Entrevistamos Delair Dumbrosck, Presidente do CoDe
Leia a entrevista que fizemos com o presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, Delair Dumbrosck.
Delair, você já foi presidente de todas as instâncias políticas do Flamengo?
Não, do CoAd não. Fui vice-presidente dos Esportes Olímpicos. Fui Vice-Presidente do Conselho Fiscal lá atrás. Depois fui presidente do Conselho Fiscal, quando houve o impeachment. Depois vice-presidente do Marcio Braga. Em 2009 eu fui presidente do clube em um momento dificílimo. E agora, em 2012, fui eleito presidente do Conselho Deliberativo.
Em 2009 o Sr. protagonizou duas situações que vão estar na memória do torcedor eternamente. 1º foi acreditar na volta do Petkovic, o que foi mitológico pois acho que nem a torcida mais estava acreditando, e naquela entrevista lá na Arena onde o Sr. foi ridicularizado quando disse que o Flamengo...
Todo mundo!
E isto foi sensacional. De onde veio esta força rubro-negra? Como é que o Sr. se tornou rubro-negro? Já é uma coisa de família? Como esta paixão chegou à política do Clube?
Bem, como qualquer jovem você tem que escolher um clube. Acho que é a primeira coisa que a gente escolhe no mundo, quando nasce, é a camisa do clube que a gente vai vestir. E depois você se forma, escolhe sua profissão, escolhe sua mulher...mas primeiro é o clube. E a primeira paixão minha, obviamente, foi o Flamengo.
A época em que mais torci pelo Flamengo foi a época de Marco Aurélio, ainda no gol do Flamengo com defesas sensacionais...era o "Rei das Pontes". O Geraldo "Perna-Curta", era um ponta-esquerda. Silva "Batuta"...esta foi minha geração daí para cá. Os meus filhos é que sempre brincam comigo porque eu dizia que "Um dia ainda seria presidente do Flamengo". Eles achavam graça.
E eu vim pro Flamengo trazido por um amigo, um fraternal amigo, chamado Sergio Laporte. E a família dele toda era tricolor. Pai dele foi presidente do Fluminense. Mas ele era rubro-negro roxo. E ele recebeu um convite, na época do Helal, para ser VP dos Esportes Olímpicos. Ele me chamou e disse: “Só vou aceitar se você for o meu Diretor Geral". Já era associado. Tenho um filho que já tem carteirinha desde os 2 anos de idade. Minha filha nadou no Flamengo.
Em 1977 ajudei no trabalho da FAF fazendo levantamentos contábeis (porque sou contador). Naquela época consegui definir através de um trabalho, vamos colocar valores de hoje, de que cada 1 real que o clube faturava, devia 98 centavos. Foi um número de expressão para ganhar a eleição. E você ganha a eleição com impacto. E a FAF teve muito sucesso com isto.
Mas aí, voltando, eu vim pro Flamengo com Laporte. E vim ser Diretor Geral. E como Diretor Geral me deram também a Direção do Basquete. Eu falei "Mas Basquete? Eu não sei nem o que é garrafão..." E o Flamengo nesta época tinha uma seleção aqui. Marcelo Vido, Lino, Carioquinha, Paulão... que eram a Seleção Brasileira. Só que o Joel Teppet chegou para mim e disse: "Olha, o vice-presidente anterior renovou o contrato do time todo de boca. E nós não temos dinheiro para pagar. E aí?". Eu disse: "Tá bom. Deixa que eu resolvo". Mandava cada um entrar e dizia: “Não tenho dinheiro para pagar o contrato que foi oferecido a você". "Mas não! Fecharam comigo! ..." "Fecharam não, ofereceram..." Não está assinado, foi oferecido. "Eu tenho tanto!" "Ah não, não vou ficar, vou embora!"...e daí foram embora. Eu tinha 800 mil, na época, para fazer o orçamento de basquete. Mantive o Filloy, o Almir estava subindo, que foi craque da seleção, tinha o Carlão...aí sim, eu fui ao Sul trouxe o Kruschen, trouxe o Evandro. Fui à Minas trouxe o Raulzinho, que hoje, acho, o filho dele está jogando. Fui no Vasco e tirei o técnico do Vasco que era o Bonfi, que foi um rebuliço tremendo...E aí formamos um time espetacular, uma comissão técnica que até então o Flamengo não tinha este hábito de ter no basquete. E com aqueles 800 mil nós conseguimos formar um timaço, fomos bicampeões invictos, brasileiro. E aí foi feita a história. Neste período aí o meu amigo veio a falecer em um acidente. Eu então o substituí, a gente já estava em final de temporada, e neste final de temporada conseguimos contabilizar que de 100% de tudo que o Flamengo disputou...nós tínhamos 16 categorias de esportes olímpicos...nós ganhamos 95%.
