Gerrinson. R. de Andrade | Twitter: @GerriRodrian
Rivalidades são inerentes ao humano.
Em verdade, não há certeza apenas se a rivalidade persistiria em sociedade de formato muito diferente.
Mas na Terra, como a coisa é, a confusão existe feito vírus de gripe.
Há rivalidade entre irmãos, partidários, comerciantes, estrangeiros, em diversos níveis e implicações.
O futebol se alimenta desta rivalidade também e da maneira mais organizada e declarada possível.
Se o sujeito escolhe o time A, sabe que seu rival é o torcedor do time B, já manja o antagonismo, já tem a definição de quem odiará.
Inclusive de fácil reconhecimento: seus inimigos usam uniformes de cores diferentes.
No futebol se xinga gostoso, coletivamente.
Nos estádios, 50 mil pessoas podem soltar palavrão e ofender árbitro, técnico e jogador.
Nas redes sociais, escárnio, calúnia, ameaça e outras estratégias retóricas.
Ninguém é de ninguém, de apocalípticos a piadistas, todo mundo atira no pescoço, no sadismo.
Tudo de maneira relativamente honesta.
Quem se ofende, numa destas rugas, não entendeu que, no futebol, tudo é fake, divertimento de doido.
É o lugar legitimado pra tirar onda e se sentir gigante.
Só fica de dodói por tiração-de-onda de torcida alheia quem tem futebol como religião - e religião costuma provocar rivalidades inconciliáveis.
O vascaíno rancoroso deixa de falar com o amigo rubro-negro.
O tricolor frustrado briga com o irmão, faz quizumba na família.
O botafoguense chuta o cachorro, sai esmurrando parede.
O sujeito perde a noção: torcer no futebol é um divertimento, não uma ofensiva islâmica.
Torcedor que perde o senso é como o atirador no atentado de Charlie Hebdo, em Paris: não sabe fazer piada.
Quem se ofende por piada, faça também sua piada reversa - e só. Não cabe sair com chilique, em nome de obsessões.
De alguma forma, o futebol catalisa e abriga um pouco os níveis de disputa e rancor dos indivíduos, deixando a sociedade levemente mais calma.
Nem sempre resolve. Mas, no futebol, tranquilo é quem rivaliza sem frescura e ri dos outros e de si mesmo.
Senso de humor é um gol que só os inteligentes conseguem marcar.
Orra, é Mengo!
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Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.