Se escorando na Florida Cup, no Estadual e em ideias que já deveriam ter sido abolidas há tempo, Abel mantém o repertório na vitória e, principalmente, na derrota.
Sabe aquela banda que teve história, tem um acervo enorme, já fez grandes shows, mas hoje vive do passado, repete as músicas a cada noite e só vive por pura insistência dos fãs? A venda de discos se mantém, os shows tão sempre cheios. Só que no final, o pessoal sempre sai falando que foi igual ao anterior, não mudou nada.
É o Flamengo do Abel Braga. Se escorando na Florida Cup, no Estadual e em ideias que já deveriam ter sido abolidas há tempo, Abel mantém o repertório na vitória e, principalmente, na derrota. Quando vence é basicamente porque seus jogadores encontraram a solução em campo. Quando perde, tentou mexer no show, só que alternou apenas a ordem das músicas, não sacou nenhum hit especial escondido para surpreender o público. As mesmas notas, o mesmo repertório, as mesmas jogadas. Manjado.
Diego Alves, Pará, Rodrigo Caio, Cuéllar, Renê, Arão, Everton Ribeiro, Berrío, Vitinho, Bruno Henrique e Lincoln. Foi com esse time que o Flamengo terminou o jogo contra o Atlético desesperado para empatar com um time com um a menos desde o primeiro tempo.
E foram apenas bolas na área. Fosse lateral, escanteio, chute de longe, só uma fórmula – cruzar na área na esperança de uma cabeça acertar. Nem Vitinho, nem Berrío, nem Lincoln são bons no jogo aéreo. Nem Pará nem Renê são bons em providenciar o jogo aéreo. Mas foi assim que o pragmático e previsível time de Abel Braga tentou furar a retranca mineira. Não conseguiu, óbvio. Por quê?
Não é novidade que Abel não sabe mais surpreender ninguém e que seu time joga na base do “vamos lá, porra”. Quando os jogadores embalam, vai. Quando não embalam, fica. No fraquíssimo Estadual, as trocas de passes, as triangulações e envolvimento do adversário rolavam. Mas era a Cabofriense, o Bangu, o Volta Redonda, o Boavista… Quando pegaram times mais fortes, isso não apareceu. Contra os fracos LDU e San José, em casa, o time sobrou. Mas quando subiu o morro, ganhou pela diferença mínima contra o San José (sem desmerecer a grande vitória, que foi GRANDE mesmo!) e perdeu, de forma triste, para a LDU. Em casa, não furou a retranca do Peñarol, perdeu. Fora, perdeu um caminhão de gols, mas segurou o 0x0 e se classificou.
Quando vence é basicamente porque seus jogadores encontraram a solução em campo.
Pelo Brasileiro, em quatro jogos contra postulantes ao título, uma vitória, duas derrotas. Perdeu fora para Inter e São Paulo. Ganhou do Cruzeiro, antes favorito, hoje ladeira abaixo. Como comparação, o Palmeiras, também candidato e principal rival na caminhada, ganhou de Inter e Atlético (fora) e trucidou o Santos. A famosa diferença que no final ganha um título nos pontos corridos.
Tem muito campeonato pela frente? Sim, claro. Mas o Flamengo, ao longo do ano, viveu de lampejos de seus jogadores e não fez nenhuma atuação tática capaz de mostrar alguma esperança de mudança durante uma partida. Pelo contrário. Quando se vê com problemas, Abel joga o que tem de atacante no banco e torce para algo sair. Não saiu. Parece que os jogadores que entram em campo com a ordem “decide lá, faz alguma coisa” na cabeça e só. Estamos em maio e não vimos nada, absolutamente nada, de criativo no time. Quase sempre 90 minutos de nada. Contra o Atlético foram trinta e quatro cruzamentos para nada. Posse de bola absurdamente maior para nada.
E Abel ainda fala que perder em Minas é normal. Amigo, para ganhar o Campeonato Brasileiro de pontos corridos, não existe isso de normal. Time campeão ganha lá e cá. Como o Palmeiras, atual campeão, ganhou do Atlético. Lá. Estamos perdendo tempo.