Essa período foi de que ano até quando?
1985-86. Aí por uma questão de problemas particulares...estava com problema de casamento...me afastei, o Leo Rabello me substituiu e completou o período. Eu vim ser depois o vice do Conselho Fiscal, que era uma tarefa que não tomava muito tempo. Conseguimos fazer alguns ajustes no clube. Depois tive um período que fiquei afastado.
Retornei na gestão do Veloso. Conselho de Administração. E aí me envolvi outra vez. Vim ser Presidente do Conselho Fiscal. Infelizmente, nesta sala aqui eu tive informações preciosas sobre o jogador Valney, que era um jogador que estava chegando ao Flamengo e disseram: “Olha este jogador é para uns 300 mil, abra o olho!" E quando vi o contrato do jogador era dois milhões e quatrocentos. E aí corri atrás, fui ver que o jogador tinha sido maquiado na Federação baiana para esquentar, através do Grapiúna, que nem sabia que o jogador era dele....documentação toda falsa. Eu então chamei a imprensa e nós conseguimos, então, abrir o processo de impeachment. Antes já tinha tido um problema...a contadora do clube me apontou que ela tinha um balanço falso. E aí isto ficou na história. Foi o primeiro clube brasileiro a dar um impeachment no presidente. Meu negócio foi técnico. Pelas disposições dos artigos estatutários a gente conseguiu, tecnicamente tirá-lo.
Depois disso, vim ser vice-presidente do clube na gestão do Marcio Braga. Nós fizemos um acordo político, não foi um acordo de gestão. Isto é muito bom ficar claro. No momento em que acertei com ele falei: “Márcio, vamos fazer um acordo político, quero metade do Conselho de Administração, você fica com a outra metade.” Hoje, no Conselho de Administração, quem ganha leva 48 nomes e quem perde leva 12. Então você nunca vai ser oposição no Conselho, não é? Nós fizemos este acordo e botamos 24 de cada lado. Ajudei no que foi possível. Ele teve um problema de saúde, teve que se afastar. Eu já tinha assumido outras vezes então se você for fazer a média eu devo ter sido mais presidente...
A questão é que foram duas não é? Ele (Marcio Braga) foi reeleito...
Foi na segunda. A primeira foi o Arthur (Rocha). Toda vez que eu ia para presidência conseguia um título... E aí, quando eu assumi, Flamengo estava com 4 meses atrasados de salários. Não por má administração do Marcio, mas o problema é que a Petrobras não estava pagando ao Flamengo em função das certidões negativas. E eu defendia retirar a Petrobras. Como eu assumi, fiz o seguinte. Chamei a Petrobras, dei 30 dias para ela arrumar um meio de nos pagar senão rescindiria o contrato. Muita gente achou que não era o certo, ficaram revoltadas. Completou os 30 dias, a Petrobras não apresentou uma condição, eu rescindi o contrato com a Petrobras.
Fui à Nike, estava uma briga com a rescisão. Consegui fazer um acordo e colocamos a Olympikus. Trouxe a Ale para a camisa do Flamengo, uma empresa também da área de combustível. E aí, tinha um problema sério, tudo que entrasse nos cofres do Flamengo ia ser penhorado em mais de 50% só para o Pet, à partir de julho. Eu fiz o seguinte, não tinha outro jeito, tinha que trazer o Pet. Trouxe o Pet com um acordo. Eu disse: "Jogar é com o técnico, não é meu. Estou te dando a oportunidade”. Ele disse: “Estou fininho. O Sr. vai ver que vou voltar bem”. Ele voltou e foi o sucesso que foi.
Teve uma outra que foi segurar a permanência do Andrade. Coloquei o Marquinho Braz de vice-presidente de futebol, o mais novo vice-presidente de futebol dos grandes clubes brasileiros. Tive o pulso ali, comandando. Trouxemos o Adriano. Você vê que o Adriano em 2009 não deu trabalho nenhum. 2010 por falta de comando... aí Pet brigou, Adriano brigou, Andrade brigou...foi uma confusão danada.
Presidente, quais são as suas novas ambições políticas no Flamengo. Pretende...
Ir para casa!
Pretende ser presidente novamente? Pretende se reeleger para o Conselho Deliberativo?
Não, não...Já comuniquei a todo mundo. Não sou candidato a reeleição no Deliberativo. Por incrível que pareça o Conselho Deliberativo é mais complicado que dirigir o Flamengo.
E eu quero terminar este mandato agora e simplesmente ir para casa, deixar o pessoal jovem que está aí. Pessoal novo que está aí chegando para participar. Só acho que estas pessoas que estão aí hoje deveriam procurar conversar mais com quem tem experiência. Pessoal acha que é o dono da verdade e isto, às vezes, acaba prejudicando o Flamengo. A briga com a Federação...isto não traz vantagem para o Flamengo. Tem várias maneiras de você trabalhar para fazer uma mudança. Não é você se digladiando.
