O próximo movimento do Flamengo pode ser a pá de cal no sistema federativo

23/01/2023, 14:54
Flamengo entra com recuso no STJ e pede ressarcimento milionário do Governo

Há um tempo, o Flamengo entrou com processo contra o Grupo Globo por uso indevido de marca no Cartola FC. O clube não recebe um centavo e o Grupo Globo alega que é ação promocional do Brasileiro, pelo qual paga pelos direitos. Porém há anos o Cartola FC passou a ser monetizado.

Uma vez monetizado com assinaturas, o Flamengo entende que o uso de sua marca deve ser remunerado. Os “Fantasy Games” há muito tempo são boa fonte de renda e há muitas outras a se explorar. Mas é sempre uma batalha que o clube trava sozinho, sendo acusado de “egoísta”.

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Batalha histórica do Flamengo por direitos de transmissão começa ainda nos anos 70

Em 1977 foi outra batalha histórica do Mengão. Clubes viviam basicamente de suas rendas/bilheterias e faziam muitas excursões. Campeonatos eram deficitários e o dinheiro da transmissão dos jogos não era dos clubes. Nem uma parte sequer.

O Flamengo, que exigiu pagamento pelos direitos de TV de um Fla-Flu disputado no aniversário do clube, em 15 de novembro de 77, foi muito criticado por outros clubes, irritou a cúpula da TV Globo e a CBF, chegando ao gabinete do então presidente Geisel e acabou na Justiça.

Cartolas do Botafogo, por exemplo, dispararam contra o Flamengo: ”agiu erradamente”, ”errou na prática” e ”foi precipitado”. Márcio Braga conta que Roberto Marinho brigou com ele e passou anos sem relação alguma. Mas o Flamengo mudou o futebol brasileiro.

Em 2016, Flamengo tenta romper com sistema através da criação da Primeira Liga

Em 2016, ainda na gestão Bandeira, Flamengo tentou não assinar pelo Carioca, como faria Landim em 2020. Pressionado por federações, clubes e patrocinadores que queriam a exposição, clube buscou a Primeira Liga para substituir o Carioca e sofreu todo tipo de ataque.

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Dentre eles, multas, chamadas públicas, o presidente foi achincalhado no Arbitral, jornalistas diversos mais uma vez dizendo que clube agia contra o coletivo… Presidentes de clubes como Madureira e Boavista alegando que sem o Flamengo perderiam a cota de TV…

Bandeira não assinou o contrato de oito anos, mas acabou assinando por três anos, para que a próxima gestão decidisse o que fazer. Em 2020 o Flamengo já arrecadava R$ 1 bilhão e os R$ 15 milhões por ano, corrigidos pela inflação desde 2017, já não eram mais tão importantes.

A refutada “MP do Flamengo” virou a aprovada “MP do Mandante”

Com isso, Flamengo não assinou o campeonato e paralelamente lutou articulando junto ao Governo Federal uma mudança na lei via Medida Provisória que transferia os direitos de transmissão apenas para o Mandante. Rapidamente virou a “MP DO FLAMENGO“, de cunho altamente pejorativo.

Toda bancada dizia que o Flamengo não pensava nos outros clubes, enquanto em sua leviana ignorância, não entendia que com a medida, Flamengo deixava de ter 50% de TODOS os jogos para ter 100% de METADE dos jogos: apenas os jogos onde tivesse o mando de campo da partida.

A MP caducou e rapidamente as articulações do Fla convenceram mais clubes (destaque-se o Bahia) que a MP era importante para o crescimento de nosso futebol. E aí foi novamente para frente e acabou sendo aprovada e sancionada, mas já sendo chamada de “MP do MANDANTE”.

Paralelamente, Flamengo transmitiu seus jogos do Carioca em sua TV e a Rede Globo aproveitou para romper com todos os outros clubes o contrato de mais cinco anos de vigência. A campanha de setoristas que mais parecem assessorias de clubes foi forte e engajada. Mas deu em água.

