Os Sete Troféus: a saga do maior clube de basquete do Brasil no NBB | Temporada 2008/09: o início do reinado

31/08/2024, 12:00
Jogadores do Flamengo comemoram o título do primeiro NBB da história, em 2008/09

O MRN preparou uma série de matérias sobre a história do Flamengo no Novo Basquete Brasil (NBB), e neste sábado (31) é o dia de relembrar o primeiro título do Orgulho da Nação. A temporada de 2008/09 foi a primeiro da liga nacional com nomenclatura atual, e o Mengão abriu a competição com uma campanha extraordinária para ser o primeiro a levantar o troféu.

O lançamento oficial do NBB aconteceu no dia 5 de dezembro de 2008, e a bola subiria oficialmente pela primeira vez na competição pouco tempo depois: 28 de janeiro de 2009. A edição marcou o início de uma nova época no basquete brasileiro: a do Flamengo.

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Campeão nacional no ano anterior, o Mengão, liderado por Marcelinho Machado vivendo o seu auge, passou por cima dos adversários e se sagrou campeão de ponta a ponta. O time reencontrou o rival do Brasileiro anterior, o Brasília, em duelo que rapidamente se tornaria a maior rivalidade do basquetebol nacional. Foi um ano histórico, recheado de momentos marcantes e que não aconteceria sem a ajuda financeira da torcida. Relembre a campanha do Flamengo no NBB 08/09:

Recado já na 1ª fase e novo capítulo da rivalidade com Brasília

A campanha do FlaBasquete na primeira edição do NBB já foi digna do “dono” da competição. O Orgulho da Nação fechou a primeira fase com 26 vitórias e somente duas derrotas. Resultados que deram ao time um aproveitamento de 92,9% na liderança da fase de classificação, um dos melhores índices até os dias atuais. 

A estreia rubro-negra aconteceu justamente no dia 28 de janeiro. O Fla enfrentou o Pinheiros em São Paulo, no que foi o primeiro jogo televisionado da história do NBB. O placar de 90 a 89 marcou a estreia com vitória sobre o time paulista, que tinha em seu elenco uma jovem revelação chamada Olivinha.

Com Marcelinho Machado vivendo seu auge e ataque implacável, o Mengão marcou 2.616 pontos em 28 jogos, uma média altíssima de 93,4 pontos por partida. Parte ofensiva que terminou a primeira fase com quase 200 pontos a mais que o vice-líder Brasília: 2.442 (-174).

Ainda que tenha terminado a fase com a sétima melhor defesa, o volume ofensivo deu ao Mengão o melhor saldo e deixou claro aos adversários que apenas uma boa defesa não seria o suficiente.

A dominância rubro-negra na primeira fase foi tamanha que a diferença de aproveitamento do segundo colocado foi a mesma para o Fla e para o sexto lugar. O Brasília se classificou com 78,6% e teve a exata mesma diferença de 14,3 pontos percentuais para o Mais Querido e para o Limeira: 64,3% (18 vitórias e 10 derrotas). 

Marcelinho Machado com a camisa do FlaBasquete
Foto: Divulgação/ LNB
A maior rivalidade do NBB

Mas logicamente que essa vantagem não impediu o acontecimento de partidas marcantes durante a fase de classificação. E tudo começou com uma derrota. No segundo revés da primeira fase, o Fla foi superado justamente para o Brasília, por 82 a 78, em pleno Rio de Janeiro.

O jogo pode ser considerado um dos pontos de partida de uma rivalidade que hoje está eternizada na história do NBB e foi por anos a maior do basquete brasileiro. 

O revés obviamente não foi o fato importante da campanha, mas o que veio em seguida. A equipe rubro-negra saiu vencedora de todos os 16 jogos que fez até o fim da fase de classificação. Um desses jogos foi a revanche na casa do rival, que deu ao Flamengo não só os pontos, mas também retorno para casa com moral elevada.

Jogo mais marcante da 1ª fase: Brasília 92 x 100 Flamengo

O jeito que o Flamengo entrou em quadra já mostrava que seria uma tarde diferente no Ginásio Nilson Nelson. Com intensidade altíssima e muita vibração, o Mengão abriu 10 pontos de vantagem nos primeiros quatro minutos e dava sinais que estava em voltagem muito acima do rival, o que resultou em diferença de 11 pontos ao fim do primeiro período. 

O FlaBasquete conseguiu transformar a atmosfera do jogo justamente de acordo com o plano. Claramente nervoso, o Brasília passou a cometer muitas faltas no segundo período e permitiu ao Fla deslanchar no placar. Foram 18 lances livres convertidos no segundo quarto, sendo nove por Marcelinho Machado, que foi ao intervalo com 14 pontos e liderando o time para vantagem de 53 a 36. 

Mas tudo mudou no retorno dos vestiários. Alex enfim assumiu a responsabilidade pelo lado de Brasília e, contando com apagão na defesa rubro-negra, comandou a equipe para uma retomada de 12 pontos. Assim, o último período começou com o Rubro-Negro cinco pontos na frente, vantagem que chegou a ser de 17.

Se o Brasília tinha Alex, o Flamengo contava com Marcelinho Machado. O ídolo foi o responsável pela maioria dos pontos em um time que indicava nervosismo após perder vantagem. A ajuda do pivô Baby, que saiu de quadra com duplo-duplo (17 pontos e 10 rebotes), manteve o time na frente para vencer o 100 a 92. 

Marcelinho também anotou um duplo-duplo, que foi impressionante vale destacar. Foram 25 pontos e 16 rebotes para o ala-armador.