Eu no momento que entrei, em 2009, o Flamengo não falava com a Federação, com o Rubinho, não falava com o Ricardo Teixeira na CBF. Não falava com a Globo. E não falava com o Clube dos 13. Eu entrei primeira coisa que fiz foi ser “vaselina” ...Vaselinar este relacionamento todo para não encontrar resistência em lugar nenhum. Não ia ganhar nada! Este é o futebol brasileiro. Você brigar com uma CBF, com a Federação, você não vai ganhar nada. Você vê que o Vasco tem grande possibilidade de ser o campeão. Entendeu? Um “penaltizinho” que é dado, que não tem sentido, aos 40 e tantos minutos... Não tem como. Você tem que saber tirar o proveito. E isto você tem que ir buscar as pessoas com experiência para te orientar. Se você não buscar...
Uma pergunta sobre o Leonardo Ribeiro. Podemos ter algum tumulto nesta reunião que acontece agora a pouco? (Reunião da votação do recurso impetrado pelo Leonardo Ribeiro contra sua suspensão). Nós sabemos que os apoiadores do chamado “Capitão Leo” fazem parte de uma ala política dita “barulhenta”. O Sr. teme algum tipo de...
Eu não! Eu vou conduzir isto com mão de ferro. A questão hoje é ler o parecer da comissão, que foi constituída por pessoas idôneas, que sabem o que estão fazendo. Vamos apresentar o relatório...
O parecer da comissão instituída pelo Sr. no Conselho Deliberativo...
Sim. Que cabe recurso...Tá lá no “Livro Vermelho” (livro do Flamengo com o Estatuto do clube). Não é “ao Leonardo Ribeiro”. É ao associado que for penalizado cabe o recurso no Conselho Deliberativo. Pediu a apelação, foi feito o parecer, vai ser lido e dado o direito de defesa a ele, ou ao procurador dele, depende quem tiver lá. E depois o plenário vota. Quem vai definir, sempre, no meu mandato, é o plenário.
Eu tive um questionamento agora em reunião passada que foi de acatar a decisão do plenário, que por muitos não deveria acatar. A entrada de novos associados (conselheiros). Achei que não estava muito bem esclarecido no estatuto e resolvi levar a plenário. E foi a plenário e acabou que aprovaram e entraram vários conselheiros. Se você pensar, se eu tivesse fazendo uma campanha política seria contra mim. Porque se hoje me identificam como adversário do Bandeira, primeira coisa que eu deveria fazer é: “Não!” A caneta era minha... “Não vou dar entrada a este pessoal no Conselho”. Até porque, se você analisar, é controversa a história. Mas achei que quem deveria definir isto era o plenário. E comigo vai ser sempre assim. Este caso do Leonardo é um direito que ele tem, o parecer da comissão está aí, e o plenário irá decidir. O plenário não tem obrigação de decidir o que a comissão está propondo.
Houve um parecer de uma comissão decidida lá atrás no Conselho de Administração...
Não, o plenário do Conselho de Administração penalizou ele.
Olha aqui, plenário do Conselho de Administração... Quando Wallim apresentou a candidatura dele, ele perdeu. Por quê? Perdeu porque o plenário era da Patrícia (Amorim). Tinham 48 nomes dela. Então a maioria era dela, perdeu. Política é isto. Depois nós tivemos uma outra discussão lá em plenário e a turma da Patrícia perdeu, quem ganhou foi o pessoal do “Azul”. Então, agora foi a mesma coisa. Leonardo foi julgado lá e perdeu porque é política. O estatuto manda que a pessoa tem direito a recurso. E aí instituí esta nova Comissão que não poderia ser a mesma.
Qual o desdobramento da aprovação ou reprovação do recurso desta apelação? (que acabou sendo reprovado: Leia sobre este julgamento aqui)
Pode ser mantida a penalidade. São 360 dias, se não me engano. E vai vir uma outra aí que se acontecer ele pode ser eliminado.
São duas, esta do conselheiro Carlos Góes, se for aprovada (link acima) , ele terá que correr atrás de uma apelação do recurso do Bap e isto será julgado mais à frente.
Isto, já tem inclusive. Se a suspensão for mantida agora e mantida depois ele corre o risco da eliminação.
Como o Sr. se sente tendo que presidir o julgamento de outro associado?
Normal. Estou apenas presidindo um plenário. Eu não estou votando, nem defendendo. Inclusive nem posso fazer isto.
O Sr. tem algum tipo de relação amigável com Leonardo Ribeiro?
