“predestinado
substantivo masculino
1. que ou o que é destinado de antemão a.
2. (TEOLOGIA) que ou aquele que foi destinado por Deus à glória eterna.”
Ídolo inquestionável. Gabriel Barbosa, o Gabigol, ganhou o status de ‘príncipe’ do Flamengo, já que Zico é rei. O camisa 9 decidiu uma Libertadores para o clube e criou identificação com a Nação.
Gabigol chegou ao Flamengo em janeiro de 2019. De lá para cá, entrou em campo pelo Mais Querido 150 vezes. Nessas oportunidades, marcou 106 gols, o último, na noite da última quinta-feira (10), contra o Audax. Um golaço com direito a comemoração antirracista.
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Além disso, deu 34 passes para gol. Ou seja, totaliza 140 participações diretas em gols nessas 150 vezes em que teve a honra de vestir a camisa do Mais Querido.
Os números do ‘príncipe’ se tornam ainda mais absurdos se olharmos para os títulos. Com nove taças em 150 jogos, resulta na média de um caneco a cada 17 jogos. Sua média de gols é de 0,71 por partida.
Gabigol no Flamengo em 2019
Foram 43 gols em 59 jogos pelo Flamengo na temporada de estreia (2019). Rapidamente, as plaquinhas começaram a aparecer no estádio: “Hoje tem gol do Gabigol”. E como tinha.
A simbiose parecia automática, e o jogador parecia ter nascido para vestir vermelho e preto. Seu jeito ousado e vibrante, conquistou até os mais novos. Crianças por todo país imitando os punhos comemorativos de Gabriel Barbosa, um fenômeno.
23 de novembro de 2019. Lima foi invadida por um mar de rubro-negros, mas foi Gabriel que fez o Monumental U tremer. O River Plate vencia até os 43 minutos do segundo tempo, quando o artilheiro fez um. Fez outro, aos 48, e se consolidou na história do Maior do Mundo. Predestinado.
Os flamenguistas voltaram a gritar “é campeão” depois de 38 anos de espera. O príncipe continuou o que o rei começou. O ‘Monumental U’ estava em choque, e as lágrimas emocionadas tomaram conta do maior estádio da América do Sul.
Ali se escreveu a história do Rei da América, que venceu um Brasileirão em cima do trio elétrico no dia seguinte.
Gabigol no Flamengo em 2020
Por isso, no início de 2020, o Flamengo efetivou a compra em definitivo do artilheiro, que usou as redes sociais para exclamar: “Digo à Nação que fico”.
Gabigol é um fenômeno tão impressionante que até os adversários o respeitam. Por exemplo, em Barranquilla, como em mais uma das várias vezes que isso aconteceu, o garoto colombiano se emocionou por conseguir a camisa de Gabigol, quando o Flamengo enfrentou o Júnior na Libertadores.
Naquele ano fez 27 gols e deu 12 assistências em 43 jogos. Em meio ao Covid-19 e as dificuldades causadas pela pandemia, o ‘príncipe’ fez brilhar sua estrela mais uma vez, ajudando o Flamengo a conquistar o bicampeonato brasileiro em meio ao caos. Sempre predestinado.
Gabigol no Flamengo em 2021
Predestinado até nas horas ruins. O Flamengo pode ter conquistado apenas o Cariocão e a Supercopa no ano passado, mas a coroa do príncipe nunca caiu.
Gabigol manteve sua média de gols alta, e fez o torcedor gritar gol 34 vezes. Além disso, seus 10 passes para gol também ajudaram o Flamengo.
Mas o time não conseguiu seu objetivo principal, e perdeu a Copa Libertadores para o Palmeiras. Grandes times também têm cicatrizes. Equipes históricas também têm tropeços e derrotas amargas.
Mas Gabigol estava lá. E estava lá para empatar o jogo, que se encaminhava para a reta final. Estava lá para dar o mínimo de esperança para o torcedor, que por um segundo, viu 2019 se repetir.
Mas não se repetiu. O jogo foi para a prorrogação, e o Flamengo saiu derrotado de uma partida difícil e equilibrada. Ficam as cicatrizes. No entanto, os ídolos também têm derrotas.
E em 2022…
Com apenas três jogos na temporada, o ídolo marcou dois gols. Ou seja, Gabigol começa mantendo o que vem construindo nos últimos anos, e dá demonstrações de que não devemos ver o nível cair.
Ídolo consolidado, com uma história linda no clube. Gabigol devolveu aos torcedores a esperança e os momentos de glória. Assim como os ídolos do passado, sua glória será eterna.
Depois de bater na trave, agora cabe ao torcedor esperar e torcer para que Gabigol faça como os grandes ídolos: aprenda com os erros, não aceite a derrota e leve o grande time até a glória mais uma vez.
Apenas desfrutemos de ver uma história sendo construída e assistir o Flamengo finalmente ter um novo ídolo, e enfim, ser predestinado mais uma vez.