Não é de hoje que o Flamengo tem importantes lutas no futebol brasileiro.
Você sabia que em 1977 o Flamengo foi o clube responsável por conquistar o direito ao dinheiro da transmissão de TV, que ia integralmente para a CBD, antiga CBF? Pois os clubes NADA recebiam da TV até o Flamengo conquistar esse direito fundamental para o desenvolvimento do futebol brasileiro. Confira aqui: https://mundorubronegro.com/flamengo/marcio-braga-tv
E clube foi pioneiro, assim como é hoje contra a FERJ, quando o clube lutou – e venceu – batalha jurídica para conquistar seu direito legítimo de negociar suas placas de publicidade no Campeonato Estadual do Rio.
Mesmo sendo direito adquirido via Lei Pelé, Federação insistia em manter para si os lucros advindos das placas de campo alegando ser decisão do arbitral (onde Flamengo é minoria e lá na frente deste artigo veremos o porquê).
Após mais esta vitória, conhecemos através da matéria do Mundo Rubro Negro sobre o assunto um pouco dos valores que giram em torno dessa publicidade e que não iam para os cofres do clube.
Conforme a reportagem explicita inclusive com e-mails de possíveis empresas interessadas, vemos que o Flamengo estima que pode levantar com suas placas de publicidade um valor que gira entre 1,5* e 9 milhões de reais por ano, valor idêntico ao que o clube arrecada com alguns espaços de seu uniforme como barra das costas da camisa e números.
*Valor que o clube conseguiu nas primeiras negociações em 2017 em cima de suas próprias placas
Hoje, a FERJ fica com o valor integralmente sem nada repassar aos clubes. Mas na reportagem, vimos que sem o Flamengo sendo transmitido no Estadual, as empresas simplesmente não se interessaram pelo campeonato, tendo a Sportplus (empresa que negocia as placas) fechado apenas com Guanabara, Germed e Brahma até a assinatura de contrato do Flamengo com a Rede Globo em contrato que não envolve mais a Federação, em ação que atende a uma das demandas do clube.
A Sportplus chegou até mesmo a repassar ano passado 50% de seu contrato à Klefer, de Kleber Leite, pois temia que o clube não assinasse e preferiu dividir um possível prejuízo que acabou não acontecendo, uma vez que o Flamengo assinou com a Globo após conquistar o direito de receber direto da emissora, ficando a salvo das apropriações indevidas pela Federação que recentemente retirou da cota do clube valores para premiações de terceiros, aplicou multas descabidas entre outras medidas arbitrárias).
Confira aqui algumas das reportagens do MRN sobre o assunto e intere-se a respeito:
https://mundorubronegro.com/flamengo/processo-sport-plus-ferj
https://mundorubronegro.com/flamengo/fla-faz-valer-liminar-e-negocia-proprias-placas-no-carioca
O dízimo indébito
Mas o que realmente sustenta a Federação ao longo do ano é a cota do borderô que ela abocanha a cada jogo. Nos estaduais ela perdeu força, pois a média de público é muito baixa e a maioria dos jogos tem ingressos com ticket médio muito baixo. Só que é nos jogos do Flamengo em que ela deita e rola, no Estadual e ao longo do ano em competições que não tem nenhuma operação, ingerência ou responsabilidade na organização.
Temos o exemplo recente da estreia do clube pela Copa Bridgestone Libertadores: 4x0 no Maracanã sobre o San Lorenzo e com 60mil expectadores, sendo aproximadamente 54mil pagantes e 6 mil gratuidades. A renda do jogo foi de 3,68 milhões de reais. A FERJ, que NADA fez pela partida, pela competição ou até mesmo pelo Maracanã, levou limpos, 368mil reais. Exatamente o que você leu! O Flamengo gastou 1,71 milhões para ter o estádio em ordem para o jogo, quitando conta de luz atrasada, fazendo manutenção do quadro de energia do estádio, renovando o gramado com sua parceira Greenleaf, removendo entulho, retirando tapadeiras e sinalizações do RIO2016, e até mesmo colocando cadeiras e divisórias entre as torcidas. Vale lembrar que em outubro, também foi o Flamengo que pagou a reforma do gramado para reabrir o estádio na reta final do Brasileiro 2016.
Vamos aos números?
