atacante do Flamengo e entrou para a cultura pop brasileira. Há até mesmo versões alternativas, como “Que Deus abençoe essas pessoas ruins”.

Com a arrancada pelo título do Brasileirão, comparações entre Adriano Imperador e Petkovic com Pedro e Arrascaeta tomaram os círculos virtuais de flamenguistas. Diferentemente dos citados, Adriano é cria do Flamengo. Saiu da Vila Cruzeiro para ganhar o mundo. Recebeu o apelido carinhoso dos torcedores da Inter de Milão. “Imperador” em homenagem ao italiano de mesmo nome que governou Roma.

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Adriano foi bastante questionado sobre sua volta ao Brasil, já que vivia boa fase jogando na Inter de Milão. Mas a morte de pai abalou o atacante, que se viu sem cabeça para ficar longe de suas raízes. Mesmo alguns anos após retornar, seguiram as polêmicas, ainda que tivesse sido protagonista no título brasileiro de 2009. Então, o “Didico” desabafou com a camisa.

O que Adriano quis dizer com a frase “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”?

No dia 12 de abril de 2010, o Flamengo enfrentou o Vasco pelo Campeonato Carioca. Adriano estava voltando ao time de Andrade após polêmicas com Joana Machado. A imprensa não viu com bons olhos a séria briga com a esposa que, de acordo com o atacante, criava crises na Gávea.

Então, após deslocar o goleiro vascaíno em cobrança de pênalti, Adriano marcou o gol da vitória do Flamengo, que bateu o rival por 1 a 0. Em seguida, tirou o Manto Sagrado e mostrou a camisa com a frase “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”. Andrade defendeu o Imperador na coletiva após a partida:

“Eu prefiro ter um jogador polêmico que faça 19 gols dentro do Brasileiro do que ter um ‘santo’, um bonzinho, que venha fazer cinco gols dentro do campeonato. Eu prefiro trabalhar com o Adriano, mesmo com os problemas que ele atravessa. Sei que, se depender dele, ele vai desequilibrar. Prefiro trabalhar com as polêmicas, porque ele é um jogador que decide”, disparou Andrade.

Qual era o contexto da frase em 2010?

Na época, Adriano era casado com Joana Machado, personal trainer. O relacionamento dos dois era repleto de problemas, principalmente após a volta dele ao Brasil. Dias antes da partida contra o Vasco, Joana flagrou o atacante em um baile funk junto a outros jogadores do Flamengo, que deu o que falar na mídia.

Adriano foi para o baile, na Favela da Chatuba, após um treino, no dia 4 de março de 2010. Pouco depois, Joana chegou ao local para tirar satisfações com o atacante. A personal atirou pedras nos carros dos jogadores que estavam junto com Didico e enfrentou traficantes que pediam para que ela se afastasse. Por fim, a esposa do jogador teria sido amarrada em uma árvore a pedido do próprio.

Como o caso não foi bem visto tanto pela mídia como por Dunga, treinador da Seleção Brasileira na época, Adriano utilizou a camisa “Que Deus perdoe essas pessoas ruins” para desabafar sobre seu momento além das quatro linhas. O jogador rompeu com Joana em abril daquele ano, após nova polêmica.

Adriano é um cara religioso?

Adriano nunca se notabilizou como um jogador abertamente religioso. Aliás, há jogadores que a religião, geralmente cristã, sobressai até ao futebol jogado. Ainda assim, em 2017, o Imperador reforçou a sua fé em um vídeo no seu Instagram. O craque acusava de terem feito uma “macumba” contra ele. Confira:

“Sei que tem alguém fazendo macumba para mim, mas não vai pegar. Deus é maior. É melhor tomar conta da sua vida, sei que é mulher, mas não tenho raiva, tenho pena. Deus está no controle. Minha família está rezando por mim todos os dias. Respeito a religião de todo mundo, mas respeitem também a vida dos outros”, desabafou Adriano Imperador.

Pouco depois de postar o vídeo, o ex-Flamengo deletou a publicação de seu Instagram. Algumas páginas de humor chegaram a vincular o relato de Adriano com a frase “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”.

Atletas de Cristo: uma corrente de atletas religiosos

No Brasil, há um movimento de atletas cristãos, chamado “Atletas de Cristo”. O movimento é sem fins lucrativos e existe desde 1984, subsistindo com doações de voluntários e atletas participantes.

Conforme o site do “Atletas de Cristo”, o intuito do movimento é de evangelizar a fé cristã através de distintas modalidades esportivas. Além disso, a iniciativa faz questão de afirmar que não é um sindicato, religião, seita ou algo do tipo.

O fundador do grupo foi João Leite, goleiro do Atlético-MG, junto ao atacante Baltazar, que foi campeão brasileiro defendendo Grêmio e Flamengo. Seu apelido era “O Artilheiro de Deus”. Dentre outros nomes notáveis, foram membros do movimento Taffarel, Zinho, Muller, Bebeto, Jorginho e Lúcio.

Jogadores e ex-jogadores que se notabilizaram pela religiosidade

Diversos jogadores e ex-jogadores de futebol se destacaram pela fé em suas crenças. Atualmente, Pedro, atacante do Flamengo, é cristão fervoroso e por muitas vezes comemorou gols com significados religiosos. Tanto ele como Gabriel Pec, do Vasco, comemoraram em libras, expondo frases como “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Ambos frequentam a mesma igreja.

No Brasil, Ricardo Oliveira ficou conhecido pela sua fé cristã. O atacante ex-Santos foi apelidado entre jogadores e fãs do esporte como “Pastor”, por sua religiosidade. Destaque do São Paulo e Bola de Ouro, Kaká também é famoso pela religião, quase tanto pelo futebol jogado.

Por fim, outro atleta que tem se notabilizado pela religião é Paulinho. O jovem atacante do Atlético-MG, porém, é seguidor do Candomblé. O jogador é filho de Oxóssi, orixá caçador e dedica seus feitos às divindades da religião. Convocado por Diniz, comentou em suas redes sociais: “Toda honra e glória seja dada a Exú”.

Desde a convocação para a Seleção Olímpica, em 2021, o atleta já se manifestava sobre a religião. Em entrevista ao GE, falou que nunca sofreu intolerância religiosa, mas que via comentários preconceituosos em posts no seu Instagram.

Mesmo sem a notoriedade pela religião, Adriano seguirá eternizado tanto pelos gols, como pela frase “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”. Réplicas da camisa também estão à venda na internet, com diversos fãs, incluindo não-flamenguistas, estampando o icônico lema do ídolo rubro-negro.


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Leonardo de Deus
Autor
Sou de Teófilo Otoni-MG, mas moro e estudo jornalismo em Belo Horizonte, na PUC Minas. Apaixonado pelo Flamengo, videogames, Samba, MPB e sou ex-tenista.