Quarta-feira de definições na política do Flamengo
Diogo Almeida | Twiter @DidaZico
O RACHA
Com a saída de Bap, então VP de Marketing e um dos maiores articuladores e líderes da então chamada Chapa Azul, concretizou-se o que, até então eram apenas sussurros nos corredores da Gávea: de que havia um descontentamento crescente entre os dirigentes da Gestão Eduardo Bandeira de Mello.
Ao se colocar fora dos meandros políticos ainda em fevereiro deste ano, Bap inflou o discurso de racha quando concedia entrevistas nos grandes veículos, assim como nas mídias rubro-negras. Estas últimas, sabidamente, importantes instrumentos da cobertura política flamenguista. O tiro de partida para a corrida eleitoral foi dado antes que todos imaginassem, ainda em fevereiro deste ano.
LEIA A ENTREVISTA CONCEDIDA POR LUIZ EDUARDO BAPTISTA AO BLOG PEDRADA RUBRO NEGRA
Todo rubro-negro que gosta de acompanhar os bastidores da política do nosso clube sabe que Wallim era o candidato a Presidente primordial da Chapa Azul. Era o cabeça da chapa, antes da decisão contrária do Conselho Deliberativo à sua candidatura - que entendeu ser contra estatutária (não vamos entrar na questão do quão certo ou errado foi o veredicto).
Com a escolha de Eduardo Bandeira de Mello não houve problema com o estatuto do clube, e o candidato "reserva" foi bem nos debates. Sempre polido, conhecedor há tempos da política rubro-negra, foi caindo nas graças dos sócios, até ser eleito Presidente. Wallim foi realocado como VP de Futebol, posto mais importante de um clube onde se precisa vencer sempre, e bem.
À medida que EBM se destacava com seu temperamento dócil e sempre educado, Wallim derrapava no futebol. Com declarações sempre um tom acima do que viria a acontecer de fato, ficou muito conhecido pelo episódio Elias. Na ocasião, o clube era metralhado por conta dos preços dos ingressos. Até o PROCON foi acionado para investigar a precificação dos tíquetes rubro-negros. A renda da partida final da Copa do Brasil foi anunciada por Wallim como fundamental para a compra de Elias ao Sporting. Porém, o que ocorreu foi que as negociações para a compra definitiva do volante se arrastavam e nem mesmo uma viagem para Lisboa foi feita pelo VP de Futebol. O time jogou a Libertadores da América sem o seu principal jogador, uma campanha desastrosa.
LEIA A ENTREVISTA CONCEDIDA POR WALLIM VASCONCELLOS AO BLOG PEDRADA RUBRO NEGRA
Elias foi para o Corinthians e a popularidade de Vasconcellos só decrescia entre a torcida. O Brasileiro de 2014 começou com muita pressão sobre o dirigente, que se viu enrolado com a Imprensa e mais desgastado ainda com a Nação por conta da esdrúxula demissão de Jayme de Almeida; e a contratação do péssimo Ney Franco. Com o time na zona de rebaixamento, o barril de pólvora estourou e o aspirante a Presidente do Flamengo virou VP de Patrimônio. No CoDi, apesar de não estar tão fortalecido, continuou com voz ativa.
Quando Bap saiu, deixou claro que Wallim era seu aliado. A corrente de união entre os VPs estava se rompendo.
EBM
Eduardo Bandeira de Mello, seguia unânime. Sereno, o presidente do outrora clube mais endividado do Brasil era cada vez mais festejado pela postura correta frente aos problemas morais do futebol brasileiro. O quintal estava menos sujo. As promessas de campanha em boa parte seguravam as críticas ao desempenho do futebol, que apesar de ter ganho a Copa do Brasil em 2013 - um triunfo inesperado - nunca deixou de ser fonte de críticas com relação ao pífio rendimento. Fora de campo, o Flamengo definitivamente era outro. Salários de funcionários e atletas não atrasavam mais, os pagamentos de dívidas viraram prioridade, houve a reestruturação dos esportes olímpicos, obtenção das CNDs, aumento depatrocínios e prêmios de transparência administrativa, entre outras coisas que há meses atrás parecia conto de fadas. Bandeira sabia que bater na tecla da responsabilidade administrativa era o mantra correto. Até lei de responsabilidade administrativa foi aprovada.
