Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!
Torcedor flamenguista não aprende. E assim como a humanidade não consegue medir bem seu tamanho no universo, o rubro-negro é um sem noção da grandeza e da multiplicidade de sua torcida.
40 milhões de qualquer coisa é muita coisa e há mais flamenguista que polonês neste mundo. Em verdade, junte Uruguay, Suíça, República Tcheca, o Quirguistão e a Eslováquia, e ainda acrescenta Portugal, que ainda tem mais flamenguista no planeta.
Tem flamenguista osasquense, curitibano e baiano. Tem flamenguista que ouve Tony Bennet. Tem flamenguista que é de peixe, outro que é de churrasco, tem um que é vegano. Tem flamenguista que reza, alguns que acendem vela. Tem flamenguista ateu que lê Dawkins e Darwin. Tem flamenguista que defende o aborto, tem flamenguista que é legalize e flamenguista que vota no Bolsonaro.
Tem flamenguista de paz, tem flamenguista valentão de dar bofetão na covardia. Tem flamenguista pilantra, tem flamenguista honesto, tem flamenguista homofóbico, tem flamenguista homossexual, tem flamenguista gênio da matemática, tem flamenguista bilionário, tem flamenguista preso, tem solto, tem trabalhando, tem estudando, tem ensinando.
E tem o flamenguista nostálgico, o que viveu a Era Zico, o nostálgico-neurótico. A saudade de sua juventude e daquele time é um fardo pesado para seus ombros. Entre estes torcedores, hoje com 40, 50, 60 anos, alguns sabem que jamais terão experiência semelhante novamente. A juventude se foi e se foram aqueles anos em que o Flamengo atingiu o topo do futebol, de uma maneira incontestável. Qualquer título que vier será apenas um reles délà-vu de uma rica El Dorado.
Tem torcedor mais jovem, não viveu aquilo, nem pode realmente imaginar o quanto era bom ser Flamengo naqueles anos. Respiram livres, inocentes, querem o futuro, anseiam por uma nova era - e pacientes e impacientes torcem hoje mais pelo sucesso da diretoria que por um título do Carioca.
Tem flamenguista que entende, outros que não entendem. Cada qual com com suas experiências, cada qual com sua saudade. Flamenguista é gente demais.
Orra, é Mengo!
Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.