Tenho com todo mundo. Você falou: “Ah! O pessoal do Leonardo é ruidoso.” Eu tentei fazer uma reunião aí a pouco tempo sobre o estatuto e não consegui fazer, tive que parar. Por quê? Parecia até que o pessoal do Leonardo Ribeiro, que é ruidoso, que estava presente... Isto é da vida política. O interesse vem quando as pessoas querem.
O Gonçalo Veronese tem um processo a ser julgado, não é?
Ele tem um processo que está aí, em fase de perícia... A comissão contratou um perito...
Tem previsão de quando ele pode ser julgado? Isto acontece antes das eleições? Porque ele quer vir como candidato.
Qualquer um tem o direito de vir candidato. O que as pessoas não entendem que o direito dele é pro Bap, que é presidente da Sky, pro Rodolfo Landim, que é um grande executivo da área de petróleo, como também para o porteiro do prédio. Pessoa que sai da arquibancada. Aqui é uma instituição privada mas ela é “pública”. Ela é privada porque não é de governo, não é de ninguém, mas ela é pública dada a sua massa. Ao tamanho dela. E as pessoas tem o direito de sentar naquela cadeira de presidente.
Vamos falar do Estatuto, Delair. Quando será a próxima votação do Substitutivo?
Estou para convocar. Vou explicar mais uma vez isto, você já deve saber. O Flamengo, aqui, diz o seguinte no estatuto (mostra o Livro Vermelho do Estatuto): Que você pode alterar o estatuto através de emenda ou projetos.
Quando você faz através de emenda, você pega a emenda, coloca lá embaixo, dá um prazo para as pessoas discutirem e darem sugestões sobre a emenda.
Quando o seu caso é Estatuto, Projeto de Estatuto, o prazo, inclusive, é maior. Você apresenta e se tem uma Comissão Permanente de Estatuto, que é meu caso, e ela apanha aquilo e vê o que que é ali legal e o que que não é legal. Se botarem lá em novo projeto de estatuto que o Flamengo irá mudar as cores, ela pode dizer que não, diante da vida do Flamengo ela é inconstitucional. Ela pode recomendar a não introdução daquilo e dizer:” Não, vai continuar vermelho e preto.” E ela pode pegar aquele projeto e alterar. Então o que que eu fiz? Apareceram 4 projetos.
O Pedra-Rubi, Fênix, Conte Comigo Flamengo e Acima de Tudo Rubro-Negro...
O que eu fiz? Fui o mais democrático possível. Eu podia chamar minha Comissão de Estatuto e dizer o seguinte: “Pega os quatro projetos e faça a depuração do que vocês acham interessante e ofereça um substitutivo para ser votado”.
Eu não posso votar quatro. Seu eu voto um, aí ele é aprovado, aí voto outro... o outro é aprovado...entendeu? Não dá. Por isto eu criei a comissão de estatuto para fazer o Substitutivo. Muito bem, esta comissão ela ficou para fazer o substitutivo porém eu chamei os quatro grupos e fiz o seguinte: “Vem cá, eu vou criar uma comissão especial de estatuto, além da permanente, uma transitória e você serão integrantes desta comissão. Vocês vão discutir aí o que é comum, que é de consenso, e vão oferecer para a comissão de estatuto permanente, que vai ter como base o estatuto de 1992, e aquilo que não for consenso entre vocês, separem em um papel e depois que nós votarmos tudo que for de consenso, vocês entram com emendas para discutir no voto, a emenda de cada um”. Foram 6, 8 meses de reuniões magníficas. Leonardo Ribeiro conversava com o pessoal da Azul. O (Gonçalo) Veronese discutia com o Lysias (Itapicuru) e foram avançando. Obviamente que não dava para avançar em tudo. E aí, quando nós chegamos em determinado ponto, eu cheguei e dei uma declaração a todos que eu não seria candidato a reeleição do Conselho Deliberativo. E começaram a inventar que se não sou candidato ao Conselho Deliberativo é porque seria candidato a presidente. E começaram a questionar o seguinte: “O cara ganhou muita coisa nos Esportes Olímpicos, foi bicampeão brasileiro de basquete, fez o impeachment de um presidente, foi hexacampeão brasileiro, se ele conseguir aprovar o estatuto, vai ser difícil bater ele!”.
Desde o momento em que eu me candidatei ao Deliberativo, a convite deles, nós discutimos que a primeira coisa que nós tínhamos que fazer era a mudança de estatuto. Eu falei: “Só vou aceitar porque quero fazer a mudança de estatuto”. Quero não, o Flamengo precisa. E aí o pessoal do Azul saiu. Eu conversei com Melhim e disse: "Vamos parar aqui em respeito ao trabalho de todo mundo e vamos levar ao plenário só o que foi discutido até aqui, e deixa o resto para depois”. “Ah perfeito, então vamos fazer isto".
