Toda análise de jogo do Flamengo no Campeonato Carioca começa mais ou menos com o mesmo asterisco. “É um torneio falido, são adversários de baixo nível técnico, a FERJ faz um grupo de Whatsapp pra marcação de churrasco parecer a NASA em termos de organização”.
Diante do Boavista então, atual 7º colocado do estadual, que busca uma vaga na Série D, e que quando a coisa complica mete em campo o lendário Erick Flores, chega a ser até caso de colocar um asterisco no próprio asterisco.
➕ Com Tite é raro ter show, mas também é raro tomar gol
Então não, não dá pra se iludir. Golear o Boavista não credencia ninguém a muita coisa – o Madureira fez 3×0 nos caras no começo do mês – vitórias são obrigações no Carioca e na verdade foi até pouco, já que teve pênalti perdido do Pedro e, apesar do placar tranquilo de 4×0, foram onze as chances claras criadas pelo Flamengo.
Mas ainda que seja cedo demais pra dizer “rumo a Tóquio” ou acreditar que o Flamengo de Tite “deu liga”, é fato que vitórias assim são, ainda que protocolares e compulsórias, uma coisa gostosa de assistir.
É bom ver Cebolinha cada vez mais arisco pelo lado esquerdo, enquanto Luiz Araújo parece estar realmente se encontrando e assumindo a posição do lado direito – ainda mais quando sabemos que Bruno Henrique está pedindo passagem no banco de reservas.
É positivo ver Igor Jesus surgindo como excelente opção para a posição de volante, num cenário em que Gérson e Pulgar estão lesionados e Allan parece ser a pessoa real em quem foi inspirada a canção “Zé Meningite” do Grupo Revelação.
O show de Arrascaeta, cada vez mais entrosado com Nico de la Cruz também é algo auspicioso, mostrando um reforço que parece extremamente disposto a se encaixar o quanto antes no esquema rubro-negro, sem aqueles períodos de adaptação de quase um ano que certos jogadores já chegaram a viver.
Então realmente, Flamengo liderando o Carioca, classificado para as semifinais com duas partidas de antecedência, melhor defesa e melhor ataque, não garante nada para o resto da temporada e num certo grau seria até mesmo o esperado, dado o fato de que somos o melhor time no papel, com o elenco mais valorizado e a maior folha salarial.
Mas não se pode deixar de perceber que bem, perto de alguns recentes começos de temporada, perto do quanto, ano passado, por exemplo, vimos o Flamengo se esforçar ao máximo pra já complicar o próprio ano antes mesmo do fim do primeiro trimestre, o time de Tite nos dá sim mais razões para animação do que vínhamos tendo, ao menos desde a época de Dorival Junior.
Existe muito chão pela frente e muita coisa a ser administrada? Com certeza. Temos uma torcida que vaia atacante depois de goleada e um elenco onde sobram bons jogadores em algumas posições e faltam em outras, além de uma diretoria que sempre faz o que pode para sabotar o próprio futebol.
Porém isso não impede que a gente não apenas aproveite a alegria de vitórias tranquilas como essa, como também imagine as alegrias ainda maiores que esse time pode dar, se Tite continuar o bom trabalho e conseguirmos enfrentar todos os adversários com a vontade que fomos pra cima do coitado do Boavista.