O adeus do traidor

17/07/2020, 18:25
Atualizado: 01/11/2023
jorge jesus

Meu sentimento, minha dor e minha mágoa o fazem chamar de traidor. O elenco eu não sei, mas a torcida se sente traída. Aqui não voltarás

Blog Resenha Rubro-Negra | Por Ricardo Moura – Twitter: @ricardomouraCRF

Não importa o que faz ao longo da história. O que fez hoje é o que vale.

Passar 30 anos ajudando as velhinhas a atravessarem a rua ou ajudando quem precisa. Tudo isso é lindo, mas é hoje empurrar um idoso na rua e dar um tapa na cara de uma mulher, levará eternamente a alcunha de TRAIDOR!

Jorge Jesus teve um ano mágico. Sendo honesto, o melhor ano de sua carreira. Nunca teve um time tão bom. Nunca fez um trabalho tão bom. Não fez. Nunca mais fará! 

Sua saída, anunciada por portais no Brasil e em Portugal, deixa a última imagem de um homem que veio, venceu e partiu sem ao menos dar a palavra de adeus. 

Do mesmo autor: Entre ódio e paz

Sua despedida foi em campo. Ganhando o falido campeonato carioca. Seus adeus ficou para os jogadores, explícito no abraço em Gabigol, ao final da final estadual. 

Ali, naquele momento, a torcida sabia que o fim estava claro. Muito tentaram se enganar. Mas sabíamos, em maioria, que aquele era o abraço que o homem da a mulher ao fim do relacionamento. Acabou!

Meu sentimento, minha dor e minha mágoa o fazem chamar de traidor. Pois poderia ali, naquele momento, ter falando com a torcida. Poderia, na fria entrevista dada a FlaTv, veículo de relações públicas do clube; avisar que estava partindo. Ficaríamos triste, mas saberíamos de sua boca.

Jesus se vai e não vai só. Como os piores fins, se apropria do que trouxe e ainda leva o que achou por aqui. Levará sua comissão e tentará levar nosso médico. Atitude de canalha!

Que se vá. Que viva a vida e que em pouco tempo a arrependa do que fez. 

Não, não estou rogando praga. Pois nem acredito nisso. Estou apenas deixando claro a situação. Não terás mais na sua carreira um time tão bom e uma torcida tão encantada. 

De todos os gestos de uma relação, não importa qual, a traição é a maior delas. O elenco eu não sei, mas a torcida se sente traída. E mais que isso, não tivemos nem a palavra final de quem um dia amamos. Que sua vida seja boa, pois aqui não voltarás.

O Flamengo a de seguir seu caminho de glória. Se um dia a gente chorou o adeus de Zico, não será um messias qualquer que fará minha dor ser maior! 


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Ricardo Moura
Autor
Ricardo Moura é jornalista e apaixonado pelo Flamengo. Não debate finanças e reluta em usar termos da moda, como terço final e mapa de calor. Acredita que o futebol e o Flamengo trabalham com a paixão e por isso esquece números e se apega ao lúdico do ...