Nada será como antes

12/12/2024, 10:52
Rodrigo Dunshee de Abranches participa de cerimônia no Flamengo junto do presidente Rodolfo Landim

Wind of Change. O vento da mudança.

Ele vem soprando há tempos.

E se intensificando.

Não foi por falta de avisos…

Todos por elas | Coluna da Marion Kaplan

Nunca na história do futebol brasileiro, um clube faturou tanto. E há muito tempo, o Flamengo não acumulava tantas taças.

Mas a insatisfação era grande. Os escândalos, as polêmicas, os problemas se sucederam sem soluções apresentadas.

Modernização, profissionalismo, reforma do estatuto, da governança.

Necessidades que todos enxergavam. Mas que foram ignoradas.

Nada foi feito.

Pelo contrário, o discurso era de continuidade. “Em time que está ganhando, não se mexe.”

Do outro lado, propostas respondendo aos anseios e apelos de anos, em prol da  reestruturação, de mudanças, de um novo estatuto. E profissionalizar, profissionalizar, profissionalizar.

Portanto, reduzir as eleições ao embate entre dois candidatos e procurar erros e acertos na condução das campanhas, não basta.

Da mesma forma que a política do Flamengo é frequentemente equiparada à politica do país, um mini Brasil, o clube pode ser enxergado como uma sociedade, com sua história, suas tradições e seus movimentos sociais.

E dirigentes que ignoram os anseios da sociedade/torcida/socios(as)/conselheiros(as), não têm como se perpetuarem no poder.

Aconteceu em 2012, em 2018 e agora em 2024.

O regime é presidencialista, o presidente tem o poder da caneta. Mas se ele não dialoga com o resto da sociedade e não está atento aos seus apelos, ele não governa.

O conselho, que é soberano, vai se virar contra ele, os/as sócios/as darão sua resposta nas urnas e a torcida o xingará incessantemente.

2013 foi marcado por iniciar uma era de reestruturação financeira.

2019 foi marcado por iniciar uma era de novas conquistas esportivas.

2025 será marcado por iniciar uma era de modernização e profissionalização.

Um trabalho árduo, hercúleo. 

Onde todas e todos deverão arregaçar as mangas em prol da nossa paixão, da nossa Nação, respeitando sempre  sua essência, sua diversidade, sua tradição democrática.

Por conseguinte, o próximo dirigente tem a obrigação de dialogar, ouvir, ignorar lisonjas e contemplar o contraditório.

Pois, esta Era, preste a começar, é uma construção coletiva. Nossos adversários são apenas aqueles que enfrentamos dentro das quatro linhas.

Juntos, fomos, somos, seremos todos menos alguns.

Marion Konczyk Kaplan é conselheira do Clube de Regatas do Flamengo e presidente da Bancada Feminina do Conselho Deliberativo. Mestre em História pela Sorbonne Paris. Siga: @marionk72