Para este artigo, vou levar em conta os números de 2015, que são consolidados e indiscutíveis, já publicados por Flamengo e FERJ, e também por ser o ano mais crítico de guerra entre Flamengo e FERJ, com troca até de agressões verbais no arbitral da entidade.
No balanço anual da Federação de 2015, temos os seguintes dados, conforme documento disponibilizado em seu site pelo link: http://www.fferj.com.br/CentralDocumentos, para as receitas da mesma:
Percebe-se que a FERJ arrecadou com patrocinadores de sua competição, o valor de 8,42 milhões, menos que no ano anterior quando arrecadou 10,12 milhões. Isso deve-se à briga entre Federação e Flamengo, quando o mesmo ventilou pela primeira vez usar apenas reservas no estadual, afastando patrocinadores, o que repetiu-se em 2016 e 2017.
Já no item Bilheteria/Renda de Jogos, temos o valor de 5,99 milhões em 2015 contra 6,44 milhões em 2014. A queda explica-se pelo Flamengo não ter chegado às finais do Estadual em 2015, quando o mesmo foi campeão em 2014. É notório que a renda e público dos jogos finais com o Flamengo são maiores que entre os clubes rivais ou rivais x pequenos.
Esse item Bilheteria é computado somando-se a taxa de 10% de todos os jogos de seus clubes filiados em 2015, o que nos dá a entender que a renda TOTAL dos jogos de todos os filiados da FERJ no ano foi de aproximadamente 60 milhões de reais (59,9M).
Em 2015 a FERJ já contabilizava em cada borderô de partida a cota de TV, afim de minimizar o impacto negativo do prejuízo que os clubes tinham a cada jogo, enquanto a entidade retirava seus 10% sem qualquer ônus, além de lançar públicos redondos e maquiados nos jogos entre pequenos, sem qualquer transparência, conforme denúncia do Globoesporte.com: http://globoesporte.globo.com/rj/futebol/campeonato-carioca/noticia/2015/02/publico-redondos-e-cota-de-tv-no-bordero-doping-estatistico-no-carioca.html
Assim, a Federação sempre tem lucro, enquanto os clubes acumulam prejuízos, pois a mesma retira sua parte sem se preocupar com custos de operação dos jogos do campeonato que organiza. Se a mesma cobrasse 10% no Estadual, porém cobrasse 5% nas partidas do Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil, Sulamericana e Primeira Liga, com certeza o clube não ficaria tão indignado, pelo menos não pela cota pura e simplesmente.
Você sabia que quando o Flamengo manda um jogo fora do Estado do Rio de Janeiro, o clube paga 5% à Federação local e 10% à FERJ que nada faz além de autorizar o jogo fora do Rio de Janeiro?
Vamos então ao balanço financeiro de 2015 do Flamengo, disponível no Portal da Transparência Rubro-Negra:
https://flamidia.blob.core.windows.net/site/upload/downloads/20160329094523_853272.pdf
Reparem que o Flamengo tem 43,67 milhões em bilheteria em 2015. E olha que não foi a nenhuma final, nem sequer do campeonato da própria FERJ.
Se a FERJ recolheu 10% de toda a bilheteria do Flamengo no ano, isso quer dizer que ela teve 4,36 milhões de reais provenientes dos borderôs do Flamengo.
Isso quer dizer: 4,36 de 5,99 milhões, ou 72,78% da arrecadação da FERJ com bilheteria em 2015 é resultado direto do que mamou nas tetas rubro-negras.
Em caso de comparação, veja quanto as Federações Estaduais cobram de taxas pelo Brasil:
⦁ Federação Carioca: 10%
⦁ Federação Paulista: 7%
⦁ Outras Federações: 5 a 7%
Além disso, a FERJ tem praticado aumentos acima da inflação para a maioria das taxas burocráticas que cobra dos clubes, como podem conferir na tabela do Jornal Extra no link:
http://extra.globo.com/esporte/taxas-cobradas-pela-federacao-do-rio-aos-clubes-tem-aumento-acumulado-de-ate-900-15036122.html. Algumas chegando a aumento de até 757%, valor que é o triplo da inflação do período. E os clubes pequenos, apesar de reclamarem publicamente, votam favoravelmente a cada novo aumento em arbitrais. Sabe por quê?
O que realmente incomoda
Mas sabem o que mais incomoda o clube rubro-negro? Que em 2015, por exemplo, a FERJ tenha feito a seus clubes filiados, empréstimos no valor total de 16 milhões de reais conforme seu demonstrativo financeiro.
