Olivinha não se separa do ‘Deus da Raça’ ao dizer qual legado deixa pro Flamengo

17/06/2024, 14:30
Deus da Raça e ídolo do Flamengo, Olivinha completa 40 anos nesta terça

Aos 41 anos, Olivinha encerrou sua carreira como jogador de basquete e deu adeus à terceira passagem pelo Flamengo após 12 anos. Apelidado de ‘Deus da Raça’ pela torcida, completamente identificado com o Rubro-Negro e um dos maiores ídolos do clube, o eterno ala-pivô falou sobre o legado que quer deixar na história do Mengão.

Olivinha se define como um eterno lutador, que nunca desiste. E é justamente essa característica que traduz o apelido ‘Deus da Raça’ e que o jogador entende como seu maior legado. Encarar as adversidades e deixar muita disposição dentro de quadra a cada jogo.

A Última Academia: Olivinha, Deus da Raça e ícone da hegemonia do FlaBasquete

“Por todos esses anos, todas as conquistas, talvez o maior legado que eu deixe aqui seja o de não desistir em nenhum momento. Por mais que tenha uma situação difícil dentro do jogo, tem sempre que estar lutando pelo melhor, pelas vitórias, por ajudar de alguma forma. E isso eu fiz. Me entreguei até o final, me dediquei ao máximo, trabalhei muito. Sempre que estou dentro da quadra me esforço 100%, 150%. A entrega que eu coloco aqui, eu sou reconhecido até hoje”, disse, antes de prosseguir:

“Eu não sou o melhor jogador, não sou o mais alto, não sou o mais forte, não sou o que pula mais alto, mas sou o que coloca mais disposição, mais vontade dentro da quadra. E esse legado eu gostaria de deixar. Eu nunca desisti, eu sempre estava ali lutando por todas as posses de bola, sempre tentando colocar meus companheiros para o alto, passando mensagem positiva. O maior legado que eu queria deixar para as próximas gerações, ou quem quiser saber um pouco da minha história, é a vontade, a disposição e a garra”, afirmou, em entrevista ao UOL.

Flamengo se despede de Olivinha com texto emocionado
Flamengo homenageia Olivinha após aposentadoria (Foto: Divulgação/CRF)

Idolatria, melhores momentos e frustrações de Olivinha pelo Flamengo

Ainda em relação ao carinhoso apelido de Deus da Raça, Olivinha foi questionado sobre ter dimensão da sua importância para a história do basquete rubro-negro, e foi bem transparente ao dizer que não faz ideia do que significa para o clube. Nesse cenário, o ex-ala-pivô também destacou o amor que sempre recebeu da torcida.

Vale destacar que todo o papel de ídolo de Olivinha vem de uma junção de fatores. Não diz apenas sobre a exibição do jogador em si, mas sobre todos os títulos conquistados nesses anos, a hegemonia criada no basquete nacional e, principalmente, o fato de ser a grande representação do torcedor dentro de quadra.

“Zero noção, para ser bem sincero. Até hoje quando alguém coloca na mesma frase Zico e Olivinha, é uma coisa surreal, eu fico até sem palavras. A gente sabe da historia do Zico, do que ele representa. É o maior da história do Flamengo, ninguém, na minha opinião, vai chegar perto, e só de estar próximo a ele, pelo que a torcida fala, e estar na mesma frase que ele, já é minha maior vitória. Chegar próximo pelo que a torcida fala. Eu tenho zero noção do que eu represento para a torcida e para o clube”.

Olivinha falou, ainda, sobre ter se tornado “rubro-negro fanático”. Na infância, o jogador era torcedor do Fluminense, mas não conseguiu se render à magnética atmosfera que só a Maior Torcida do Mundo é capaz de proporcionar. O ex-ala-pivô, inclusive, é a representação perfeita do hino do clube: “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”.

“Na temporada 2012/2013, quando eu começo a terceira passagem no clube, eu fui convidado para uma apresentação do time para a torcida e eu fui lá (Maracanã) assistir ao jogo. Eu até me arrepio só de falar, porque eu senti uma coisa que nunca tinha sentido na vida. A energia da torcida rubro-negra cantando e apoiando o time… E aí casou de fazermos uma temporada muito boa e sermos campeões do NBB, e a torcida começou a se identificar muito com meu estilo de jogo, mais do que nas passagens anteriores. De garra, disposição, entrega.

“Começaram a cantar meu nome, me apoiar em todos os momentos, e isso foi mudando minha sensação, minha vontade. Eu vi que o torcedor tinha um carinho especial comigo, e eu digo que o Flamengo me escolheu. Infelizmente, eu não nasci rubro-negro, mas o Flamengo se tornou minha religião por esses motivos. E aí eu comecei a ganhar todos os títulos possíveis, a torcida ficou cada vez mais carinhosa comigo, sempre mandando mensagem positiva, e isso fez com que eu me transformasse em um rubro-negro fanático”, explicou.

Olivinha se prepara para despedida do Flamengo
Olivinha foi campeão de tudo pelo Flabasquete (Foto: Paula Reis/Flamengo)

O fim de um ciclo de hegemonia

Olivinha se aposentou ao fim da disputa do Flamengo pelo Novo Basquete Brasil, e infelizmente, não conquistou o título, amargando o vice-campeonato para o Franca. Apesar disso, o atleta tem uma carreira amplamente vitoriosa pelo Mengão, e participou de toda a hegemonia que o Flabasquete conquistou nos últimos anos.

Em 12 anos ininterruptos na terceira passagem de Olivinha pelo Flamengo, Olivinha viveu todos os cenários possíveis do projeto que ganhou corpo e investimento com o passar do tempo, e ter participado de cada evolução é uma espécie de orgulho para o ex-ala-pivo, que garante: “agora estamos em outro patamar”, com frase que faz referência à marca registrada de Bruno Henrique, ídolo do futebol.

Ao todo, Olivinha conquistou 23 títulos pelo Flamengo. Entre eles, dois Mundiais (2014 e 2022), uma Champions League Americas (2020-21), uma Liga das Américas (2014) e seis Campeonatos Brasileiros (2012-13, 2013-14, 2014-15, 2015-16, 2018-19 e 2020-21).

Em relação aos melhores momentos vividos no clube, Olivinha não titubeou ao responder que foram os títulos mundiais (2014 e 2022): “essas duas estrelas são meus maiores orgulhos e eu pude participar das duas conquistas”.

Já sobre as frustrações, o jogador faz questão de destacar que somente tem agradecimentos ao Flamengo, que não há nenhum arrependimento, mas aponta a lesão na época da Champions League (2020/21) como momento mais difícil. “Quando fomos campeões da Champions, eu participei do campeonato todo, menos da fase final. Isso me machucou um pouquinho”, contou. O atleta revelou, ainda, o desejo profundo do coração: “Se eu pudesse permanecer a vida toda, eu permaneceria”.


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