Primeiro é preciso deixar claro que não se pode minimizar o tamanho do resultado deste domingo. Um 3×1 no jogo de ida de uma decisão de Copa do Brasil é um grande resultado, é uma vantagem importante, é um grande passo rumo a única oportunidade de salvar mais um ano que a diretoria rubro-negra tentou jogar no lixo.
Obviamente nada está resolvido, obviamente é preciso muito respeito, obviamente durante essa semana serão emitidas inúmeras cartas de repúdio e em certas partes de Belo Horizonte imagens de jogadores do Atlético-MG tropeçando na entrada do túnel serão repetidas aos gritos de “pênalti” com alegações de que o foram prejudicados por não serem “um time do eixo”, como se não estivéssemos enfrentando uma equipe milionária e sim o time sub-7 de uma pequena escola estadual da zona rural de Cedro do Abaeté-MG.
Mas também não é possível negar a sensação de que o resultado, que já foi bom, poderia ter sido ainda melhor. Em partes porque o gol sofrido na falha de Léo Ortiz, que vinha sendo um dos melhores em campo, é um desses vacilo tão absurdos – ainda mais vindo de quem foi – que chega a ser até complicado lidar com a sua realidade. O Flamengo tinha o 3×0 no placar, o adversário estava nas cordas e nosso melhor zagueiro teve basicamente seu pé mordido pela bola.
Em partes também porque algumas coisas que faltaram no Flamengo de hoje eram absolutamente óbvias. Veja o caso, por exemplo, de Gonçalo Plata, esse estudante do primeiro ano de contabilidade da Escola Politécnica de Quito que obviamente foi obrigado por Marcos Braz a se passar por jogador de futebol. Por mais que você possa tentar dar algum crédito a ele pelo toque – absolutamente involuntário – no segundo gol, o que justifica sua permanência no segundo tempo, após ele errar, não de maneira burra ou proposital, mas uma terceira opção, ainda mais selvagem, tudo que ele tentou na partida?
Mas apesar disso o Flamengo venceu, e não só venceu, como foi absolutamente superior. Graças à saída de bola qualificada da defesa, graças a mais um grande jogo de Gérson, graças a uma excelente atuação dos laterais e do menino Evertton Araújo. Arrascaeta foi decisivo, Alcaraz deu assistência e Gabigol, deixando duas vezes sua marca, mandou pra fila do pedido de desculpa toda essa meninadinha ingrata que passava o dia em rede social dizendo que o homem que decidiu duas Libertadores da América tinha esquecido como se faz gol.
Então, com Filipe Luís colocando o Flamengo pra jogar como pode e como sabe, demos um passo muito importante rumo a mais um título da Copa do Brasil, que não apenas é a conquista possível em 2024, como pode ser a pedra em cima da qual vamos construir um 2025 que possa ser do tamanho que realmente somos.
Porque levantar essa taça não significa apenas salvar essa temporada, mas também lembrar a identidade desse time, seja dentro ou fora de campo. Um time ativo, que pressiona, que busca o gol. Mas também um time que respeita seus ídolos, que sabe reconhecer seus craques, e que não cai em papinho de coach e nem em história de tuiteiro amargurado que nunca chutou uma bola. Um grande passo foi dado, agora só falta jogar igual pra gente completar essa bonita jornada.