Preços altos podem afastar curva de crescimento do Fla no Maracanã contra Emelec; torcida vive melhor fase após reformas da Copa

15/05/2018, 15:26

Quando o alto-falante do Maracanã anunciar público e renda para Fla x Emelec, o pagante pode ser menor do que no sábado, contra o Vasco

 
A última parcial de público para Flamengo x Emelec, divulgada pelo Flamengo na manhã do último domingo, dava conta de que 35 mil ingressos haviam sido vendidos. O confronto acontecerá na noite desta quarta-feira (16) e o clima de decisão não parece ter contagiado a torcida como nos três últimos jogos da temporada no Maracanã.

Ao custo de até R$ 10,00 para sócios-torcedores, o time jogou contra América-MG para 47.175 pagantes, para o jogo contra o Internacional recorde de 55.283, e Ponte Preta, pela Copa do Brasil, para 52.497 compradores. A média assim ficou em 51.651, recorde absoluto após a reconstrução do Mário Filho para a Copa do Mundo 2014, liberado para grandes jogos ainda no ano anterior.

Punido pela Conmebol por conta dos acontecimentos da finalíssima da Copa Sul-Americana 2017, o time jogou as duas primeiras partidas da Libertadores deste ano em casa, contra River Plate e Santa Fé, com os portões fechados. A punição representou arquibancadas vazias e um grande prejuízo financeiro para o orçamento deste ano, que projeta meta de arrecadação com bilheterias de R$ 49 milhões, somando os lucros com o programa Nação Rubro-Negra.

O jogo contra os equatorianos pela quinta rodada da fase de grupos da Libertadores garante classificação antecipada para as oitavas de final da competição, lugar pouco frequentado pelo clube, que sequer conseguiu passar nas últimas três edições (2012, 2014 e 2017).

O Fla antecipou em mais de 40 dias o serviço de venda para a decisão. Sócios-torcedores dos planos mais superiores tiveram desde 6 de abril a oportunidade de garantir seu tíquete. E desde o dia 02 deste mês as vendas para os torcedores que não são associados ao “Nação” foram abertas. Um prazo bastante confortável para que todos os interessados planejem a ida ao jogão.

“Reta final da fase de grupos do torneio internacional mais importante do ano, jogo valendo classificação, o fim da punição com a volta da própria torcida e grande prazo para compra. Nenhum destes fatores parece ser mais atraente do que os ingressos baratos dos últimos jogos”, declarou um funcionário do clube, que pediu para não se identificar.

Preços dos ingressos Flamengo x Emelec. Norte esgotado.
Sócios-torcedores estão pagando valores bem acima do tíquete médio de R$ 29,00, um dos menores dos últimos anos, que fez lotar o Maraca nos últimos jogos. O ingresso para o Setor Norte, o mais popular e único até aqui com venda encerrada, era arrematado por R$ 50,00 para quem faz parte do plano Raça, mas o público em geral pagou exorbitantes R$ 180,00 (R$ 90 para quem tem direito à meia-entrada). Bom lembrar que o ST do plano Raça em um ano desembolsa R$ 480,00. Planos superiores, que basicamente diferem apenas na prioridade de compra dos outros, debitam mais de R$ 2500,00 da conta-corrente dos associados. O quadro mostra o preço nos outros setores.

Claramente a diretoria buscou um pouco de compensação para o prejuízo de jogar contra os dois outros adversários da chave sem renda alguma. Os preços no Brasileiro provavelmente levam o torcedor a entender que pode escolher os duelos no Brasileiro e Copa do Brasil. A Libertadores passa então a ser "para os ricos" e não é um grande sacrifício abandonar a competição sul-americana enquanto o time estiver bem em outras jornadas. No entanto, a Lei da Oferta e Procura logo pode dar as caras e a precificação para as competições nacionais subir.

O clássico diante do Vasco, no próximo sábado (19), tem tudo para que os arquibaldos continuem visitando o maior palco do futebol carioca. Os preços do Setor Norte vão de R$ 15,00 (sócio-torcedor) a R$ 60,00 (inteira). Os valores são praticamente os mesmos do jogo de estreia do Brasileiro; com uma pequena variação que chega no máximo a R$ 20,00 nos setores Oeste e Leste Inferior, que podem receber também torcedores vascaínos. Receita de sucesso mantida, mesmo com o rival em profunda crise, que pode influenciar a lotação do Setor Sul, exclusiva para cruzmaltinos.

Desde 2013, quando o mítico templo do futebol foi liberado após reconstrução para a Copa do Mundo do ano seguinte, o Fla vive de pequenas sequências com público tão bom quanto agora. No Brasileiro de 2015, contra Vasco, Joinville e Internacional a média chegou a ser de 40.434 pagantes. Mas o time caiu de rendimento, decepcionando demais os torcedores com os vexames em casa. O tíquete médio girou em torno de R$ 40,00.

Como na reta final do Brasileirão 2016, quando o time passou quase toda a temporada peregrinando pelo país. Nas últimas quatro rodadas com mando de campo seu,conseguiu voltar ao palco e estabeleceu uma boa média de 41.907 torcedores. Vice-líder, a torcida festejou a liberação do estádio para o confronto contra o Corinthians. O clube chegou a vender um combo para os jogos contra Botafogo, Coritiba e Santos. Desgastado, não teve fôlego para arrancar a taça de campeão do líder Palmeiras. O time decepcionou com três empates: 2 a 2 contra o Corinthians, 0 a 0 diante do Botafogo e 2 a 2 com o Coritiba, sepultando as chances do hepta. Apenas contra o Santos, na 37ª rodada, venceu. A média pagante chegou a 43.155 pessoas, com o tíquete médio de R$ 50,00 - 60% acima do atual.

É bom lembrar aqui o quanto o novo estádio encolheu. Será impossível bater sequências épicas como as de 2007 a 2009, quando a Nação estabeleceu seguidos públicos acima de 80 mil pagantes. No entanto, quando o alto-falante do Maracanã anunciar o público e a renda para Flamengo x Emelec, não será surpresa, apesar da importância da noite, se o pagante for menor do que no sábado, contra o Vasco.

Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo

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