Óbvio que é justificado reclamar da expulsão bisonha que Pulgar conseguiu arrumar, claro que é direito do torcedor questionar os sempre fluidos critérios de mão na bola/bola na mão e braço aberto/braço fechado que levaram à marcação e, logo depois, “desmarcação” de um pênalti na noite desta terça-feira.
Mas também é mais do que evidente que não foi nesse empate fora de casa contra o Fortaleza – um resultado até bem razoável se você levar em conta que enfrentávamos, fora de casa, um time que brigou pelo título e está invicto em seu estádio – que o Flamengo deu adeus à briga pelo título brasileiro.
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Ainda que a frieza dos números possa sim indicar que foi a combinação de resultados desse meio de semana, com nosso empate e a vitória do Botafogo, que tirou de vez dos rubro-negros a chance de comemorar mais um título nacional, a verdade é que, num triunfo visionário de planejamento, Landim e Braz conseguiram tirar o clube da briga pelo Brasileirão de 2024 ainda em 2023, com a contratação de Tite.
Porque ainda que sim, a gestão Filipe Luís tenha tido seus tropeços – a derrota para o possivelmente rebaixado Fluminense, o empate sofrido no finalzinho contra o Internacional, dois pontos perdidos em casa porque David Luiz queria cobrar pênalti pra impressionar uma criança – a verdade é que foi o lamentável trabalho de Adenor Bacchi e sua comissão técnica formada por parentes de Adenor Bacchi que tirou do Flamengo qualquer chance de briga pelo título.
Aquela derrota pro Fortaleza em casa, não são três pontos que fazem falta? Aquele empatezinho com o Cuiabá, não são mais dois pontinhos que fariam a diferença? O empate com o Palmeiras em casa, no confronto direto, não pesou na posição na tabela? E ser massacrado pelo Botafogo naquele 4×1, não são pontos que agora estão ajudando o alvinegro a garantir o título? E perder fora pra um Corinthians que estava descendo ladeira abaixo ou empatar com o Vasco que vem penando pra pontuar?
Então o fim da estrada pro Flamengo na briga pelo Brasileirão 2024 não foi o pênalti não marcado ou o carrinho maluco do Pulgar, mas sim, como vem acontecendo com frequência, foi o péssimo planejamento da diretoria antes mesmo da caminhada começar. Uma diretoria que não entende nada de futebol, que não tem a menor ideia do que quer, e que mais uma vez foi salva de uma temporada patética por um treinador predestinado e um elenco muito qualificado.
E ainda que não se saiba quem vai estar no comando do Flamengo ano que vem, com uma eleição do clube se aproximando, a esperança é que não apenas a gestão do futebol fique na mão de pessoas que, no mínimo, não estejam em jornada tripla envolvendo futebol/vida política/ataque à virilhas, como que o clube possa finalmente possa ter um planejamento real, e não essa mistura de desespero, conveniência e egocentrismo que temos tido.
Porque o Flamengo é grande demais e o Brasileirão é importante demais pra que a gente, com 9 pontos ainda em disputa, já esteja, não apenas fora da briga pelo título, mas cientes de que, na prática, nunca realmente fizemos parte dela.