Sem contrato com o Maracanã em 2017, o calvário do Flamengo passou a ser insuportável
Em 2017, o Flamengo ficou sem contrato com o Maracanã, e passou a fechar seus jogos individualmente. A partir daí o calvário do clube, já penoso, passou a ser insuportável. Fechou um pacote de 3 jogos para a primeira fase da Libertadores, onde recolheu com sucesso três boas vitórias em casa, renda bruta de 8 milhões de reais, porém deixou entre 40 e 50% do total para trás com perdas significativas.
Dessa vez, além dos altos custos operacionais e de infraestrutura do estádio, clube tinha altíssimo aluguel a pagar. Esse altíssimo novo preço tornou inviável que clube jogasse no Maracanã suas partidas de Campeonato Estadual e jogos iniciais de Copas.
Antes de seguir, você precisa ler:
O Preço do Maracanã - Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã - Parte 2: Assinando com o Maracanã
O Preço do Maracanã - Parte 3: A cronologia do contrato
O Consórcio, asfixiado pelo descumprimento do contrato com o Estado do Rio em que constava na operação a construção de edifícios garagens, torre comercial e outros empreendimentos no Complexo Esportivo, viu que sua conta não fecharia e sinalizou que desejava encerrar o contrato devolvendo o Complexo.
O Governo, que quebrado não consegue sequer pagar seus servidores e acionara até o Governo Federal para salvar suas contas, não quer receber o Complexo esportivo de volta que demanda 55 milhões de reais anuais de manutenção.
Ao mesmo tempo, diz o Governo que contratou a FGV para criar um novo edital para o Complexo do Maracanã, desta vez permitindo que um clube opere o Consórcio. O Flamengo diz ter acordo com CSM e GL Events para entrar na concorrência totalmente estruturado. Mas o que temos de real é que o Edital nunca veio a público e que o Governo do Estado teme que a devolução imediata do Complexo ao Rio venha acompanhado de uma ação indenizatória de custos milionários cobrando quem rompeu o contrato de licitação primeiro. Quem o fez foi o Governo do Estado do Rio de Janeiro, ao impedir a demolição do Museu do Índio, do Parque Aquático Julio deLamare, da Escola Pública Friedenreich (escola pública de melhor IDEB municipal) por pressão popular, tornando a operação do Complexo deficitária. Ao mesmo tempo, Odebrecht teme romper unilateralmente o contrato e ser acionada judicialmente pelo Governo do Estado. E fica o jogo de empurra-empurra entre todos.
Então no meio desta disputa, o Flamengo, sem contrato com o Consórcio, passou a ser o maior prejudicado. Coube a ele custear a precificação da operação do Complexo, chegando a pagar 750 mil reais de aluguel por jogo. Fazendo um cálculo simplista, se nosso clube jogasse 40 partidas no estádio por ano, deixaria no caixa do Consórcio 54% do total anual de manutenção do Complexo. O resto o Consórcio arrecadaria com shows, eventos e jogos dos outros clubes, assim, fechando seu ano fiscal sem prejuízos colossais. O prejuízo agora era único do Flamengo, coagido e sem opções.
E isso não poderia continuar assim, então o clube, que já estudava desde 2016 um estádio pequeno para alugar e chamar de seu provisoriamente, viu o “sucesso” do Botafogo com a Arena Botafogo no Estádio da Ilha do Governador, e em fevereiro de 2017 deu início à construção de seu próprio estádio provisório na Sede da Portuguesa, mas dessa vez com piso pavimentado, transposição de canal pluvial que ameaçava o terreno, Praça de Alimentação com Contêineres, arquibancadas de melhor qualidade e personalização do Estádio.
Inaugurado com atraso, chamado de Ilha do Urubu, o estádio iniciou bem, apesar da precificação alta e com muita reclamação da torcida e do acesso ruim via Linha Vermelha que é conhecida por eventos diários de violência urbana. Porém em pouco tempo a precificação mostrou-se incorreta, uma vez que todos os fatos acima elencados tornou a Ilha um praça de desportos que tinha dificuldade de lotação, apesar de oferecer apenas 18 mil ingressos aos rubro-negros (fora o setor visitante com 2 mil lugares).
Causou estranheza o custo de operação do estádio mostrando-se semelhante ao do Maracanã, que é quase 4 vezes maior em público total, tamanho, estrutura... e quando o impacto inicial passou, acumularam-se jogos com prejuízo, com públicos entre 5 e 8 mil pessoas. O maior exemplo foi Vinicius Junior, já vendido para a Europa, fazendo seus primeiros gols todos no Setor Sul, com seus tentos viajando pelo mundo com arquibancada fechada, sem torcedores, prejudicando a imagem do clube de maior torcida do mundo.
Ainda assim, clube teve rendimento técnico ótimo na Ilha, com altíssimo aproveitamento. Proximidade da torcida do gramado pressionou muito os adversários, apesar da acústica ruim por não haver cobertura e ser conhecido por fortes ventos. Foi nele, no Estádio dos Ventos Uivantes, que aconteceu o primeiro gol da história de goleiro com bola rolando, do rubro-negro Ubirajara.
Jogamos contra Palestino e Chapecoense lá pela Sul- Americana nas fases 16 avos e oitavas de final, e também contra o Santos nas quartas da Copa do Brasil.
No Brasileiro, ótimo aproveitamento também. A sexta colocação na tabela passou pelo rendimento péssimo fora de casa, ao contrário do excelente rendimento como visitante de 2016. A Ilha foi ótima nesse aspecto técnico.
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O Preço do Maracanã - Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã - Parte 2: Assinando com o Maracanã
O Preço do Maracanã - Parte 3: A cronologia do contrato
O Preço do Maracanã - Parte 4: Sem contrato, a extorsão
O Preço do Maracanã - Parte 5: As duas torres e o efeito Manguinhos
O Preço do Maracanã - Parte 6: O fim da Ilha e o Estádio da Gávea
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Emerson Santos / Rádio Globo (Maracanã); Reprodução (Kléber Andrade)
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Bruno De Laurentis é assistente de arte, carioca e gamer. Escreve no blog "Deixou Chegar" e também é responsável pela identidade visual do Mundo Rubro Negro. Acesse: brunodelaurentis.com.br. Siga-o no Twitter: @b_laurentis.
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