Parece que as coisas se encaminham melhor dentro do campo do que fora para o Flamengo. Até que enfim! A gente quer um time organizado, com opções, taticamente disciplinado e competitivo. Se for competitivo já será 1000% melhor do que o sem alma, sombrio time de 2015. Fora do campo, na verdade, sem campo, parece que as coisas se complicarão um pouco para o clube, já que a vantagem de jogar em casa praticamente não existirá em 2016.
Partirei de um tweet da conta oficial do Flamengo, que mostra uma foto de Muricy Ramalho. Talvez, um pouco mais do que isso, uma prancheta. Nela um time com defesa alta, bem compacto em duas linhas por um 4-1-4-1 sem a bola em menos de 30 metros.
Muricy Ramalho de olho na atividade. Treinador exigiu bastante dos atletas nesta segunda-feira #VamosFlamengopic.twitter.com/2nPnkGTSiu
— Flamengo (@Flamengo) 8 fevereiro 2016
Para minha surpresa, e opinião logicamente, penso que o tuíte demonstra o que o treinador pretende com o elenco atual e o que dá pra fazer com ele. Muricy Ramalho vai ter que trabalhar. E muito! Vai precisar de treino intensivo para a compactação esperada por ele na prancheta, além de tentar não expor seus zagueiros no mano a mano, uma chaga antiga e cultural do futebol do Flamengo. Brasileiro, talvez. Geralmente quando as defesas se adiantam, numa tabela sem tanto esforço, o adversário chega na cara do goleiro.
Flamengo no 4-1-4-1 pic.twitter.com/2PyeEBFt6e
— Tozza (@TozzaFla) 9 fevereiro 2016
Por isso, enxergamos (eu, humildemente e o Muricy em entrevistas) a necessidade de se buscar zagueiros rápidos e de boa leitura de jogo, além de um volante que saiba sair bem para o jogo com bom passe, de trás. Ao menos de trabalho a gente não vai poder reclamar. O André Tozzini, o Tozza, comentou o treino executado na Gávea ontem e elogiou as opções do treinador, seu método de trabalho. Parece um Flamengo diferente daquele dos últimos anos.
Muricy treinando é completamente diferente de todos os técnicos que tivemos nesses ultimos 5 anos. Agora sim estamos efetivamente treinando.
— Tozza (@TozzaFla) 9 fevereiro 2016
Ontem, no Globoesporte.com saiu matéria de algo já discutido com amigos próximos, pensado por mim como alternativa na montagem do time/elenco, o recuo de Canteros para a primeira função de meio. Esse recuo me agrada demais, pode dar certo. Isso significa que teremos muitas opções de variações táticas dentro do próprio jogo, mesmo sendo montado aos poucos e de forma pouco perceptível pra nós (leigos) que nos irritamos com os resquícios de 2015. Mas observem o futuro, o time de 2016 se arruma de forma consistente. Esse primeiro meia pode variar dentro da própria partida. Willian Arão jogava assim antes de chegar ao Botafogo, Cuellar pode ser adiantado para a segunda linha, a de meio, assim como o próprio Canteros, caso seja titular. Sem contar que temos Mancuello e Alan Patrick jogando por dentro ou pelo meio nesta mesma segunda linha.
Canteros é alto, não tão alto pra função, porém entre os volantes do Flamengo ele tem um bom porte físico e rouba bolas, o que foi visto em 2015 em um time completamente desencaixado e desleixado em sua atitude, mal posicionado. Enxergo um jogador que se motivado e que num time encaixado pode render bastante por conta do passe mais qualificado. A tendência é a de que não se tenha mais nenhum “perna de pau” no meio campo do Flamengo. Todos devem sair bem com a bola, jogar futebol, e compactar defensiva e ofensivamente, com tudo aquilo que o futebol moderno exige.
