Alô, Nação Rubro-Negra! Alguém te enganou falando que o jogo de ontem seria fácil? Estamos na luta...
Tannacka Fla - Blogueiro da Nação Espírito Santo
Hoje quero tentar contar uma história verídica e sensacional, vivida por mim e por mais 85 Rubro-Negros do sul do Espírito Santo, dia 31 de Outubro de 2009, ano do Hexa. Eu e mais dois amigos, Rafael e Sebastião, vulgo Mercadinho, estávamos organizando uma excursão para o jogo do Flamengo no Maracanã, contra o Santos de Ganso, como sempre programávamos de organizar. Pela fase do “Maior do Mundo” naquela áurea época, Instantaneamente conseguimos a lotação máxima de dois ônibus para seguirmos viagem, fato inédito para nós até então! Tudo certo, organizado, só esperando o grande dia.
Embarcamos uma grande maioria, logo após meia-noite do dia 30 para o dia 31/10, em Castelo/ES, e iriamos se juntar com mais alguns amigos de Cachoeiro de Itapemirim, terra do Rei Roberto Carlos e do grande Bujica. Viagem programada para durar 7 horas até chegar na cidade maravilhosa, onde chegando lá, iriamos levar todos para um tour na sede do Fla, na Gávea, alguns iriam no Corcovado. Acontece que em todas nossas viagens, e isso até nos dias de hoje, levamos sempre pessoas que estão realizando um sonho, uma vontade de infância, de conhecer o Maracanã e de ver o tal Flamengo. Aí começa a incrível história de Adriel Thomazini de Andrade, conhecido por mim e pelos amigos como Sisquim. Gravem esse nome e esse apelido!
Viagem iniciada, todos devidamente embarcados, extasiados torcedores esperando o momento de gritar pelo nosso Flamengo em um Maracanã que já saberíamos que estaria lotado, noite chuvosa e indo devagar, mas sempre. Pegamos a BR-101 e a primeira parada que iriamos fazer seria em uma parada de ônibus logo após a cidade de Campos dos Goitacazes, já no estado do Rio de Janeiro. Paramos, nos alongamos, lanchamos e recomeçamos nossa saga. Começaria também uma história louca e inesquecível.
Logo após reiniciarmos a viagem, na cadeira atrás da minha, na parte da frente do ônibus onde eu era o guia, um telefone toca. Até aí nada demais, a não ser pelo fato de que a ligação não era sobre um fato muito comum. Voz embargada, olhos chorosos, expressão meio que de desespero... Era Sisquim recebendo a noticia que seu pai, o Sr Pedro Luiz Nunes de Andrade acabara de falecer por complicações de saúde. Bummmm! Imagina o que virou o interior daquele veículo, e também do outro ônibus que vinha logo atrás, no qual imediatamente avisei do ocorrido por rádio. Paramos tudo! No acostamento de uma BR-101 perigosa, a noite e chuvosa, não sabíamos o que fazer, era algo impensável para uma excursão de futebol né? A lágrima caia do rosto do jovem amigo, todos o consolavam e não sabíamos o que bem fazer. Naturalmente, voltar para casa era o caminho normal a se fazer. Eu como maior responsável pela excursão, segui o ‘protocolo’ e falei o óbvio para aquele momento, estaríamos voltando para Castelo/ES a tempo de nosso amigo poder velar e deixar o último adeus a seu pai. Aí vem a surpresa direto da boca dele:
- Não volta! Vamos seguir viagem, papai vai me esperar e eu vou dar essa última alegria para ele, porque eu sei que ele ‘ta’ torcendo também!
Lembro como se fosse hoje, que me abalou muito aquela declaração. Não sabia o que fazer! Chegamos a oferecer passagem aérea para ele voltar da cidade do Rio de Janeiro até Vitória e ele simplesmente ignorou a idéia e achou ruim a nossa insistência para ele voltar pra casa e enterrar seu saudoso pai. Ficamos o dia inteiro ao seu lado, desde na Gávea, passando pelo Cristo Redentor (não poderia deixar de ir, nesse momento), até nas cadeiras azuis do antigo Maracanã, atrás do banco de reservas de Andrade. Êxtase total, gol de Adriano e dois pênaltis pegos pelo Bruno, batidos por PH Ganso. Flamengo em busca da liderança e do tão sonhado Hexa! Festa completa? Não sei como estava a cabeça do Sisquim, mas víamos o sorriso e a alegria estampada no rosto daquele apaixonado olhando para o céu e apontando o dedo em riste depois daquela vitória, como se ele falasse: - É pra você, pai, vai com Deus!
Sempre achamos que conseguiremos resolver todas as situações que aparecem para resolvermos, mas encontramos barreiras inusitadas, mas que mesmo assim precisam ser resolvidas. Adriel voltou para casa, na madrugada de domingo para segunda, a pouco mais de 1 hora do enterro de seu pai! Trouxe a vitória no colo e a ofertou emocionado à aquele que foi seu exemplo. Como esquecer isso? É para a minha vida toda, e de todos que alí também estavam!
Menino guerreiro esse! Não sendo suficiente o ocorrido narrado aqui em cima, Sisquim era um dos pouco mais de 30 trabalhadores que estavam na embarcação da Petrobrás que explodiu no norte do Estado dias atrás! Saiu ileso e está pronto para outra!
Adriel, exemplo de Rubro-Negro! Capixaba persistente e feliz, acima de tudo!
SRN