Pouco mais de 14 mil heróis saíram de casa na noite de quarta-feira para prestigiar o Mais Querido no nada desafiador jogo contra o Barra Mansa. Com transmissão em TV aberta, ameaças de chuva forte e um escancarado problema de relacionamento entre o Flamengo e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, responsável pela organização do campeonato carioca, ir ao Maraca era uma tarefa ingrata; os presentes mereciam uma atuação digna, mais convincente do que a vista na estreia contra o Macaé.
Sem Paulo Victor e Leonardo Moura, em recuperação de problemas físicos, o técnico Vanderlei Luxemburgo ainda optou por sacar o volante Cáceres e lançar Márcio Araújo - decisão que, minutos mais tarde, se comprovaria acertada. Com a base mantida e a aposta em um time leve e veloz ainda em curso, o Flamengo sobrou.
É necessário lembrar sempre que o Barra Mansa é um dos mais frágeis adversários do torneio; atual campeão da segunda divisão carioca, o time estreia na elite e, como se não bastasse, ainda enfrenta uma grave crise financeira (seus atletas não recebem desde último novembro). Mas essas credenciais só aumentam a responsabilidade do Mais Querido em confirmar-se como doutrinador da história.
A trinca de atacantes funcionou: com intensa movimentação, Marcelo Cirino desencantou; não raro, Nixon trocou de posição, aparecendo na área para finalizar; pelos lados, o sempre regular Éverton protegeu Pico e ajudou Maia na construção das jogadas, enquanto Nixon foi, de longe, a melhor válvula de escape do time.
Pelo meio, o time também melhorou. Márcio Araújo agregou vitalidade ao setor, melhorou o passe, deu dinamismo; Canteros ditou o ritmo da transição, esbanjou categoria e marcou um golaço de falta - o primeiro do Flamengo desde Elano contra o Emelec, em 26 de fevereiro de 2014 -; por fim, Arthur Maia foi outro personagem muito atuante nas ações ofensivas do time. Intenso, projetou-se a frente, buscou as finalizações e marcou seu primeiro gol com o Manto Sagrado.
A defesa foi pouco requerida, mas cabe uma menção honrosa: sóbria, séria e com bom tempo de bola, a linha de defensores saiu-se vencedora em quase todos os embates. Cesár fez somente uma defesa em pouco mais de 90 minutos.
De novo, cabe a ressalva: o Barra Mansa é um candidato ao rebaixamento no torneio e golear não era mais que obrigação. Mas em meio a tantas derrapadas dos ditos grandes (Botafogo, Inter, Grêmio e Santos, por exemplo, não venceram seus jogos ontem), vencer com tamanha autoridade é um bom sinal.
Luxemburgo concorda. Gostou do time com fome, agredindo o tempo todo. Bem preparado fisicamente, o Mengão impôs dificuldades ao adversário, reteve a bola por mais de 60% do tempo e criou suficientes oportunidades para fazer 5, 6. O desafio pra triunfar na temporada é justamente esse: manter o time faminto e no sapatinho, sabendo reconhecer suas limitações e explorando suas maiores virtudes. Se conseguir repetir esse comportamento ao longo da temporada, 2015 será de muitas alegrias aos rubro-negros.
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Alegria, alegria
Hoje, 5 de fevereiro, é aniversário do grande Edu Coimbra. O irmão do Galinho, nosso rei, completa 68 anos de uma vida inteira dedicada ao futebol. Flamenguista de berço, brilhou intensamente no América e chegou à seleção. Jogou pouco mais de 20 partidas com o Manto Sagrado, quando seu irmão já era o maior artilheiro da história flamenga.
A trajetória em campo não foi como ele sonhava, mas Edu nunca deixará de ser um dos mais ilustres filhos da Magnética. Parabéns à família Antunes Coimbra e obrigado por tudo!
SRN