Ao contestar em arbitral, entre outras questões, como são, com que prazos e juros, feitos esses empréstimos, nosso Presidente foi xingado e hostilizado por Eurico Miranda e principalmente Rubens Lopes, que acusam o Flamengo de querer ganhar mais do que deve e apropriar-se do que é de seus clubes “co-irmãos”. E ainda ouviu que a FERJ não tem que dar explicações pois os contratos de empréstimos são CONFIDENCIAIS. Veja em nota da FERJ depois que Flamengo publicou carta aberta à imprensa questionando a entidade:
http://fferj.com.br/Noticias/View/10441
Como uma entidade que representa um grupo de clubes pode dizer que o dinheiro destes clubes pode ser distribuído a seu bel-prazer, sem prestação de contas e ampla transparência aos mesmos?
Ficou mais do que claro que o clube é responsável DIRETAMENTE por mais de 70% do que a FERJ arrecada anualmente, e se levarmos em consideração que as placas de publicidade negociadas à parte podem dividir o valor entre Flamengo e Federação a partir deste ano, o valor pode estabilizar-se facilmente em 80%.
E fica mais que claro também que, se o clube sustenta a Federação, também é ele quem empresta dinheiro a clubes rivais e clubes pequenos, sem saber em que condições são feitos esses empréstimos.
A única coisa que o clube sabe é que todos os clubes que recebem empréstimos da FERJ votam com ela cegamente em todo arbitral, ainda que com pautas negativas às finanças desses mesmos clubes.
Por essas e outras o Flamengo exige transparência da Federação e a conquistará judicialmente, já que move ação contra a mesma. Saberemos em breve se o Vasco quitou salários atrasados de fim de ano com dinheiro arrecadado às custas do Flamengo, por exemplo.
Segundo o advogado que move a ação: “O Flamengo afirma acreditar que a FERJ obtém a maioria em suas deliberações por meio da concessão de mútuos (empréstimos), com possíveis condições favorecidas de pagamento, ou mesmo, perdão da dívida, a seus associados, notadamente os clubes pequenos.
Como é um clube associado da FERJ e parte das receitas da Federação decorrem de rendas advindas do Flamengo (TV e bilheteria), o Flamengo requer que a FERJ detalhe as condições dos mútuos que concede aos demais entes associados, pois essa informação não é especificada no balanço anual.
O Flamengo registra que, no exercício de 2014, foi registrado o valor de R$ 21.472.000,00; e, no exercício de 2015, R$ 12.018.000,00 de mútuos, sem que se esclareça se houve o pagamento de qualquer parcela desses mútuos à Federação.
Ao final, o Flamengo requer: ‘A condenação da FFERJ na obrigação de prestar contas em formato contábil sobre todos os mútuos realizados em benefícios das associações desportivas que compõem a Federação, de forma documentada, comprovando os valores indicados nas contas com os contratos de mútuo firmados, tudo, de forma clara e precisa, individualizando o valor emprestado, o valor pago e o valor ainda devido, com referência aos 03 (três) anos anteriores ao ajuizamento desta medida, sob pena de não poder impugnar as contas a serem prestadas pelo FLAMENGO’.”
Um adendo interessante: Segundo balanço publicado pelo Consórcio Maracanã, de propriedade da Odebrecht S/A., a renda bruta do estádio em 2015 tem 72% de seu valor angariado em partidas do Flamengo. Vale lembrar também que em 2015 com o Engenhão fechado, Botafogo e Fluminense mandaram quase todos os seus jogos lá, tínhamos todos os clássicos e até mesmo o Vasco jogou lá todo o segundo turno do Campeonato Brasileiro, uma vez que seu presidente retirou os jogos de São Januário alegando falta de segurança, pois a torcida a cada jogo inflamava-se contra o nefasto cartola.
Para finalizar este primeiro post no Mundo Rubro Negro, é com grande orgulho que vejo o Flamengo levantar-se contra essa maléfica entidade que vive às custas de nosso clube, o eterno trem pagador que sustenta Federação e Maracanã desde sempre. Venceremos o mal que assola o Rio de Janeiro.
Saudações Rubro-Negras.
Bruno de Laurentis escreve todas as sextas-feiras. Siga-o no Twitter: @b_delaurentis
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