Só que o Bandeira de Mello, querendo ser mais... puxar isto para ele, não sei qual foi a finalidade dele, que muito me estranhou. Eu acho que o Presidente do Clube tem que buscar, principalmente com o conselho deliberativo, conversa, harmonia. Não, Bandeira trata o Conselho Deliberativo como se este Conselho não fosse nada! A ponto de numa Assembleia lá embaixo, o funcionário dizer que quem mandava ali dentro, na reunião do Conselho Deliberativo, era ele, o funcionário; e o Bandeira do lado não falava nada.
O Bandeira achou que tinha que entrar com uma emenda de Responsabilidade Fiscal e pasmem! Uma semana depois ele estava no conselho de Administração votando para apanhar dinheiro emprestado e pagar em 2017, fora do período do mandato dele. Ora... Responsabilidade Fiscal é aquilo que você tem que cumprir dentro de seu mandato, rigorosamente. Você não pode chegar e passar do mandato alguma coisa que é de sua responsabilidade. É muito mole, não é? Ele tem que entrar na gestão dele e fazer o trabalho na gestão dele. Então não entendi o que o Bandeira quis fazer com isto.
E aí começaram a discutir o seguinte: Que tinha que votar a emenda e não votar o Substitutivo. “Nós temos que votar as emendas!” Mas não pode… estatutariamente quando você entra com um Projeto de Estatuto, você tem que votar Substitutivo. Eu não posso mudar o caminho disso. E aí o que aconteceu? Esta semana, para surpresa minha, me disse o Melhim (Presidente da Comissão de Estatuto) que teve um diálogo com os outros três grupos que ficaram e que conseguiu um entendimento com eles de não levar nada destas discussões à Plenária e só levar a Responsabilidade Fiscal.
Que seria o único item consensual?
Não. Outros itens foram consensuais. A Comissão Permanente Disciplinar foi apresentada pelo SóFLA. As penalidades foram apresentadas pelo SóFLA.
Antes de vir, Delair, entrei aqui no site do “Conte Comigo Flamengo”. Não sei se o Sr. leu esta coluna acusando-o que a reforma do estatuto serve também para inocentar o Leonardo Ribeiro. Está a par desta coluna?
Absurdo...
Primeiro, não tem nada a ver. Se aprovassem a Comissão Disciplinar Permanente aí sim, Leonardo estaria fora do clube há muito tempo. Inclusive os Grandes-Beneméritos e tudo, não querem que isto seja discutido porque acham que ela extrapola, se transforma em um novo poder e muita gente não concorda. Seria um poder, inclusive, deliberativo. Não deve. E aí, depois de tudo isto, eu passei a entender também o seguinte, depois de ouvir pessoas com mais experiência do que eu, que você pode até criar a Comissão Permanente Disciplinar, votada, eleita. Mas o fórum que vai julgar isto deve ser o Deliberativo. Por quê? Para não ficar 4,5 pessoas com poder de decisão de penalizar um associado.
O Sr. é a favor da implantação desta comissão...
Sou e muita gente é. Porque, hoje, o Conselho Deliberativo têm cinco Comissões Permanentes e eu posso construir quantas comissões transitórias forem precisas.
O que é Comissão Transitória? A Comissão do Leonardo. Mas vamos supor que você agrida alguém ou vaze documento. Havendo uma representação, eu tenho que criar uma Comissão Transitória de Inquérito para dar uma opinião sobre o fato ocorrido. Ora, alguém pegou e vazou documento aqui. Ele pertence a uma facção política que não é minha. Que que eu faço com este alguém? “Vamos ferrar ele”. Então eu vou coloco José, Joaquim e Pedro. “Não, vamos absolver!” Eu boto Antônio, Thiago e José. De acordo com a minha conveniência, e isto no Flamengo já ocorreu por diversas vezes, e isto não é legal.
Agora, tendo uma Comissão Permanente Disciplinar eleita, no meio de um mandato, e pegando a outra metade do outro mandato, a possibilidade de manobrar este tipo de coisa é mais difícil. Não estou dizendo que não vai acontecer, mas é mais difícil. Agora, obviamente, você tem que definir qual a competência desta comissão, até onde ela pode ir...
Presidente, o Sr. já tocou no assunto mas vou retornar. Várias correntes são contra o Substitutivo...
Não, que eu saiba é só a “Conte Comigo Flamengo”.
E detalhe, eu acho que as pessoas deviam dizer: “Sou contra! Meu nome é Delair Dumbrosck!” ou então: “O presidente é isto, isto, isto, meu nome é tal”. Não se esconder atrás de Grupo. Eu nunca me escondi atrás de grupo! E não vejo nenhum mal das pessoas expressarem as suas convicções. Eu não levo em consideração Grupo.
Escutei alguns integrantes do Conte Comigo Flamengo dizendo que o encaminhamento do Substitutivo é ilegal.