Playoffs: o caminho do Flamengo até o 1º NBB

A fase classificatória já indicava o campeão, mas era necessário confirmar o favoritismo. O que foi feito logo na primeira série contra o Pinheiros, que até lutou bem, mas foi “varrido” pelo Orgulho da Nação nas quartas de final. 

Os placares não foram elásticos, o que valorizou a campanha do Pinheiros. A série terminou em 3 a 0, mas com a vantagem máxima do FlaBasquete em uma partida sendo de sete pontos (92 a 87, 92 a 85 e 87 a 84). 

Mas ainda que o último jogo tenha sido o de menor diferença, o segundo foi o que ficou marcado. No Tijuca Tênis Clube, Marcelinho Machado e Marquinhos, com 25 anos na época, protagonizaram um duelo verdadeiramente histórico. 

Foram 27 pontos do rubro-negro, enquanto o atleta que futuramente seria importante para o Fla, mas ainda não sabia, marcou 37. Mas apesar de ser o cestinha, ele saiu de quadra derrotado e a beira da eliminação.

As semifinais foram de nova varrida, dessa vez contra o Joinville. Foram três vitórias para avançar à final, por 88 a 86, 92 a 86 e 109 a 94.

Finais: Flamengo x Brasília

Flamengo e Brasília estavam destinados a se encontrar na decisão do primeiro NBB da história. Os times foram adversários na decisão do Campeonato Brasileiro de 2008, vencido pelo Mengão por 3 a 0, e protagonizaram os melhores jogos da primeira fase. 

Assim como esperado, os duelos foram marcados por equilíbrio, nervos à flor da pele e um alto nível de basquete. As partidas decisivas tiveram emoção de sobra, com os quatro primeiros jogos com placares abertos (Flamengo 81 a 74 Brasília/ 71 a 81/ 99 a 78/ 78 a 82). 

O quinto e decisivo jogo aconteceu na antiga HSBC Arena, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O local que viu tantos títulos do basquete do Flamengo, contou com mais de 15 mil rubro-negros para garantir a vitória e o primeiro título do NBB.

Marcelinho Machado, novamente ele, foi o dono do jogo decisivo. Ele foi o cestinha da vitória por 76 a 68 na grande decisão, com 27 pontos, e liderou a equipe rubro-negra ao primeiro de muitos troféus da competição.

Marcelinho foi o cestinha da competição com 1.047 pontos, o que logicamente lhe deu o prêmio de MVP (melhor jogador). Ele recebeu também o troféu de Craque da Galera. Destaque também para Paulo Chupeta (Melhor técnico) e Fred Soares (Sexto Homem). 

A força da Nação: ‘Eu visto essa camisa’

Ibson dá apoio ao time de basquete com camisa "Eu visto essa camisa'
Ibson dá apoio ao time de basquete com camisa “Eu visto essa camisa’. Foto: Reprodução

O FlaBasquete correu o risco de sequer ter um time na primeira edição do NBB. As finanças ruins resultaram em atraso de quatro meses nos salários dos jogadores, e a solução foi recorrer para a única que poderia ajudar: a Nação Rubro-Negra.

Foi então que a diretoria lançou uma linha especial de camisas sem esconder que precisava do dinheiro para pagar os salários. A peça preta e com a escrita “Eu visto essa camisa” foi vendida por R$ 39,90 e quem a utilizasse pagaria somente R$ 5 para assistir aos jogos, originalmente R$ 20.

O incentivo era desnecessário. Lógico que a Nação jamais deixaria algo do Flamengo acabar se fosse convocada. Com mais de 10 mil camisas vendidas, o Mengão pagou os salários dos atletas e mandou a quadra o time que levantaria o troféu.

Os campeões do NBB 08/09 pelo Flamengo

Time do Flamengo campeão
Foto: Divulgação

Veja abaixo a lista de todos os jogadores que entraram em quadra pelo Flamengo no título do NBB 08/09 e também as estatísticas de cada um na competição.

  • Hélio #5
  • Fred #9
  • Marcelinho #4 
  • Duda #3
  • Fernando Mineiro #8 
  • Jefferson William #10
  • Ian Mattos, 
  • Marcellus #11
  • Júlio
  • Daniel Soares, 
  • Babby #66
  • Coloneze #45 
  • Alirio  
  • Wagner #7
  • Técnico: Paulo Chupeta
JogadorPJMPJ2P%3P%LL%RPJAPJPPJ
Marcelinho Machado 3937,7.572.429.8676,233,3626,85
Jefferson3627,24.528.405.7936,671,513,06
Babby3622,4.622.200.7336,060,8612.9
Duda3728,6.580.264.7642,73,8610,9
Hélio3928.590.381.7122,43,6710,4
Fred3719.544.383.7161,42,926,22
Coloneze3914,8.566.000.6633,40,314,8
Fernando3511,5.506.360.5711,80,574.6
Marcellus45,4.714.500.60014
Wagner3818.2.559.000.6152,80,531,05
Júlio16,31000.000.00012
Alírio167,8.647.166.7501,060,31,94
Daniel154,91000.333.2500,930,21,1
Ian82,25.333.000.0000,250,10,25
PJ= Partidas jogadas; MPJ= Minutos por jogo; 2P%= aproveitamento dois pontos; 3P%= aproveitamento três pontos; LL%= aproveitamento lances livres; RPJ: rebotes por jogo; APJ: Assistências por jogo; PPJ= pontos por jogo
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Matheus Celani
Autor

Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.