A saída do treinador colombiano para a seleção chilena finalmente foi concretizada, depois de uma verdadeira novela mexicana.
Carpegiani. Técnico do melhor time que vi jogar no Brasil desde 1972. O Flamengo de 1981-82. Pela ordem, campeão da Libertadores, estadual, mundial e brasileiro. Vem de ótimo trabalho no Bahia. Pode reencontrar na Gávea tudo que fez em campo e no banco nas primeiras passagens.
Ele vai ser substituir Reinaldo Rueda. Aquele que não conseguiu ser o que poderia ser pelo elenco, clube e condições que deixou.
Quase toda essa história lembra outra para esquecer: Outubro de 2003. Oswaldo de Oliveira deixa o Flamengo em crise. O senhor Vassoura, o diretor de futebol, depois de exaustivas reuniões, decide efetivar o auxiliar-técnico da comissão anterior: Waldemar Lemos. Irmão de Oswaldo.
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O anúncio é feito à frente de torcedores, que, digamos, não reagem muito bem ao anúncio e à ideia de ter o “senhor Waldemar” à frente do clube que estava na 12ª posição no BR-03.
Em 31 segundos depois de doutor Vassoura nomear o interino, o coro “Fora, Waldemar” tomou conta do ambiente e, nos últimos anos, graças à audiência rotativa da ESPN Brasil, virou meme. Dos melhores do futebol e da vida. O melhor, mesmo, é que o senhor Vassoura estava certo na sua ideia, certamente não no local do anúncio dela, em frente à tão seleta audiência. Nos 10 jogos restantes do BR-03, o senhor Waldemar ganhou cinco pelo Brasileiro (e mais um amistoso) e subiu quatro posições na tabela. Terminou o campeonato em oitavo. Então a melhor classificação rubro-negra desde 1997.
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Ele não permaneceu em 2004, algo tão estranho quanto o anúncio dele e a ascensão do Flamengo na tabela do BR-03. Senhor Waldemar voltaria em 2006 como efetivo e levaria o Flamengo até a decisão da Copa do Brasil. Quando foi demitido antes da final vencida contra o Vasco. Mais uma vez com desempenho melhor do que a encomenda. Outra vez de modo estranho.
Algo que não aconteceu com Reinaldo Rueda na Gávea. Anunciado com a devida pompa. Desanunciado com indevida decepção. E não acontecerá porque o ótimo treinador colombiano acertou com o Chile. Depois de um dramalhão mexicano com roteiro de novela venezuelana que atrasou e atrapalhou a programação do Flamengo para 2018 tanto quanto a exposição do clube à situação. Algo que o clube não teria muito o que fazer. Mas desde o início precisava ter se imposto melhor. E sobretudo exposto a situação à torcida.
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O Flamengo deu a impressão de estar vendido. Pior: de não saber o que estava acontecendo. Ainda pior: de estar refém do treinador. Muito pior: de não estar nem aí com tudo isso.
Rueda precisava do tempo que o Flamengo deu a ele. Mas ele não precisava ter brincado esse tempo todo com o Flamengo nesse reality-show de sua saída.
A rápida resposta rubro-negra não suscita um “fora, Carpegiani”. Mas é preciso mais uma vez ter paciência com ele. A mesma que se teve com Rueda.
Mauro Beting, 51, não é Flamengo. Mas foi um pouco por Zico e em nome do melhor time que viu na vida (o Flamengo de 1981-82), que inspirou o melhor Brasil pelo qual torceu (o de 1982). Comenta futebol no UOL, Esporte Interativo e Jovem Pan. Diretor de documentários esportivos, escreveu 16 livros. Curador do Museu da Seleção e do Museu Pelé. Desde 2010 é comentarista do videogame PES. Desde 2017 corneta por aqui. Siga-o no Twitter: @Mauro_Beting.<
Imagem destacada no post e redes sociais: Reprodução Youtube
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