Não, não tem nada ilegal. Está todo perfeito, é só olhar. Estatutariamente está correto.
Agora, tem um detalhe, se a pessoa acha que é ilegal, vá procurar a Justiça. Problema nenhum, vá questionar lá. Se o plenário do Conselho Deliberativo não atender ao que você entende que seja correto, vá para Justiça. Se aprovar um balanço aqui no Plenário, como será o caso agora, vamos aprovar as contas dentro de pouco tempo, e você achar que está errado, você como sócio pode ir à Justiça e requerer uma prestação de conta em juízo. Eu fui uma vez à Justiça Comum e pedi a convocação do Conselho Deliberativo porque eu não concordava com uma questão do Sandro Hiroshi, que foi contratado pelo Flamengo por 80 mil reais em 10 parcelas de 8 mil, e pagaram 110 mil de comissão ao Marcos Lázaro. Eu fui para a Justiça e perdi. Mas mostrei a minha insatisfação. As pessoas têm este direito, ficar só falando não adianta, tem que agir.
O que esperar este processo de condução de votação do novo Estatuto? Visto a turbulenta última reunião, em que alguns conselheiros se mostraram contra o que estava sendo apresentado?
Totalmente errado. Eu convoquei uma reunião para as pessoas ouvirem o que estava sendo apresentado, discutir, dar opinião, e pelo menos ir a Plenário sabendo o que vai votar. Foi uma reunião não-deliberativa. Ao iniciar a reunião, embora o SóFLA, dizendo que tinha saído do grupo, estava fora, chamei o SóFLA para compor a mesa, para oferecer a eles o direito de explanarem sobre o projeto deles. Não quiseram... “Não! Nós saímos porque não consideramos!”.
Tomei conhecimento de que eles não queriam votar porque não puderam fazer apreciação...
Não podem dizer isto porque temos atas assinadas por todos eles! Tem ata assinada pelo Sr. Pedro (Hemsley), pelo Gil, pelo Ricardo Lomba, pelo (Marcos) Schettini, pelo Marcos Mangin. Tem vários que passaram nestas reuniões e assinaram atas. Estas modificações todas que iam ser propostas no estatuto estão assinadas por eles.
Ora, é muito fácil, entendeu? Eu fiz política no Flamengo, você não pode querer chegar e sentar na janela, como diz o Romário. Eu sou defensor do jovem, do novo, tanto sou defender que Marcos Braz foi o vice-presidente mais novo do futebol. Substituiu o Kleber (Leite). Coloquei várias condições para administrar o futebol, o Kleber não gostou, achou que não estava bom... "Eu vou embora!” “Tá bom, vai”. Mas eu já estava com Marcos Braz preparado. Depois quando eu fui o presidente do Conselho, primeira coisa que eu fiz foi convidar ....qual é o nome dele? Ele veio a ser até funcionário do Flamengo (supostamente estaria se referindo a Clemént Izard). E aí, como ele não poderia ser chamei o Edmilson (Varejão). Acho que ele nunca viu uma ata na frente dele porque nunca fez uma ata. Mas...ficava lá, secretário. Quem fazia as atas era a Chiquinha. E ele tinha que fazer ata... mas eu achava que era interessante ele ir aprendendo.
Só que botei um em cada Comissão, e eles queriam 4. Tenho 7 nas comissões permanentes. E eu então escolhia 3. Não posso, o Flamengo tem história, o Flamengo tem outras ramificações políticas. Nos Grandes Beneméritos, tem 3, 4 grupos políticos. Pessoas que pensam diferentes das outras. No Flamengo você tem as pessoas que pensam diferente, você quer ver? Hélio Ferraz pensa diferente de Márcio Braga, que pensa diferente de Antonio Augusto (Dunshee de Abranches), que pensa diferente de Kleber Leite, que pensa diferente do Bap, do Eduardo (Bandeira de Mello).
O Eduardo veio pro Flamengo para o Conselho de Administração, naquele acordo que fiz de 24 nomes, com Márcio Braga, eu trouxe o Eduardo. Para você ver. Era gente nova. Um cara novo, cabeça nova. Gostei. Eu falei “Aceita?”, ele disse:” Aceito”. Então você tem várias correntes e vários pensamentos. Então eu tinha que formar minhas comissões com pessoas de diversos grupos, diversos pensamentos. Não! Eles queriam mais de 50% das comissões. Eu ia ficar refém? Não ia. De maneira nenhuma. Então peguei e falei que eu ia dar uma vaga para cada um, ia dar uma vaga para o SóFLA em cada comissão. Mas teve comissão que dei duas. Agora, eu não posso trabalhar também com pessoas que nunca vi.
Ontem teve a notícia do racha do Bap...
Esta eu já sei há muito tempo...