O clube, tirando o futebol, repetindo, estava renascendo das cinzas. Depois de uma fase de desmandos que durou décadas, finalmente a torcida assistia o clube sendo exemplar. E até aquela recorrente chacota dos adversários foi dando lugar a elogios reprimidos. Parecia que tudo ia bem ate que EBM centralizou algumas decisões.
O Conselho Diretor (um empreendimento inédito como instrumento de força política dentro do clube: a ideia era que todas as decisões fossem colegiadas, assim, o clube seria regido por uma espécie de parlamentarismo, com as execuções da macro administração debatidas e as responsabilidades divididas) não foi ouvido por Bandeira de Mello em um episódio chave da história recente da gestão atual: os xingamentos ao maior mandatário do Clube de Regatas do Flamengo no Arbitral da FFERJ.
O CoDi tinha se reunido e decidido que o Fla não enviaria seu Presidente. Alertado pelos VPs que temiam que o nome do Flamengo pudesse vir a ser manchado com uma visita ao covil de lobos, Bandeira tomou a decisão unilateral de ir à Federação. Realmente foi um passo em falso. Bandeira foi ingênuo em acreditar que poderia conversar com os canalhas patrocinados por Eurico Miranda. E desrespeitou uma decisão colegiada.
Outro episódio, este a gota d'água para a saída de Bap, foi o apoio de Bandeira ao então VP de Futebol, Alexandre Wrobel (que tinha entrado no lugar de Wallim e antes VP de Patrimônio desde o início de mandato de Patrícia Amorim). Em outro episódio envolvendo a precificação de ingressos, Wrobel se posicionou contra os valores estipulados pelo Marketing do Fla, e aprovados no CoDi. Bandeira apoiou o VP de Futebol na ocasião. O racha crescia.
CONSELHO DIRETOR, QUARTA-FEIRA DE DEFINIÇÕES E WALLIM CANDIDATO
O Conselho Diretor é formado basicamente pelos VPs e Executivos de pastas. Uns sempre foram mais ligado ao Bap, outros foram se identificando mais com Bandeira de Mello à medida que a gestão avançava.
Nesta quarta (dia 22/07) haverá uma reunião e, provavelmente, os VPs ligados ao presidente da Sky irão entregar seus cargos. Uma composição de chapa, tendo novamente Wallim Vasconcellos - agora sem problemas estatutários - poderá ser o destino de alguns desses Vice-Presidentes, alguns que contribuíram significativamente para a melhora da saúde financeira e administrativa do Mais Querido.
LEIA: WALLIM VASCONCELLOS SERÁ CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DO CLUBE
Resta saber quem é quem nesse jogo político que poucos imaginariam ocorrer. A Chapa Azul não existe mais. Se dividiu. Um fator que pode ser posto como produtivo nessa colcha de retalhos política é a criação de uma ala de oposição com mais qualidade.
Em uma análise positiva, em 2016 começando com qualquer um dos presidentes, e aqui é bom que se diga: Eduardo adota a cautela de uma grande enxadrista para anunciar
uma composição de reeleição. Fica claro que ele quer saber primeiro quem não está do lado dele, de forma oficial.
EBM também tem o trunfo de ter dois grupos políticos com fortes tendências a apoiá-lo, o SóFla e o FAT. Estes dois, inclusive, emitiram nota oficial que anunciam uma união nas eleições. Wallim tem o apoio de Bap e os VPs que se afastarão para trabalhar na campanha desta que tem tudo pra ser a Chapa de oposição à EBM mais forte. Apoios políticos estão sendo costurados, e os votos de sócios ligados a outros caciques políticos serão bem-vindos tanto para Wallim quanto para EBM.
Temos informações de que amanhã está marcada uma reunião onde alguns VPs entregarão seus cargos e uma outra reunião que discutirá, de forma mais sistemática, a composição da Chapa que tem tudo mesmo para ser comandada por Wallim Vasconcellos.
CLIMA DE ELEIÇÃO NO FLAMENGO: VP DO FLA-GÁVEA DESMENTE BAP
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