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O que eles não entendiam é que a medida possibilitava que a Globo pudesse passar metade dos jogos do Flamengo sem pagar um real ao Flamengo, desde que acertasse com os outros clubes. Com um pouco de inteligência, logo se via que a medida beneficiaria o futebol como todo.

A Lei do Mandante, que pareou nossa legislação à internacional, privilegiava a negociação em BLOCO, não a INDIVIDUAL. Passado pouco tempo, os clubes passaram a articular a formação de uma LIGA. Surgiu a LIBRA, da qual faz parte o Flamengo, que quer operar nosso campeonato.

O surgimento da LFF para concorrer com a LIBRA

Paralelamente, ainda influenciada por gente de menos tino comercial ou ainda presa ao populismo clubista, surgiu uma outra Liga, a LFF, que tem muito menos clubes de série A e muito menos força. Discordam da LIBRA em detalhes de divisão de receita e tendem a ceder até 2024.

Flamengo já abriu mão de ficar com 100% de sua arrecadação com assinaturas do modelo Pay Per View a partir de 2025, em modelo de divisão de 30% igual para todos e 70% dividido por assinantes. Hoje, clube fica com 18,5% de mínimo das assinaturas, mas sempre esteve acima do valor.

O modelo de TV paga, aberta e streaming está, na LIBRA, nos moldes atuais que fizeram sucesso de 40/30/30, sendo 40% igual para todos, 30% por jogos transmitidos e 30% pela colocação no campeonato.

Inclusive o Flamengo também processa a Globo pelos jogos transmitidos. Explico: o clube alega que fica entre os menos transmitidos em estratégia da emissora para que, com mais torcedores sem jogo, atraia mais assinantes ao Premiere.

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O sistema federativo que comanda a CBF e nosso futebol hoje sabe que sofrerá uma dura perda

Fla não abaixa sua crista para ninguém. Sempre faz valer seus direitos, contra quem for. Trem pagador e rompedor de barreiras.

O próximo movimento pode ser a pá-de-cal no sistema federativo. Diz a Lei que um clube precisa estar filiado à uma federação, OU filiado à Liga de clubes reconhecida pela CBF. Uma vez organizadora do campeonato, o Flamengo dará importante passo para tirar força política da FERJ. E não só da FERJ: de todo o sistema federativo, que poderá perder de 40 a 60 clubes, dos maiores e mais importantes do país.

As Federações que hoje querem obrigar que se use time titular, que multam, que agem em interesse próprio, vão passar a negociar conosco, em DESVANTAGEM. Não será fácil darem outro golpe na Lei, como quando estabeleceram peso três no voto das Federações para eleição da CBF e mantiveram maioria contra 40 clubes de Série A e B com pesos 2 e 1.

O Fla processou a Federação para receber direto da TV e evitar multas por discordar do regulamento que lhe era imposto por votos do Arbitral de clubes pequenos com o mesmo peso, de dependência financeira e com empréstimos “confidenciais”: alvo de outro processo por transparência.

Se existe um clube hoje que quer mudar o futebol brasileiro, como faz há décadas, esse clube é o Flamengo.

Outras do Flamengo:

Não existe federação que viva sem os clubes. Mas clubes não precisam mais delas. Que toquem o futebol semi amador e amador. A CBF que crie mais divisões, regionalizadas. Não existe isso de federações obrigarem clubes a jogar um terço da temporada contra clubes municipais que arrecadam até MIL VEZES MENOS, porque elegem a Confederação e porque controlam torneios e arbitrais usando poder econômico sobre clubes fracos economicamente.

O Flamengo precisa de um campeonato de 9 a 10 meses do ano, que se estenda por toda a temporada, parando em Data-FIFA, contra clubes fortes economicamente. Precisa ver o produto crescer. Ou vai bater no teto da arrecadação e não vai ter como crescer mais.

SOMOS O FLAMENGO.

*Esse post não é em tom crítico à Rede Globo, como alguns pensam. Pelo contrário, ela age em lucro próprio como uma empresa que é. O Flamengo é que, em seu gigantismo, não vê adversário ao buscar o que lhe cabe e merece. Nem o maior grupo de mídia do país, nem a Confederação.


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