Ganhou força nos últimos dias a possibilidade de que Wallim Vasconcellos figure como principal candidato da oposição nas eleições para suceder Rodolfo Landim.
Wallim, que formou chapa com Landim em 2015 e integrou a primeira gestão do presidente do Flamengo como vice de Finanças, se definiu no passado como nem de oposição nem de situação, mas ensaia uma candidatura apoiada pelo grupo que esteve contra Landim nas eleições de 2021.
Wallim alimenta há muito tempo o sonho de ser presidente do Flamengo, mas não tem um grupo político próprio.
Entretanto, ele começou a conversar com grupos de oposição que buscam um candidato único para enfrentar Rodrigo Dunshee de Abranches, que deve ter o apoio de Landim, e Luiz Eduardo Baptista (Bap), que tenta se colocar como uma espécie de candidato de continuidade da gestão.
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A oposição acredita que Wallim pode preencher o mesmo nicho de Bap, que teria apelo junto a muitos sócios – um nome que represente o legado da melhor parte da gestão Landim, que transformou o Flamengo numa potência econômica, mas se distancie da política tradicional do clube, ligada a Dunshee.
Com a diferença de que, ao contrário de Bap, Wallim já se declarou publicamente contra a transformação do Flamengo em SAF (Sociedade Anônima de Futebol), ponto considerado inegociável pelos opositores.
O nome de Wallim ganhou força desde a semana passada, com a exibição do documentário sobre a tragédia do Ninho na Netflix.
Lideranças de grupos da oposição perceberam uma rejeição interna muito grande ao ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, que ensaia uma candidatura, por conta da sua ligação com a maior tragédia da história do Flamengo. Bandeira é réu no processo criminal sobre o caso.
Bandeira não desistiu da sua candidatura, mas Wallim já estaria ensaiando uma aproximação até com nomes bem próximos ao ex-presidente, como o ex-vice jurídico Flávio Willeman, cujo nome foi ventilado como possível candidato do grupo de Bandeira.
Uma aliança entre o próprio Bandeira e Wallim, entretanto, é improvável, já que os dois são rompidos desde 2015, quando Wallim acusou Bandeira de romper um acordo de que não seria candidato à reeleição e apoiaria Wallim.
Mudança no estatuto dificultou inscrição de chapas de oposição
Entretanto, caso fique isolado, Bandeira pode acabar optando por não participar das eleições e abrir espaço para a candidatura de Wallim.
A oposição trabalha por uma candidatura única não só por entender que assim teria mais chance de sucesso eleitoral mas também porque mudanças no estatuto do Flamengo dificultaram a inscrição de candidaturas de oposição.
Sob argumento de se adaptar à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o Flamengo só fornecerá aos interessados em concorrer à eleição os dados dos sócios que autorizarem expressamente o clube a fazê-lo.
E só poderão ser incluídos nas chapas aos Conselhos Deliberativo e de Administração os sócios que assinarem a autorização para tal.
A chapa para o Conselho Deliberativo é composta por 80 sócios não proprietários (a maioria dos envolvidos ativamente na política rubro-negra são sócios proprietários, o que dificulta a obtenção desses apoios). Já a para o Conselho de Administração a chapa é formada por 48 proprietários e 24 não proprietários.
Com isso, um cenário como o de 2021, quando houve três candidaturas de oposição a Landim, é improvável. Terceiro e quarto colocados no último pleito, Walter Monteiro e Ricardo Hinrichsen participam das articulações com Wallim por uma candidatura única. Já Marco Aurélio Assef, segundo colocado, está inelegível em 2024.
As eleições para o Flamengo acontecem no início de dezembro, mas as chapas devem ser registradas em setembro.