Político do Partido Verde compara erros e acertos da economia brasileira com o Flamengo
Em sua coluna no jornal O Globo desta segunda-feira (11), o jornalista e político Fernando Gabeira. do Partido Verde, fez um comparativo entre as crises vividas pelo Brasil e pelo Flamengo num mesmo momento.
Nesse sentido, Gabeira explica que Flamengo e Brasil viveram situações semelhantes há alguns anos. O jornalista confessa o erro ao afirmar que o Rubro-Negro de 2019 “era um exemplo para o Brasil, cujo crescimento era curto e irregular, um voo de galinha”.
“Hoje bato na boca”, completa ele, antes de criticar a falta de profissionalismo no Ninho do Urubu. “A estrutura profissional montada pela equipe europeia de Jorge Jesus foi embora. E a galinha pousou. Os cargos foram substituídos por critérios políticos e de amizade”, finaliza Gabeira em uma referência às mudanças no departamento de futebol, feitas em 2021.
O pós-2019 do Flamengo
Assim como diversos flamenguistas mais antenados ao dia a dia rubro-negro, Gabeira tece fortes críticas à política do Flamengo. E olha que Fernando Gabeira viveu a política brasileira, a 96ª mais corrupta do mundo.
Um dos alvos do político é o vice-presidente e vereador Marcos Braz. “O diretor de futebol resolveu se candidatar a vereador. Não percebeu que, ao acumular cargos, enganaria seus eleitores ou a torcida, talvez ambos”, criticou.
Além disso, nem os jogadores escaparam das palavras do jornalista. “Milionários entediados que se recusam a correr em campo”, descreve-os Gabeira. O político lembra de um episódio na era Domènec Torrent. Conforme informou Mauro Cezar na época, o catalão se assustou com o sobrepeso de alguns jogadores na reapresentação ao clube. “Na nova temporada, os jogadores voltaram mais gordos das férias. Perderam o impulso do atleta de ponta de se superar a cada jogo”, lembrou Gabeira.
A chegada de Paulo Sousa para Gabeira
Com a chegada de Paulo Sousa, o Flamengo retomou diversas regras e normas no Ninho do Urubu. Além disso, diversas tecnologias vem sendo implementadas para integrar o futebol à ciência. Ou seja, assim como era feito na época de Jorge Jesus. Entretanto, os resultados e o desempenho está longe de ser o mesmo de 2019. Afinal, processos de ruptura demandam tempo.
Gabeira, contudo, não se anima muito com essas mudanças. “É verdade que trouxeram um novo técnico da Europa, disposto a montar a mesma estrutura profissional do passado. Agora, é um pouco tarde. Além de um novo trabalho, é preciso um pouco de cintura, algo que quase nunca têm os europeus”, ressaltou. “As estrelas querem grandes salários e pouquíssimos sacrifícios. Não aceitam novas regras, mudanças. Flamengo e Brasil se parecem muito. Torcedores e povo são seu grande potencial. Os dirigentes não ajudam”, completou.
Além disso, o escritor também analisou a suposta má-relação entre jogadores e Paulo Sousa. De acordo com informações do ge, alguns atletas se sentiram incomodados com as mudanças bruscas no estilo do Flamengo após a chegada do português. No entanto, Gabeira lembra que “os brasileiros jogam na Europa, enquadram-se nos esquemas técnicos, correm como loucos, você não distingue ninguém pela preguiça em se mover em campo”.
A relação entre Rodolfo Landim e o presidente Jair Bolsonaro
Um tema que rendeu polêmicas ao presidente Rodolfo Landim foram os frequentes encontros com Jair Bolsonaro (PL). O mandatário rubro-negro já esteve algumas vezes com o presidente da república para debater assuntos de interesse do Flamengo. No entanto, a opinião pública criticou fortemente essas reuniões e as fotos com Bolsonaro, que posou com a camisa do Flamengo.
Além disso, o recente envolvimento de Rodolfo Landim com a Petrobrás, recebendo indicações de Bolsonaro para ocupar cargos, gerou críticas ao rubro-negro. Fernando Gabeira também criticou a postura do presidente do Flamengo diante ao do Brasil.
“Como se não bastasse, o presidente do clube se tomou de amores pelo bolsonarismo. Ao odor da decadência, fundiu-se o cheiro forte de uma visão política que não carrega embrulho nem fala com pobre, alheia ao torcedor que gasta parte de seu salário para ir ao Maracanã e perder parte da noite na volta para casa”.
A Gávea e o Congresso Nacional
Enquanto a Gávea dita o rumo do Flamengo, o Congresso Nacional comanda o Brasil. Mas, para Fernando Gabeira, as semelhanças não param nessa analogia. “O Congresso apega-se a um orçamento secreto como um cão feroz rói um osso. Os diretores do clube navegam num orçamento bilionário, jogando dinheiro fora, pagando bons salários a jogadores inúteis, fortunas para estrelas sem alma”, compara o político. “Não há a mínima preocupação com eficácia. Todos têm mandato e seguirão abraçados nele até o último dia”, completa.
No final de 2021, o Flamengo teve eleições presidenciais. Em 2022, será a vez do Brasil. No ano passado, o clube teve uma temporada frustrante para o rubro-negro e repleta de críticas ao futebol. Mesmo assim, Rodolfo Landim venceu sem apresentar um plano de governo. Esse ano temos eleições no Brasil e, com elas, “um fio de esperança”, conforme as palavras de Gabeira.
“Um fio de esperança são as eleições. Sempre é possível mudar algo. Mas será que muda mesmo? Ou estamos condenados aos rotineiros voos de galinha, tanto no futebol como na economia nacional?”, finaliza Fernando Gabeira.