Por exemplo, a vaga hoje de Emerson Sheik parece sendo preparada para Ederson ou Alan Patrick, mais para o primeiro. Ederson é um cara muito mais disciplinado taticamente, principalmente nos momentos de transição defensiva. Ofensivamente é inteligente e dita o ritmo. As transições são momentos importantes em esportes coletivos de contato, como Basquete, Handball e no Futebol também.
Parece claro também, que a vaga de primeiro meia não será do contestado Márcio Araújo, que permanece na equipe por sua maleabilidade e disciplina tática. Não por muito tempo. Tais qualidades não se bastam. Canteros e Cuellar devem brigar por esta vaga, eventualmente não descartaria Arão por ali. Todos os jogadores de meio campo de um novo Flamengo me parecem multifuncionais, o treinador deseja quer aplicar um trabalho de versatilidade e adaptabilidade em razão do adversário sem perder características da equipe: posse de bola e intensidade (defensiva e ofensiva, principalmente nas transições, repito). Muricy nunca foi um treinador que eu curtisse muito, mas tenho visto com outros olhos desde que voltou para o São Paulo em 2014. Agora, então, parece mais arejado do que nunca, mesmo sem perder a característica do “trabalho, meu filho”.
O que eu espero mesmo é que as ideias sejam absorvidas pelos jogadores e se apliquem em campo, nos jogos, a parte mais difícil. Futebolistas brasileiros atuando no Brasil são resistentes a mudanças abruptas, pra não dizer o que penso deles de verdade... mas é preciso paciência para que essas ideias, somadas às novas tecnologias, às novas metodologias de trabalho e um CT novo deem o resultado esperado. Mais do que nunca esse time tem que chegar voando no Brasileiro, que é o campeonato que importa!
Pensando não apenas no treinamento, avançando, pensando no desempenho propriamente dito, não podemos desprezar a questão política em que o clube vive no momento. Briga com a federação, falta de apoio dos entes públicos e abandonado por um "parceiro" importante, o Consórcio Maracanã. Para este time voar em campo, devemos primeiro saber em qual campo. Onde o Flamengo jogará? Passando da prancheta pra caneta, este é um grande problema, já que sabemos dos jogos olímpicos desde 2009... Olhando de longe, parece que o clube trata o consórcio como parceiro, mas a recíproca não é verdadeira e o clube tem sofrido. Aliás, o parceiro que deixou o Flamengo sem casa, ao menos no primeiro semestre, quando decidiu se desfazer da estrutura montada para redução de custos. Muitas dúvidas.
O Flamengo não sabe onde jogará. Parte da torcida quer o Maracanã. Eu não. Por mim, vira Wembley e o clube parte para a construção de sua casa contra tudo e contra todos. Até pelos problemas estruturais de projeto que carrega o Maracanã. Só pra citar um, que é famoso, o posicionamento para a torcida visitante não foi pensado, e é só lembrar de quantos lugares tem obrigatoriamente que ficar vazios em grandes jogos por conta disso. Aliás, o consórcio carrega consigo problemas desde sua licitação, onde os clubes foram alijados do processo; tem prejuízos quase inacreditáveis para um aparelho que custou 1,3BI de Reais para a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos; denúncias de contratos formalizados de forma estranha, favorecimentos, e etc. torna o negócio uma bomba relógio. O vencedor da licitação parece querer sair, já que o Governo do estado também não cumpriu com suas obrigações, e por sua vez, quer que o consórcio fique.
Um amigo enviou fotos de uma festa de carnaval promovida no estádio do Maracanã, tuítada por mim na noite de ontem e bastante retuitada, comentada. A razão deste post. Na verdade, o dia de ontem foi pródigo em tuítes que juguei interessantes, que demonstram o estado das coisas que circundam os assuntos flamengos. É uma vergonha a não utilização do estádio da final da última copa em detrimento de festas particulares, inclusive bailes de carnaval que durante quatro dias infernizaram os moradores da região.
O Rio de Janeiro continua lindo...
