Polícia Federal indicia Bruno Henrique por estelionato e fraude, afirma portal

A Polícia Federal (PF) indiciou, na última segunda-feira (14/4), o atacante do Flamengo Bruno Henrique e outras dez pessoas por envolvimento em um esquema de fraude em competições esportivas. A informação foi divulgada pelo portal " Metrópoles".
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Durante a investigação, a PF encontrou no celular de Wander Nunes Pinto Júnior, irmão do jogador, mensagens que, supostamente, colocam Bruno Henrique diretamente ligado ao esquema de apostas. De acordo com o portal, o atacante foi indiciado pelos crimes de estelionato e manipulação de resultado esportivo.

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Ao todo, foram analisadas 3.989 conversas do WhatsApp de Bruno Henrique e muitas delas teriam sido apagadas ou sem conteúdo. Isso, segundo os investigadores, pode indicar que o jogador tenha excluído parte das mensagens. No entanto, foi através do celular do irmão que os agentes conseguiram identificar possíveis diálogos comprometedores.
As conversas mostram que Bruno Henrique, supostamente, teria se envolvido em um plano para receber um cartão amarelo de forma proposital durante a partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023.
Bruno e Wander, que já havia sido alvo de operação da PF em novembro do ano passado, teriam trocado mensagens no dia 29 de agosto. Na ocasião, o irmão teria perguntado se o atacante estava pendurado com cartões amarelos no Brasileirão.
Veja as supostas conversas entre Bruno Henrique e seu irmão
“O tio você está com 2 cartão no brasileiro?”
Em resposta, o atacante escreveu: “Sim”.
Wander segue: “Quando [o] pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”
Bruno Henrique responde: “Contra o Santos”.
Na sequência, Wander escreve: “Daqui quantas semanas?”
Bruno Henrique: “Olha aí no Google”
Wander: “29 de outubro”, “Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk”
Bruno Henrique: “Não vou reclamar”, “Só se eu entrar forte em alguém”
Wander então responde: “Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”





Familiares de Bruno Henrique estariam envolvidos no possível esquema
Das 10 pessoas que estariam envolvidas no esquema de apostas, a Polícia Federal dividiu o grupo de apostadores em dois núcleos, com base em seus vínculos. O primeiro núcleo é formado por três apostadores que possuem relação familiar com o atacante do Flamengo. Confira:

- Wander Nunes Pinto Júnior (irmão) – Teria apostado R$ 380,86 e obtido um retorno de R$ 1.180,67 na partida contra o Santos.
- Ludymilla Araújo Lima (cunhada) – Teria realizado apostas em duas plataformas. Na primeira, teria investido R$ 380,86 e recebido R$ 1.180,67 de retorno. Na segunda, teria apostado R$ 500,00 e tendo um retorno de R$ 1.425,00, também no jogo contra o Santos.
- Poliana Ester Nunes Cardoso (prima) – Teria apostado R$ 380,86, tendo suposto retorno no mesmo valor, R$ 380,86, na partida entre Flamengo e Santos.
O outro grupo seria composto de seis apostadores entre si.
Dialógo aponta possível envolvimento de Bruno Henrique em outras apostas
De acordo com o "Metrópoles", em 7 de outubro do ano passado, a Polícia Federal identificou mais uma troca de mensagens entre Bruno Henrique e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, em que voltam a conversar sobre a possibilidade de o jogador receber um cartão amarelo, desta vez contra o Corinthians.
Nos diálogos, Bruno inicia a conversa chamando o irmão de “Juninho” e pergunta:
“Ô Juninho, você consegue fazer transferência via Pix de valor alto da sua conta?”
Wander responde:
“Consigo, BH. Qual valor?”
Bruno Henrique então diz:
“10 conto”
Wander confirma:
“Consigo”
A conversa prossegue até que Bruno Henrique faz um alerta:
“Você não pode ser. Temos nomes iguais.”
Em seguida, Wander demonstra preocupação:
“Vai dar ruim? O que era?”
O atacante responde:
“Vai. Negócio de aposta aqui.”
Para a Polícia Federal, esse trecho mostra que Wander demonstrou interesse em participar do suposto esquema. Ele chega a dizer:
“Uai, dá essa ideia aí que vou apostar aqui, tô precisando de dinheiro kkkkkk”
Bruno Henrique, no entanto, responde de forma evasiva:
“Esse aqui é pesado. Não dá pra você, não.”
Mesmo assim, Wander insiste:
“Se eu ganhar mil reais, tá bom, se for coisa certa.”
Bruno Henrique, então, revela que o esquema exige alto investimento:
“Tem que ter 10k todo final de semana.”
Wander sugere que o dinheiro poderia ser enviado para a conta de uma terceira pessoa, que repassaria a ele. Bruno responde que isso já estava sendo resolvido e afirma que, com o irmão, “não daria”. Wander finaliza a conversa com:
“Entendi. Carai, viu. Meu olho até brilhou.”
Outro ponto considerado relevante pela PF foi a mensagem em que Wander pergunta se o irmão poderia “tomar um amarelo hoje”. Bruno Henrique responde:
“Dá não, tenho um já.”
A partida em questão era entre Flamengo e Corinthians, realizada na Neo Química Arena, em São Paulo. O atacante, de fato, recebeu um cartão amarelo naquele jogo. Para os investigadores, isso demonstra que Wander teria acesso antecipado a informações privilegiadas sobre possíveis punições disciplinares do jogador.
As conversas continuam com um novo trecho em que Wander pergunta:
“Deu certo? Conseguiu aí?”
E Bruno responde:
“Deu. Lajinha. 10.”
Segundo a PF, “Lajinha” seria uma terceira pessoa usada por Bruno Henrique para realizar apostas em seu lugar.
Wander comemora:
“Boa kkkkkk. Só comemorar agora. Tá apostando em vitória ou cartão, algo assim?”
O atacante responde:
“Não é nada disso, não. Parada de cavalo.”
Com base nesse diálogo, a PF suspeita que o grupo também estivesse envolvido em apostas fraudulentas relacionadas a corridas de cavalos. A suspeita se reforça tanto pela preocupação de Bruno em não vincular diretamente o irmão, por compartilharem o mesmo sobrenome, quanto pela reação de Wander:
“Só comemorar agora.”
Para os investigadores, essa fala indica que o resultado da aposta já era previamente conhecido ou garantido.
Ligações antes da partida
Segundo a Polícia Federal, na véspera da partida entre Flamengo e Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023, Bruno Henrique entrou em contato com o irmão, Wander, para confirmar que receberia um cartão amarelo durante o jogo.
Após uma breve troca de mensagens, o atacante ligou para ele, em uma ação que, para os investigadores, tinha o objetivo de avisar que forçaria a punição em campo.
