Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!
Do ponto de vista do torcedor que não vai ao estádio, mora longe, trabalha na casa do c* e demora horas num trem pra chegar no subúrbio, o horário das 22H está perfeito.
O operário já chegou em casa, o universitário já cabulou a aula, o bebê dormiu, o cachorro parou de latir, a patroa foi ler revista de fofoca. Depois do banho tomado, depois do jantar, depois de um dia dos diabos, o cidadão rubro-negro no sofá descansa. Escolhe seu amendoim, arranja uns goles. Finalmente os fantasmas se dissipam, apenas o Flamengo existe.
Que o torcedor que vai ao estádio entenda: já é um privilegiado, espartano, vivendo in loco o novo capítulo. Seu sacrifício é por milhões: 40 mil num estádio, mil vezes mais fora dele, todos de orelha num rádio, numa tevê, com a paz necessária para que possamos torcer juntos.
Que se brigue por melhorar o sistema de transporte, a segurança e que os estádios lotem sempre. Mas todo jogo do Flamengo é um Super Bowl, é um Especial de Fim de Ano. É um show de Sinatra. Não pode passar na hora do rush, na hora da janta.
E, quando um jogo resolve ser ruim, com pereba e bola murcha, o pobre do trabalhador flamenguista pode até dormir mais cedo - o país precisa dele descansado.
Na reflexão sobre o horário ideal para o torcedor torcer, todos eles, em sua concentração máxima, que sejam consideradas as vicissitudes de 99,9% dos torcedores. Dizia o Capitão Spock, sabiamente, "as necessidades de muitos sobrepõem-se às necessidades de poucos... Ou a de um só".
Orra, é Mengo!
Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.