O controle de carga do Flamengo sobrecarregou a noite do torcedor

Cientistas pesquisaram, autores de ficção científica teorizaram, mas foi o Flamengo que conseguiu. Sim, nesta noite de quarta-feira a equipe rubro–negra conseguiu transformar o Maracanã numa grande máquina do tempo e transportar quase 60 mil pessoas de volta ao passado.
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Infelizmente, porém, houve algum erro na programação e ao invés de irmos pra 1981 ou 2019 fomos diretamente para aquela época em que passávamos muita vergonha na fase de grupos da Libertadores.

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Tudo começou com a escalação da equipe, pensada para poupar jogadores, mas que acabou não poupando em nada o psicológico do torcedor. Os dois laterais sofriam de linhadefundofobia, os atacantes eram alérgicos ao chute e Arrascaeta vivia uma noite tão ruim que se ele caísse num fosso já seria uma evolução.
Veio aí o pênalti praticamente embrionário - já que pra ser infantil ainda teria que amadurecer muito - de Léo Pereira, que cumpriu aquela função protocolar, no começo dos anos 2000, de complicar um jogo dentro de casa que tinha tudo pra ser fácil.
Mas como apenas um gol de desvantagem ainda era pouco, a equipe fez questão de cometer mais um erro grotesco numa bola cruzada, garantindo que a equipe argentina, que tinha vindo pra buscar se muito um empate e algumas lembrancinhas no free shop, se visse descendo para o intervalo com um impressionante 2x0.
No segundo tempo o time melhorou? Digamos que sim e não. De la Cruz conseguiu reduzir a diferença no placar, Pedro conseguiu voltar aos gramados e os jogadores que entraram, como Wesley e Luiz Araújo pareciam bem mais dispostos a tentar do que aqueles que foram substituídos.
O problema é que o gol de De la Cruz foi sim o único, Pedro mal recebeu um passe e tudo que Wesley e Luiz Araújo tentaram eles erraram de maneira indiscutível e impressionante, nível “cara, acho que acertar teria exigido menos esforço, você tá de parabéns”.
Tivemos então uma noite daquelas de antigamente, com 100% de aproveitamento em termos de fracasso. Três pontos foram jogados no lixo dentro de casa diante de um time mais fraco, os jogadores que estavam sendo poupados tiveram que entrar no segundo tempo pra correr como malucos e o Flamengo conseguiu se complicar em um grupo que no papel poderia ser muito tranquilo.
Resta agora lidar com as consequências. Nossa margem de erro caiu muito e uma vitória na Argentina se tornou quase obrigação, a pressão pelos resultados no Campeonato Brasileiro vai apenas crescer após o time ir mal na Libertadores, se o torcedor confiava no rodízio de Filipe Luis, agora ele com certeza confia um pouco menos.
Mas se o Flamengo queria mesmo fazer parecer que o maior torneio do continente não era a sua prioridade, ninguém pode dizer que ele não conseguiu.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Substack.