Não basta ser craque e capitão: Gerson também é o melhor amigo que você poderia ter
Pra gente não ficar repetitivo, não vamos falar que mais uma vez o Flamengo fez todo o possível para complicar um jogo que poderia ter sido bem mais fácil. Comentar sobre o gol de empate do Juventude, onde nosso setor defensivo estava torcendo pelo nosso ataque ao invés de marcar o ataque adversário ou questionar o que passou pela cabeça de Rossi no segundo gol do time gaúcho iria com certeza proporcionar mais perguntas do que respostas num clube onde a situação psicológica parece sempre ir da total euforia para o absoluto desespero em questão de segundos.
Então vamos falar de algo que também vem se repetindo, com a mesma constância, mas que talvez não esteja recebendo o reconhecimento merecido, que é o fato de Gerson cada vez mais vem se mostrando não apenas o principal jogador rubro-negro – e um dos melhores jogadores atuando no país – como também vem deixando claro que é um dos melhores amigos que qualquer um de nós poderia ter nessa vida.
Pegue como o exemplo a partida de hoje, mais uma tarde em que o nosso camisa 8 decidiu que não apenas iria pegar a partida, colocar debaixo do braço e resolver, como iria também, durante esse processo, ajudar vários dos seus companheiros de time, mais ou menos como o colega inteligente do colégio que decide fazer prova em dupla com a criança um pouco mais burrinha pra tentar evitar que ela pegue recuperação.
No segundo gol, por exemplo, pênalti sofrido por Gerson, que segura a bola pra quem cobrar? Gabigol, atual titular e artilheiro histórico da nação, mas que já estava há tanto tempo sem balançar as redes que o “gol” de seu nome parecia menos uma promessa e mais uma ironia, como chamar o amigo baixinho de “Gigante”. Favor feito, pênalti convertido e quem sabe um pouco mais de confiança pra que Gabriel volte a produzir nessa reta decisiva do ano.
Já no terceiro gol o gesto foi mais simples e pra alguém que estava precisando de menos ajuda. Arrascaeta, que fez uma grande partida com direito a bola na trave e recebeu um passe açucarado de Gerson para ampliar o placar e melhorar sua fase, após jogos onde não atuou tão bem ou foi obrigado a se sacrificar pelo time, como na Copa do Brasil.
E por fim, provando que é importante ajudar até quem não se ajuda, foi a vez de deixar na cara do gol Gonzalo Plata, que junto com Carlos Alcaraz forma a dupla de reforços que menos vem efetivamente reforçando o Flamengo nesta temporada, com Charly sendo igualmente deficiente em todas as posições do meio de campo e Plata se mostrando uma espécie de Berrío com um drible a menos, o que é complicado, porque o Berrío só tinha um drible.
Então mais do que uma vitória que tranquiliza a situação do Flamengo na briga pelo G4 – ou, se você quiser ser um pouco mais delirante, permite seguir sonhando com o título brasileiro – o triunfo sobre o Juventude neste sábado foi uma celebração do quanto Gerson, nessa temporada, vem jogando não apenas por ele mesmo, mas também por muito mais gente, e a diferença que isso tem feito até aqui na campanha do Flamengo.
Ainda que, é claro, nos obrigue a pensar no quanto essa temporada seria diferente se, ao invés jogar só Gerson, às vezes Gerson e Léo Ortiz, de vez em quando Gerson, Léo Ortiz, Arrascaeta e Pulgar, todos os jogadores de linha realmente decidissem participar, todo mundo decidisse contribuir e o Flamengo realmente usasse a capacidade que, no papel, é visível que ele tem. Não parecesse provável, mas é inegável que seria incrível se a gente conseguisse ver algo assim acontecendo, quem sabe ainda esse ano.