Quarta-Feira, 16 de agosto de 2017. Um famoso programa de debates esportivos da TV fechada inicia o pré-jogo da primeira partida da semifinal da Copa do Brasil, entre Flamengo e Botafogo. Ao explorar o tema, os jornalistas realizam a escolha dos jogadores entre os dois clubes por posição (o famoso Raio X). Dos 11 jogadores, 9 do Botafogo e apenas 2 do Flamengo. Aquele foi um dos últimos atos de um clamor em colocar o Botafogo antecipadamente na final, de uma campanha intensa e determinada em provar que o time do Flamengo era inferior ao Botafogo, como equipe.
Nunca foi. Nunca será. Mesmo com Zé Ricardo, o Flamengo já havia enfrentado o Botafogo em outras oportunidades no ano e foi melhor em todas elas. Não perdeu nenhum jogo. Muitos vão dizer que o Botafogo segue na Libertadores e o Flamengo não. E é verdade. Assim como é verdade que esse fato não é determinante para colocar um time como melhor que o outro. E Flamengo e Botafogo estão aí, justamente, para provar isso.
O Botafogo encontrou um jeito de jogar que funciona muito bem para jogos mata-mata. Foi competente na maior parte dos jogos da Libertadores. Grande mérito. Mas é um time que possui um único jeito de jogar: não propor o jogo. Um time que se fecha, joga com 3 volantes (4, se considerarmos que João Paulo nunca foi um meia clássico) e que explora a velocidade de seus extremos. Funciona. Pode brilhar pelos resultados, nunca pelo futebol em campo.
O Flamengo foi superior nos dois jogos. Se não foram exibições de gala (e não foram), foram exibições seguras, firmes e que deixaram claro os papéis de cada time. Um quer jogar futebol. O outro não. O placar magro refletiu as poucas oportunidades criadas, mas não refletiu a diferença dos dois times, na postura, qualidade e capacidade de jogar futebol. Chegou-se ao ponto de percebermos cera do goleiro alvinegro nos minutos iniciais do jogo de ontem. Talvez, esse seja o maior mérito do nosso adversário: conhecer seus limites.
Voltando àquela quarta-feira, podemos discutir novamente o tal Raio-X. No gol, poucos destaques, mas pudemos perceber que se houve alguma falha, essa foi do goleiro alvinegro ainda no primeiro jogo, quando Gatito soltou uma bola fácil nos pés do Berrío. Nas laterais, Luis Ricardo foi muito mal ontem e Vitor Luis está com a coluna torta com drible do Berrío. Para, Rodinei e Renê não foram destaques, mas foram superiores aos alvinegros. Na zaga, Rever e Juan foram absolutos. Nosso meio-campo criou mais e foi superior. Basta observar que, mesmo não jogando tão bem, Diego colocou uma bola na trave e fez um gol. Qual destaque tivemos no meio-campo adversário? No ataque, difícil até comparar. Enquanto Guerrero foi eleito o melhor em campo ontem, simplesmente não pudemos avaliar os atacantes do Botafogo, porque eles pouco participaram nos 180 minutos.
Muitos vão dizer que é fácil falar depois que acontece. Não vou culpar os jornalistas pela ilusão que os resultados (não o futebol) apresentados pelo Botafogo provocaram. Mas vou dar uma dica aqui: Nunca serão! O Flamengo, pela sua cultura, pelo seu tamanho, pela sua torcida nunca deixará de ser forte frente aos rivais nacionais, que dirá regionais. Se somarmos a esses fatores a qualidade do elenco e a gestão profissional, fica ainda mais fácil entender que esse Flamengo nunca deixará de ser favorito contra esse Botafogo. Cabe agora a esses mesmos jornalistas aceitarem os fatos e entenderem que gigantes nunca perdem por antecipação.
Felipe Foureaux escreve todas as quintas-feiras no MRN. Siga-o no Twitter: @FoureauxFla
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