Lá trás o Bap disse que ele volta a política do Flamengo se o grupo dele voltar. Aí perguntaram: “Quem é seu grupo?” Ele disse: “Wallim, Tostes, Gustavo Oliveira...” deu vários nomes. Se eu sou Bandeira chamo na hora e digo: “Vem cá, o que você quer? Vai me acompanhar ou não?” Porque administrar Flamengo tem que ter pulso...
O Sr. acredita que Eduardo Bandeira de Mello não tem pulso?
Eu acho que não tem. É um presidente de poder falando do outro!
E falo claramente. O Bandeira não tem pulso necessário para tocar o Flamengo. Talvez tenha daqui a 5, 10 anos. Mas neste momento não tem.
Quer ver um negócio? Eu em 2009, eu assumi...não estou dizendo que tenho não, mas como falei, tenho experiência longa...Em 2009 eu fui para Zurich junto com Belluzo, que era o presidente do Palmeiras, representando o Clube dos 13. Eu fui a diversas reuniões do governo apresentar projeto que o Flamengo estava liderando sobre a negociação das dívidas dos clubes. E agora o Flamengo está aqui a reboque do Corinthians, a reboque do Eurico Miranda lá no Vasco. Eurico Miranda estava lá no Clube dos 13, nesta época. Ah não, estava o Roberto Dinamite. Flamengo tem que liderar movimentos de mudança no futebol brasileiro. Isto não tem ainda.
O Sr. acha que o Flamengo tem que se aliar com Rubinho?
Não! Não é se aliar com Rubinho. O Flamengo tem que fazer um trabalho para modificar a situação do futebol.
Tem que liderar o futebol do estado. Para começar. Sabe o que eu fiz em 2009? O Francisco Horta (ex-presidente do Fluminense) foi candidato contra o Rubinho na Federação. Saí com o Francisco Horta para Rio das Ostras, Cabo Frio, Magé, Macaé, vários lugares para fazer reunião com aquelas Ligas e tentar trazê-las para junto da gente, para tentar ganhar a eleição na Federação.
Agora isto dá trabalho. Saía daqui 5 horas da manhã com Horta no carro, motorista, a gente ia para Macaé. Pegava o time B do Flamengo, o time de juniores, e ia para Macaé fazer um torneio. Isto é trabalho. Ideia é fácil. Agora, o problema é botar em prática. Tem que trabalhar. Liga aí para o Horta! Quem é que apoiou o Horta na luta para ele ser o candidato do Rio de Janeiro, contra o Rubinho, na luta da Federação.
E nem por isto deixei de falar com Rubinho. Você não precisa dar um soco na cara do outro. Você não precisa dar uma facada, dar um tiro, você não resolve o problema. Quando você tem a educação e quando você tem a razão, é difícil do cara te vencer. Agora se não dá para você, até logo, meu amigo, siga em frente. Se eu não tiver competência para continuar tocando o Conselho do Flamengo, serei o primeiro a reconhecer, pegar meu boné, ir embora e deixar a vez pro outro. Isto não é vergonha nem demérito para ninguém.
Nesta mesa aqui (onde ocorria a entrevista) vieram falar comigo o seguinte: “Você coloca em julgamento a entrada de novos associados que o Eduardo retira a emenda”. Dita pelo Walter d’Agostino e Adalberto Ribeiro, que é da Vice de Gabinete, se não me engano. Vieram falar e eu disse: “Para! Eu não faço este tipo de acordo, faz isto que eu faço aquilo. Eu vou botar porque está definido que eu vou botar em plenário e diz ao Eduardo o seguinte: Se ele acha que isto vai ajudar o Flamengo a se unir ele retira.” E não retirou.
Agora, vem com uma proposta de fazer uma coisa deste tipo e depois sai vencedor. Porque saiu vencedor, incluiu mais de 200 pessoas do Conselho. Se souber trabalhar hoje o Conselho é dele. Agora, não podia pegar e harmonizar, voltar a discutir politicamente? Eu quis fazer reunião aqui para discutir aquela questão do Conselho (Apreciação do Substitutivo), que você viu lá embaixo, no mês de dezembro, e disseram para mim que não tinha espaço em dezembro nem janeiro. Eu ia fazer reunião fora do Flamengo. Absurdo isto. Uma vergonha. E eu não fiz porque acho que não é legal pro Flamengo fazer um negócio deste. Mostrar que o Flamengo está dividido?
