Bom, de posse de todos esses fatos, chegamos à cronologia do contrato do Flamengo com o Consórcio
É notório que nosso clube precisa de um estádio para jogar. E não tê-lo sempre tornou o Rubro-Negro figurinha carimbada na mão de FERJ, Governo do Estado, Consórcio e suas empreiteiras, empresários do grupo de Cabral e outros asseclas. Estão atualmente enjaulados: Eike, Cabral, Membros do TCU, Marcelo Odebrecht e companhia.
Mas o Flamengo também teve suas decisões que causaram os imbróglios que que vivemos recentemente, que nos deixaram nômades e que certamente impactaram na performance do clube no período.
Antes de seguir, você precisa ler:
O Preço do Maracanã - Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã - Parte 2: Assinando com o Maracanã
Em 2013, assinado com o Maracanã, clube viu a glória. Salvou-se do rebaixamento no estádio e terminou em 11º lugar, conquistando a sua terceira Copa do Brasil com casa cheia. De posse de 8 milhões de renda só com a partida final da Copa do Brasil no estádio (mas perdendo mais de 1 milhão com custos), clube acreditou que o modelo de negócio estava aprovado e assinou por mais 3 temporadas, até 2016.
O problema é que em 2014 estádio fechou em março e só voltou a receber jogos de clubes após a Copa. Ainda assim, recebeu finais de turno e a grande final do Estadual - que o Flamengo levou sobre o Vasco - e mais partidas de Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. Na Libertadores, nos 3 jogos em casa, clube teve renda média de 2,3 milhões de reais por partida. No total, em 26 partidas, bilheteria bruta foi de 33 milhões de reais.
Em 2015, Flamengo jogou regularmente no estádio, mas a fraca temporada impactou nos resultados e não tivemos a mesma expressividade, uma vez que batemos recordes de derrotas no Brasileiro, não chegamos nem à final do Estadual e tivemos campanha pífia nas Copas.
No início de 2016, Maracanã fechou para ser preparado para as Olimpíadas. Ficou nas mãos do Comitê Rio 2016 que abriu o famoso buraco no meio do campo para a abertura, tão noticiado pela imprensa. Flamengo ficou sem casa e precisou rodar o país, jogando fora de casa sem o mando e também fora de casa com mando de campo. E aí o Flamengo se superou, mesmo com um interino efetivado no cargo, redescobrindo que não importa onde jogue, carrega consigo uma massa rubro-negra nacional. E acabou definindo como sua “casa” o Estádio de Cariacica, que tão bem o recebeu ao longo do ano. Acabou perdendo o campeonato por um desequilíbrio de elenco no jogo mais importante, e na reta final foi superado até pelo vice-campeão quando retornou ao Maracanã para as quatro partidas finais com desempenho abaixo da média.
Vale ressaltar aqui que diante da inércia do Comitê Rio 2016, que não finalizara a recomposição do estádio para devolvê-lo ao Consórcio Maracanã, que por sua vez não aceitava recebê-lo no Estado em que estava, o Flamengo comprometeu-se a fazer a reforma do gramado e até acelerou a instalação de cadeiras, retirada de lixo e remanejamento de materiais. Clube gastou 2 milhões de reais aproximadamente para deixar o estádio apto para jogar a reta final do Campeonato Brasileiro que disputava cabeça-a-cabeça, pagando até mesmo a conta de luz atrasada - estádio estava sem fornecimento.
Fontes:
Outro ponto importante aqui, é que o Flamengo tinha o Engenhão como carta na manga. Como jogou lá entre outubro de 2010 e março de 2013 com algum sucesso, Flamengo contava com o estádio de 45 mil lugares no caso do Maracanã endurecer negociações como um trunfo. Mas o ex-presidente alvinegro Carlos Eduardo Pereira, o CEP, endureceu com o Flamengo dizendo ser por causa do caso Arão, do caso Porta dos Fundos e por causa da morte de um torcedor de organizada botafoguense no entorno do Engenhão. Mas no plano de fundo, recebeu as luvas já citadas no texto pelo contrato de 35 anos e durante o período em que endureceu com o Flamengo, curiosamente nunca foi cobrado pela empreiteira.
Esta sucessão de agentes contra o Flamengo deixou o clube sem saída. Mais uma vez, Flamengo era o trem pagador do Estado, reformando patrimônio público e privado alheio com altos custos, nunca ressarcidos. E é por isso que é tão difícil que permitam-nos ter nosso estádio.
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O Preço do Maracanã - Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã - Parte 2: Assinando com o Maracanã
O Preço do Maracanã - Parte 3: A cronologia do contrato
O Preço do Maracanã - Parte 4: Sem contrato, a extorsão
O Preço do Maracanã - Parte 5: As duas torres e o efeito Manguinhos
O Preço do Maracanã - Parte 6: O fim da Ilha e o Estádio da Gávea
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Emerson Santos / Rádio Globo (Maracanã); Reprodução (Kléber Andrade)
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Bruno De Laurentis é assistente de arte, carioca e gamer. Escreve no blog "Deixou Chegar" e também é responsável pela identidade visual do Mundo Rubro Negro. Acesse: brunodelaurentis.com.br. Siga-o no Twitter: @b_laurentis.
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