A @FFERJ faz o que faz e o @Maracana não tem jogo, mas tem baile de carnaval... pic.twitter.com/Y2Cr7J6Aom— Luiz Filho (@lavfilho) 9 fevereiro 2016
O mais curioso era um dos animados participantes da festa: Romário. Atual senador da república, ex-atleta de futebol (204 gols com a camisa do Flamengo), amigo de Eurico Miranda, relator de uma CPI onde não se vê progresso ou conclusão satisfatória, que não diz um “ai” sobre a FFERJ, mesmo “espancando a CBF” diariamente. Melhor parar por aqui.
E nenhum morador consegue dormir há 4 dias Senador!!!! Vossa excelência é cúmplice desta merda, deste desrespeito!!! https://t.co/4HU6IQ885x
— JL Figa (@JLFiga) 10 fevereiro 2016
O Flamengo sem casa é um problema gigantesco para si próprio, porém é interessante para alguns atores. Isso é óbvio. Particularmente, eu tentaria uma parceria de curto alcance e jogaria o estadual de 2016 na Gávea, enquanto não temos a possibilidade de usar o Maracanã. Jogar na Gávea para mil, dois mil, três mil pessoas abriria uma possibilidade para ampliações graduais, pequenos testes para talvez mandar partidas do campeonato Brasileiro em casa. Se formos observar com calma, daria tempo do clube costurar parcerias e construir estrutura melhor aos poucos, caso o projeto se apresentasse bem sucedido. Eu tentaria. A Gávea é nossa. Com arquibancadas modulares poderíamos jogar para um público de até 20 mil pessoas na Gávea, já que teremos duas estações de metrô num raio de 1km prontas para os jogos olímpicos. É uma possibilidade rápida e sem grandes transtornos para a população do bairro. Os clássicos seriam disputados em outro estado até que o Maracanã retorne em outubro, quando aparentemente tudo volta ao normal.
Neste jogo de empurra, estive pensando sobre a possibilidade do Maracanã voltar pra SUDERJ, ela é grande. Ou pior, que forças ocultas empurrem o estádio para uma administração da FFERJ. Já pensaram nisso? Deus que me livre da FFERJ administrando o Maracanã, isola! Que que as forças ocultas do futebol não coloquem o estádio no colo da FFERJ, da Suderj, de qualquer “erj” danosa ao Flamengo, ao futebol. Já pensaram que tragédia seria? Falando na FEDEração, com a disputa política que vem sendo travada publicamente, vejo problemas no aspecto técnico (jogo, campo e bola, torcida) pela falta de público e de uma definição antecipada (sem nem pensar em possíveis garfadas, pênaltis marotos e coisa afins...). No campeonato carioca, que nem considero e no Brasileiro pelos deslocamentos e a não definição de um lugar fixo, teremos problemas ainda maiores dos que tiveram Atlético-MG e Cruzeiro sem o Mineirão, jogando em Sete lagoas; a situação preocupa bastante!
O futuro vai se definir partindo de uma casa para jogar. Nós temos que fazer pressão em todos os interessados. Pressão na federação, na prefeitura, no governo do estado em todo o lugar. É ano eleitoral e o Flamengo tem que fazer valer seus aproximadamente 5 milhões de votos no Rio de Janeiro. O que devemoster em mente é a vontade do clube, o que ele deseja, a posição da diretoria. Hoje para que as coisas deem certo no campo, saiam da prancheta, precisamos das mentes e das canetas. É contigo EBM! Como blogueiro já “projetei” soluções, decisões que o clube poderia tomar para se tornar autônomo na questão do estádio, contudo, certamente as coisas da realidade são bem mais complicadas do que no campo das ideias. Ser Flamengo é para os fortes! Continuaremos na briga! Ao menos sabemos quem são os inimigos do momento e que essa luta não acaba tão cedo. Lutemos, então! Vamos Flamengo!
@lavfilho