As pessoas podem divergir das ideias mas tem que pensar numa coisa: o Flamengo tem um patrimônio que é seu nome. E eu cansei com isto. Já tenho peito aberto, 3 pontes de safena, depois tive 2 infartes, tenho 3 stents... Estou em um casamento novo maravilhoso. Não vou ficar aqui discutindo aqui sexo dos anjos. Vou ser feliz de outra maneira. Vou ver onde a sociedade precisa mais de mim. Eu sou presidente de uma Instituição na Barra, Câmara Comunitária da Barra da Tijuca, entra lá no site ww.ccbt.org.br. Entra lá e vai ver que temos um trabalho de dependente químico. Ano passado atendemos 2.000 pessoas gratuitamente. Tenho cursos para os empregados dos condomínios, ginástica para terceira idade. Uma grande instituição.
Ah...me lembro que na época teve muita discussão entre os condomínios envolvendo o metrô, da questão lagoa de Marapendi, Jacarepaguá em questões de saneamento, o Sr. deu muita entrevista na época.
São 400 condomínios. Isto aí hoje é modelo. Já viajei ao exterior e tudo para mostrar isto. Ah! Faço parte do Conselho da cidade. São 150 personalidades. Então tenho muita coisa para fazer do que ficar aqui me aborrecendo.
Até por causa disso não tem mais este desejo de ser presidente do Flamengo...E se a oposição se reunisse?
De maneira nenhuma! Botaram meu quadro lá na parede e tiraram! Absurdo.
A justificativa foi que você não foi eleito por voto.
Se você somar tudo... Está pensando que fiquei preocupado com isto? Me deu ibope que não queira saber... Se você perguntar para mim: “Porque o Sr. não é Deputado?” Meu amigo, política é isto que você está vendo aí, maior nojeira. Então eu posso fazer política com muito mais eficiência...
Através das ONGs?
É....não preciso ganhar dinheiro com política. Tenho uma vida arrumada. Eu sempre digo, eu fundei uma banda com 12 amigos na Barra. Eram 13. “Banda da Barra”. Madrinha foi a Banda de Ipanema. Tem 30 anos a Banda. Quando fez 25 anos me chamaram e tal, eu não fui. 30 anos me chamaram, eu não fui. Por quê? Nós ficamos juntos durante muito tempo. Era um prazer ir para a Banda. No momento em que começou a entrar política, discussão, me enchi. Saí fora. Sua vida é preciosa, você pensa que tem muito tempo de vida, não tem. Sua vida se prorroga a cada dia. Você não sabe se acorda amanhã, não sabe o que acontece. Então você tem que viver muito bem. Viver se aporrinhando para quê? Eu dei aval aqui no Flamengo de 6 milhões. Peguei ele com 4 meses atrasados, quando entreguei em dezembro, entreguei com dinheiro na mão da Patrícia (Amorim), e com o Projeto da China. Tive reunião com o Governo Chinês aqui e acertei tudo. O que você vê aí hoje estampado nos jornais, “Jogadores chineses estão treinando nos clubes, os garotos” Eu deixei isto tudo pronto, era para o Ninho do Urubu estar pronto. Os chineses iam fazer. Patrícia entrou, não quis conversar comigo, ignorou o projeto, largou para lá, hoje quem está ganhando dinheiro é o São Paulo e o Desportivo Brasil, da Traffic. O Flamengo era para estar fazendo isto.
Como o Sr. avalia os 3 anos da Patrícia Amorim para esta história recente do Flamengo?
Catastrófica.
Quem era o Michel Levy neste quadro?
Não era o Michel Levy. Se perguntar para mim, é o conjunto da obra.
Mesma coisa se perguntar para mim “como você avalia a Dilma?” Catastrófica. Se o garoto vai fazer o crédito de ensino, não tem dinheiro, o Fundão não recebe a verba para fazer limpeza. Hoje eu soube que o dinheiro da dragagem da Lagoa já foi pro espaço. O que é que isto? É desastre. Catastrófico.
"Ah, não... É o secretário tal..." Eu digo, não é. É o presidente. Ou ele não soube escolher. Aí roubaram no governo dela... “Eu não sabia” ...o Lula também não sabia. Ninguém sabe. Ninguém sabe o cacete, né? Se disserem: "Ah você foi campeão brasileiro, hexa..." Eu fui porque todo mundo trabalhou muito bem e nós conseguimos vencer o campeonato. Se me atacassem eu diria: “Cala a boca aí, eu sou campeão brasileiro você não foi. Fui hexa, você não foi.” Eu fui convidado para a Assembleia dos Clubes Europeus para discutir o futebol mundial. Convidado! Um ano aqui, na frente do Flamengo e “você não foi”. Falar que Belluzo foi...Belluzo é um dos grandes economistas, foi professor da Dilma...um dos pais do Real.
Já estão te chamando pra Reunião do CoDe. Muito obrigado, Delair!
De nada. Obrigado também. Não sou nenhum monstro. As pessoas me pintam como um monstro. Não sou. Até mais.
COMPARTILHE ESTA POSTAGEM NAS SUAS REDES SOCIAIS E AJUDE O MRN A CRESCER