A prancheta de Muricy: dados confirmam substituições tardias e trocas de "seis por meia dúzia"
Por Thauan Rocha | Twitter @Thauan_R e @flaimparcial
Qual a utilidade do campeonato estadual? Para mim é um período de pré-temporada onde testes devem ser feitos e apenas os clássicos devem ser tratados como jogos mais sérios onde o esquema montado será posto em prova. O mesmo acontece com a Primeira Liga. Vamos esquecer um pouco a importância política envolvida na disputa dessas duas competições e vamos ver como o Muricy vem testando o time para se preparar para o Brasileirão. Vamos considerar todos os jogos oficiais, amistosos não contam.
Para facilitar, dividi os jogadores por setor e comparei suas participações nos jogos como titular (JT - Jogos como Titular), após sair da reserva (JR - Jogos como Reserva), tempo em campo como titular (MT - Minutos como Titular) e após sair da reserva (MR - Minutos como Reserva).
Podemos ver que pagamos 2 milhões de reais em um goleiro para ele ser banco sem nem ter chance de jogar. Era realmente necessário? Boa parte da torcida parece não querer PV como titular por causa dos seguidos erros do nosso arqueiro, mas Muricy entende que ele está muito bem, tanto é que o Muralha só jogou naquele Fla 3 x 1 Bangu onde foram os reservas.
Um setor igualmente contestado pela torcida é a zaga, mas pouco sofre alterações. A dupla Wallace e Juan jogou 17 dos 22 jogos, mas em um Juan suspenso e em outro foi a vez do Wallace.
Claro, faltam jogadores para a posição, mas o nosso técnico sequer dá uma chance para os garotos da base. Bom, na verdade até deu uma para o Léo Duarte, mas, assim como Muralha, só participou daquele Fla 3 x 1 Bangu. Como vamos saber se ele joga bem sem dar chance? Não devemos achar que os garotos da base vão salvar a nossa zaga, mas eles precisam ter espaço em jogos contra um Boavista da vida para que no futuro não sejam surpreendidos em jogos mais difíceis - onde a torcida certamente terá menos paciência.
Para as laterais não há muita reclamação, apesar de já ver um certo movimento de reclamação com as atuações do Jorge. Infelizmente também não temos uma opção no banco (se é que o Muricy iria dar chance). Chiquinho, contratado este ano, só jogou na lateral 3 vezes quando entrou de titular, nas outras oportunidades atuou pelo meio. Ou seja, se não tivermos como contar com o Jorge (pode e vai oscilar, já que é jovem), certamente também não devemos contar com Chiquinho - tão fraco que não consegue tomar a vaga do Jorge em má fase.
Na outra lateral a situação parece mais tranquila com Rodinei que rapidamente tomou a vaga do contestadíssimo Pará.
Entre os volantes a nossa situação melhorou. Márcio Araújo perdeu espaço com a chegada do Cuéllar. Até a chegada do colombiano, ele fazia dupla com Arão, enquanto Canteros pouco aparecia. Após entrar no primeiro jogo aos 89' pra substituir o Sheik, o argentino só voltou a aparecer 7 jogos depois na vitória por 1 x 0 contra a Cabofriense. Sua última aparição foi na vitória por 3 x 1 contra o Bangu, onde jogaram os reservas. São 11 jogos sem passar um minuto em campo. Quando foi preciso substituir Arão ou Cuéllar, Márcio Araújo teve espaço. Nem Ronaldo, destaque da Copinha, nem Canteros, o reserva imediato da dupla é MA.
Ronaldo merecia mais chances sim, ele está na mesma situação do Léo Duarte, mas o que me espanta mesmo é essa preferência por MA em detrimento do argentino. Apesar de 2015 ter sido ruim, Héctor é muito mais habilidoso que MA e deveria ter espaço para voltar a apresentar um bom futebol. Alguns dizem que Arão oscila e Cuéllar será convocado várias vezes, por tanto se faz necessário ter um volante pronto para entrar a qualquer momento.
(A FlaTT começou a especular que Canteros pediu pra sair ou algo do tipo, ninguém entende o que está acontecendo com o argentino.)
(Não falarei dos garotos daqui pra frente para não ser repetitivo, pois já ficou clara minha visão sobre o papel deles nessa fase do ano.)
No setor ofensivo do meio campo dá para ver certa variação, mas, não fosse a lesão, Mancuello teria sido titular por mais jogos. Um lugar já é dele. Ederson e Alan Patrick disputam a vaga que resta quando Muricy, por sorte competência, lembra de usar o 4-4-2. AP tem uma certa vantagem, principalmente quando nosso técnico quer tentar mudar algo (não necessariamente o esquema). Ederson teria mais tempo se não fosse o risco de lesão que o deixou de fora dos 9 primeiros jogos da temporada e quase sempre (foi substituído em 5 dos 7 jogos) sai mais cedo para não forçar demais.
No ataque também temos um jogador fixo. Guerrero só foi substituído 4 vezes, sendo uma aos 78', duas aos 86' e uma aos 90'. Vizeu teve poucas chances de começar um jogo ou de entrar durante com tempo para fazer algo. Nosso homem gol (que faz poucos gols) sempre está lá.
Cirino ganhou seu espaço e geralmente é substituído pelo Gabriel. Enquanto o Sheik, quase que titular absoluto durante os 14 primeiros jogos, perdeu espaço nos últimos onde sequer participou de 5 (sendo 3 nos últimos) jogos e passou a ser reserva, sendo titular apenas no Fla 1 x 1 Vasco.
No total, o Flamengo usou apenas 28 jogadores, sendo 9 em até 3 jogos (como reserva ou titular). Apesar da classificação do Éverton como meia no site oficial, considerando que ele está mais para atacante pelas pontas, 27,59% dos jogadores usados são atacantes e 17,24% são meias ofensivos.
Agora quero que prestem atenção em quantas e em quais minutos Muricy faz substituições.
33 substituições foram nos 30 mins finais; a troca entre Gabriel e Cirino ocorreu 10 vezes (19,23% do total); Ederson e AP trocaram de lugar 5 vezes (9,61%); 27 substituições não se repetiram; 22 vezes fez troca entre atacantes; 11 entre meias e atacantes (4-4-2 e 4-3-3); 7 vezes entre meias; 6 entre volantes e atacantes; 3 entre volantes; e 1 entre zaga-zaga, volante-meia, ataque-LE e meia-LE.
Geralmente Muricy substitui tarde e troca seis por meia dúzia, muitas vezes altera entre 4-4-2 e 4-3-3 (este último sabidamente ruim).
Para finalizar, acho que esse período de testes não foi bem utilizado pelo nosso técnico e tenho medo de chegar o Brasileirão com ele insistindo no 4-3-3. Fora que certamente será o Brasileirão com mais Kms rodados pelo Fla, então é preciso substituir bem, seja antes do jogo começar ou durante, evitando que alguns jogadores cheguem ao limite do cansaço físico.
SRN!
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