Paralimpíadas: Diana Barcelos representa o Flamengo em Paris

27/08/2024, 17:11
Diana Barcelos com uniforme do Flamengo em entrevista sobre as Paralimpíadas de Paris 2024

Referência nos esportes olímpicos nacionais e clube dos atletas que mais conquistaram medalhas nas Olimpíadas, o Flamengo envia atleta também para as Paralimpíadas de Paris. A remadora Diana Barcelos, torcedora rubro-negra e bicampeã mundial, representará o esporte fundador do Mengão na Cidade Luz e a entrada de sua melhor modalidade no programa paralímpico faz dela esperança de pódio para o Brasil.

Diana participará de sua segunda Paralimpíada. Ela esteve em Tóquio 2020 e competiu na categoria 4Com misto, que possui dois remadores homens e dois mulheres. Mas, com a entrada do Double Skiff misto no programa, ela competirá na modalidade que conquistou dois ouros e uma prata em Mundiais e, ao lado de Jairo Klug, iniciará sua campanha em busca da medalha paralímpica nesta sexta (30).

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Conheça a trajetória da atleta até Paris 2024:

O encontro com o esporte, início na vela e medalhas no remo

Assim como todos os paratletas, a história de Diana Barcelos é recheada de luta e de superação. Ela sofreu acidente em 2014 e perdeu parte de sua perna direita, abaixo do joelho. E foi no centro de reabilitação em Niterói, município no estado do Rio de Janeiro, que teve os primeiros contatos com o esporte.

“Eu estava com 24/25 anos, coisas muito legais acontecendo na minha vida e eu sofri o acidente. Ter me tornado uma atleta paralímpica para mim é uma coisa de superação muito grande. Minha mãe achou que eu ia ter uma depressão muito forte. O esporte teve esse fator de me puxar e me puxa até hoje. Já entrei na água triste ou chateada, mas quando entro aqui e vejo o sovaco do Cristo, o local que eu estou treinando, estar aqui no Flamengo me dá uma alegria”, disse em entrevista à Fla TV

Diana iniciou a trajetória esportiva tentando a natação, mas pouco depois recebeu convite para treinar vela adaptada e mudou de esporte. Chegou a tentar vaga para competir pela modalidade nas Paralímpiadas Rio 2016, mas não conseguiu, até pelo pouco tempo de prática.

Foi então que uma série de eventos se sucedeu e culminou em sua chegada ao remo. A vela adaptada saiu do programa dos Jogos e, ao mesmo tempo, ela conheceu o projeto de remo do treinador Fred Mallrich. Foi então que, em 2016, começou os treinamentos e os resultados logo mostrariam que a decisão foi correta.

Com cerca de um ano e meio de treinamento, Diana Barcelos foi para a água conquistar as medalhas de ouros no Sul-Americano e Mundial. Ela venceu com Jairo Klug na categoria  PR3 Double Skiff Misto*.

*PR3 – Remadores com função residual nas pernas que lhes permite deslizar no assento ou ainda atletas com deficiência visual.

Chegada ao Flamengo

Diana Barcelos, Michel Pessanha e Fred Mallrich, atletas e treinador do remo paralímpico do Flamengo que participaram de Tóquio 2020
Foto: Divulgação/ Flamengo



Diana e Flamengo iniciaram seu encontro de sucesso em 2018, quando Fred Malrrich recebeu proposta para trabalhar no remo do clube. O treinador fez questão de levar seu projeto para paratletas e isso incluia a atleta.

Mas foi um início apenas na água, pois o Flamengo sempre fez parte da vida de Diana Barcelos. Ela revelou em entrevista que é torcedora rubro-negra e exalta a oportunidade de ser uma atleta do clube do coração. Clube pelo qual já conquistou tricampeonato brasileiro (2019, 2020 e 2021)

“Minha relação com o Flamengo é de paixão total. Desde que meu pai me deu minha blusa em 1995, ano do centenário do Flamengo, eu criei uma paixão assim… As meninas tinham pôsteres de bandinhas, e eu tinha o pôster do tri 99, 2000 e 2001. Quando eu comecei a remar pelo Flamengo foi uma emoção. Nem nos meus maiores sonhos eu esperava estar num clube que eu sou tão apaixonada como o Flamengo. “

Foi já como atleta rubro-negra que Diana conquistou o bicampeonato do Mundial, em 2018, com sua dupla Jairo Klug. Campeonato que a atleta vinha de lesão e ainda assim chegou ao lugar mais alto do pódio. Em seguida, voltou a um pódio mundial em 2022, com prata na República Checa.

Diana Barcelos nas Paralimpíadas de Paris 2024

Diana representou o Mengão também nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, dessa vez na categoria 4Com misto, e ficou na quarta colocação da Final B. Agora, na categoria Double Skiff e ao lado do companheiro de medalhas em mundiais, chega para ao torneio como maior esperança de medalha para o Brasil no remo. Mas nada que a faça se sentir mais pressionada para subir ao pódio.

“Espero trazer o melhor resultado possível. Se vier com medalha eu vou estar mais do que realizada, mas não estou focando nisso agora. Foco no processo, se não vou ficar ansiosa. Focar a cada dia até o dia da prova. E lá temos que pensar na prova, mas também em curtir esse momento e fazer o melhor.

Diana Barcelos e Jairo Klug estreiam nas Paralimpíadas na classificatória Double Skiff misto PR3 200m nesta sexta-feira (30), às 6h30, no Estádio Náutico Vaires-sur-Marne. É o mesmo local onde Isaquias Queiroz, também do Flamengo, conquistou a prata na canoagem velocidade.

Em caso de classificação para a final, a atleta rubro-negra retorna para a água no domingo (1º), às 5h30, para brigar por medalha.


Matheus Celani
Autor

Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.