Não há jogador mais antigo no elenco rubro-negro do que Paulo Victor.
O goleiro, que esquentou o banco do Bruno, foi emprestado ao América e viu Felipe assumir a posição, demorou quase 8 anos para, finalmente, ser titular do Flamengo, já aos 27 anos. Antes disso, atuou por mais de 60 vezes com o Manto Sagrado, até convencer Luxemburgo de que era o cara para assumir a camisa 1. Em um momento de turbulência e transformação do elenco molambo, Paulo Victor foi alçado ao posto de líder de um grupo renovado. E apesar de ter atuado em bom nível por mais de um ano e meio, nunca convenceu a todos (e nem conseguiu se manter saudável por todo o período). Tanto que, no início da temporada, a diretoria foi atrás de Alex Muralha. E bastou um golpe de azar para Paulo Victor cair no limbo.
De lá pra cá, Alex Muralha fez 15 jogos, o Flamengo conquistou uma série de bons resultados e... ninguém mais parece lembrar do ex-titular. E não é que o Muralha seja espetacular; o ex-atleta do Figueirense ainda comete alguns erros bobos e tem fundamentos a evoluir, notadamente a saída pelo alto. Mas a impressão que fica é que uma eventual volta do prata da casa não mudaria o time de patamar e nem há indicativos de que isso vá acontecer. Paulo Victor também tem suas deficiências, é quase três anos mais velho que o Muralha e, pra sua infelicidade, joga numa posição em que quase não há rotação. No momento, mudar parece uma ideia sem sentido e voltar para o banco seria um desperdício para o atleta, que passou a maior parte de sua carreira na reserva. Paulo Victor possui apenas 3 jogos no Brasileirão, estando ainda disponível para mudar de equipe.
A contusão de Fernando Prass fez pipocar uma enxurrada de especulações envolvendo o nome de Paulo Victor como potencial substituto. Cedê-lo a um concorrente no Brasileirão seria uma tremenda burrada e para o próprio jogador seria uma situação temporária, dada a relevância de Prass para o clube paulista. Aliás, os principais clubes brasileiros têm em seus goleiros figuras confiáveis e, em muitos casos, históricas. Não é fácil substituir o cruzeirense Fabio, mesmo que ele esteja em evidente declínio; Denis, do São Paulo, talvez seja o único arqueiro que não inspire segurança, mas depois de tantos anos aguardando pela aposentadoria de Rogério Ceni, é provável que queiram dar uma chance maior ao rapaz. Sobram, portanto, alguns clubes de segundo escalão, buscar uma transferência para outro país ou lutar para recuperar a vaga no clube onde cresceu.
No limbo em que entrou, Paulo Victor sofre com a síndrome de ter sido um ótimo reserva que não evoluiu o suficiente para se tornar um titular de ponta. Uma situação parecida com a vivida por Diego, há pouco mais de 10 anos, também criado na Gávea e que fora um competente substituto do selecionável Júlio César. Marcelo Lomba, outro goleiro da base que teve oportunidade de jogar por um período, optou por tentar outras camisas e consolidar sua carreira em times onde poderia ser mais relevante. Será que o camisa 48 acredita que pode dar um salto qualitativo nesse ponto da carreira? Será que a liberdade psicológica do ambiente onde sempre foi visto como um bom suplente não faria bem ao goleiro?
Para o Flamengo, ter um reserva confiável é necessário. Na temporada passada, César e Daniel foram colocados em fogueiras e não corresponderam - e ninguém quer passar por esse sufoco de novo. Mantê-lo, portanto, seria útil para o elenco e para as pretensões do clube e é para isso que torço, sinceramente. Resta saber se o atleta está disposto a recuperar seu espaço ou se é hora de rumar para um outro caminho.