João Luis Jr: O futebol segue longe, mas ao menos a vitória finalmente chegou
A história é mais ou menos assim: dois homens estão acampando numa floresta quando ouvem o rosnado de um urso. Um deles imediatamente começa a calçar seu tênis, e o outro pergunta por que ele está se dando ao trabalho, já que nenhum deles vai conseguir correr mais do que o urso. Sorrindo, o primeiro homem, o do par de tênis, responde: “mas eu não preciso correr mais do que o urso. Eu só preciso correr mais do que você”. E foi basicamente essa a situação do Flamengo no Maracanã nesta segunda-feira (13).
Após o sofrido e caótico triunfo por 3×2 sobre o Vasco da Gama, pelas semifinais do Campeonato Carioca, uma noite em que o Flamengo não fez uma boa partida, não esteve à altura do que se espera dele, mas fez o mínimo necessário para jogar mais do que o adversário.
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Não fez uma boa partida porque, mais uma vez, o Flamengo de Vitor Pereira foi a versão futebol daquele meme que circulou algum tempo atrás. Um time que marca fofo, ataca errado, briga fino e pressiona fraco. Com uma desorganização tática quase constrangedora, temos um Flamengo defensivamente perdido seja com dois, três ou dez zagueiros. E que não cria opções no ataque seja com laterais, alas ou o que quer que o Matheuzinho seja a essa altura do campeonato.
Mas ainda que Vitor Pereira tenha, mais uma vez, organizado o time já pensando em como gastar os 15 milhões da multa rescisória em uma suntuosa viagem de férias com sua esposa e sogra, envolvendo talvez um cruzeiro open bar ou quem sabe um resort all-inclusive, com direito a Cebolinha no banco após o jogador ser o melhor da partida anterior, obviamente ele não contava com dois fatores que foram decisivos para o resultado desta noite.
Primeiro a qualidade individual rubro-negra, que mais uma vez conseguiu se destacar mesmo diante da confusão tática e das não tão boas condições físicas. Arrascaeta não esqueceu como se joga futebol, Thiago Maia mesmo perdido ainda vive seus momentos e Pedro não foi pra uma Copa do Mundo apenas porque precisavam de um atleta queixudo. Como já aconteceu diversas vezes, em diversas temporadas, com diversos técnicos, quando tudo mais falha a qualidade técnica ainda consegue sim fazer a diferença.
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E depois disso veio a solidariedade lusitana de um Vasco que, vendo um português encaminhar sua demissão, fez de tudo para reverter esse cenário, seja com uma assistência para o gol do nosso camisa 9, seja com todo um setor defensivo que ficou olhando e aplaudindo enquanto Fabrício Bruno fazia, de cabeça, o gol que decidiria a partida. Vitor Pereira não queria que o Flamengo vencesse? Bem, o Vasco queria menos ainda que Vitor Pereira perdesse e fez questão de deixar isso claro.
O que temos então é uma vitória, que apesar de positiva para as ambições do Flamengo no Campeonato Estadual, diz menos sobre qualquer evolução tática da equipe rubro-negra do que sobre um Vasco recém-promovido para a Série A e que não conseguiu fazer frente para seu rival mesmo quando esse mostrava frágil e desorganizado. O Flamengo ainda não parece pronto para vencer? Não, não parece. Mas na noite de ontem o Vasco esteve muito preparado para perder? Certamente sim.
Resta agora torcer para que, com um pouco mais de paz e uma semana para treinar, Vitor Pereira consiga finalmente apresentar alguma evolução para a partida do próximo fim de semana, ainda que, pelo que vimos até agora do treinador português, o mais provável é que, ao invés de corrigir os erros e manter os acertos, ele vá querer fazer exatamente o oposto.
Tomara então que o Vasco, que se esforçou tanto para ajudar nesta segunda, mantenha o mesmo espírito generoso para a semana que vem. O complicado é acreditar que todos os times, durante a temporada, vão ser tão gentis assim.