Marcos Paulo Neves: Os melhores que eu vi

04/12/2023, 15:05
Filipe Luís e Rodrigo Caio abraçados em jogo do Flamengo contra o Cuiabá; veja as últimas notícias

Nesse domingo (03), os torcedores do Flamengo viram no Maracanã a despedida de dois jogadores símbolos da guinada na equipe nos últimos anos, Rodrigo Caio e Filipe Luís, na vitória contra o Cuiabá por 2×1. Enquanto o primeiro deixa o clube com o fim do contrato, o segundo deixa o futebol como jogador.

Com a chegada de ambos em 2019, o Flamengo conquistou dois Campeonatos Brasileiros, duas Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa, duas Supercopas do Brasil e três Cariocas (dois no caso do lateral, que chegou no meio de 2019) e isso foi lembrado na justa homenagem que os dois receberam na tarde de domingo.

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Se há algo que consigo afirmar é que os dois representam os melhores zagueiro e lateral esquerdo que assisti com o Manto. E a despedida mostrou aos torcedores que, cada vez mais, o time ideal de 2019, aquele que lembramos de cor, está acabando.

Hoje nossa geração começa a ficar cada vez mais parecida com nossos pais, mães, avôs e avós que ditavam os 11 jogadores geniais que marcaram o Flamengo na década de 80, e isso é muito significativo.

Ironicamente, desses 11, os que deixaram o clube são todos jogadores do meio para trás (Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Mari, Filipe Luís e Willian Arão), justamente nas posições que o Flamengo mais tem tido dificuldade em contar com melhores opções.

Isso não só indica que temos um planejamento que prejudica o clube com péssimas montagens de elenco, como mostra cada vez mais que fomos absolutamente agraciados com a montagem perfeita numa temporada.

Vivemos o que merecíamos viver e vamos ser eternamente gratos por isso. Por esse motivo, eu garanto uma coisa: vai demorar (e muito) para aparecer dois jogadores que representem o Flamengo técnica e taticamente melhor ou até mesmo igual ao que esses dois fizeram nos últimos cinco anos.

Rodrigo Caio e Filipe Luis: ídolos do Fla difíceis de substituir

Rodrigo Caio foi um zagueiro extremamente técnico e certeiro nas marcações, coberturas e botes durante 2019. Voou fisicamente naquela temporada, como o time todo. Depois disso, passou a sofrer com várias lesões, ficando disponível poucas vezes no decorrer das temporadas.

Mesmo assim, quando aparecia, muitas vezes jogava melhor que os outros zagueiros do elenco. E assim dava ao torcedor (pelo menos para mim) uma pequena sensação. Aquela que diz que ele poderia ter ficado por mais tempo, mas entendendo que se trata de um fim de ciclo.

Filipe Luís foi o maior exemplo de profissionalismo que vi nesse clube. Extremamente inteligente em campo, fazia o futebol parecer simples. Como dizia o gênio Johan Cruyff, “jogar futebol simples é a coisa mais difícil que há”. Fora de campo era exemplar. Levou a sério a questão de não pisar nunca no escudo do time. Fez até tirarem o escudo no chão do vestiário e colocarem no teto.

Orientava quando estava no banco, desmantelou esquemas táticos e é extremamente exigente com a qualidade dos gramados. Um jogador completo que deixou o futebol e, graças a Deus, no meu time. Me deu a honra de vê-lo jogar e, espero que em breve, me dê a honra de o ver como técnico.

Esse texto é um breve agradecimento aos dois jogadores que, juntos dos outros, vão garantir com que eu me transforme exatamente num desses saudosistas da velha guarda que cresci vendo falarem com o brilho nos olhos dos 11 que os encantaram em sua época.

Obrigado por tudo! SRN


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