FLÁVIO H. SOUZA | Twitter @PedradaRN
Mil dias, da administração Bandeira de Mello, completados dia 22/09/2015. Lembro-me do evento no Salão do CODE para anunciar o presidente eleito e os VP´s. Muitos deles relativamente novos na política do Flamengo, alguns poucos não, mas especialmente um destes todos que foram lá na frente ao serem anunciados como VP's chamou a atenção do pessoal que assistia. O mais jovem de todos, o Rafael Strauch. Foi ovacionado pela parte do público que sabia de seu incrível envolvimento e liderança na campanha, na organização dos voluntários e da sequência de atos políticos. A outra parte do público, mais madura na política do clube e não envolvida na campanha da Chapa Azul, o desconhecia. Me lembro de ter explicado para alguns que estavam ao meu lado quem era aquele VP de Secretaria que acabava de assumir e porque era ovacionado...reminiscências...
Enfim, a Chapa Azul assumiu, e mimetizando a Távola Redonda, começou uma gestão de aparente colegiado nas decisões, com um presidente que aparentava ao exterior ser mais uma figura simbólica que executiva. Passava serenidade, humildade, paciência, sem viés fanfarrão e autoritário, característica talvez histórica de vários presidentes que passaram pelo clube. Enfim, o trabalho se encaminhou, processos foram redesenhados e executivos de qualidade foram contratados de início ou a posteriori: Fred Luz, Bruno Spindel, Paulo Dutra, Marcelo Vido, entre outros...faziam a parte tática e operacional de tudo aquilo pensado pela "Távola Redonda". Funcionários a serviço do Flamengo. Remunerados e não-voluntários. Assim que se faz uma gestão profissional conforme foi prometido na campanha, um clube social-esportivo de fins não-lucrativos gerido como empresa, com unidades de negócio e executivos top cuidando de cada uma.
O clube teve enorme sucesso em se transformar financeiramente. O esforço de se obter CND transformou o Flamengo em um clube administrativamente decente. Embora com muitos problemas operacionais, com necessidades urgentes de aperfeiçoar o quadro de funcionários, que em um clube social, sofre o problemas das trocas de administrações de forma sucessivas, o Flamengo caminhou bem. Balanços trimestrais, diminuição da dívida, até lucros líquidos, várias realizações que encheram a torcida de orgulho. Me lembro de estar numa padaria e ouvir um balconista comentando para um colega o quanto o Flamengo tinha se tornado sério e assim que tinha que ser mesmo.
Tivemos então a implementação deste pensar. O processo. O que faz a máquina gerar. Evidente que este processo sempre terá que se aperfeiçoar. As coisas mudam. A realidade ao mesmo tempo que assombra, apresenta possibilidades. A vida é uma constante readaptação. Temos um Flamengo com um pensamento sólido, transpassado por vários associados, de sustentabilidade e eficiência. E isto é uma conquista imensa.
Claro que o core-business, o produto primário, o futebol, não se encontrou. Embora a parte de disciplina, treinamento no CT e contratação dentro de orçamento estejam OK. A parte esportiva e eficiência na qualidade de contratação, ruins desde o início, dá alguns sinais, à partir do segundo semestre, de uma possível melhora. Mas dado o pouco tempo é inconclusivo dizer se foi uma questão mais de sorte que acerto de processo. Temos um Diretor Executivo de Futebol top no mercado brasileiro, que trabalha sendo intermediado por um VP de Futebol, Gerson Biscotto, com uma experiência prévia, digamos, dramática e um Comitê de Futebol, com o próprio Biscotto, e acredito que Godinho, Pracownik, Póvoa, talvez, que têm alçada de decisão dependendo do valor de negociação, assim como, em tese, pensam na estratégia do departamento para o futuro. Este modelo é o certo? Precisa ser aprimorado? Qual é o correto? Um VP de Futebol fanfarrão e autoritário "sabe tudo"? Ok. Quem? É realmente complicado. Mesmo este modelo VP + Comitê + Diretor de Futebol pode apresentar problemas dependendo da relação entre as partes.
Enfim, foram 1.000 dias e estamos aqui. Às vésperas de uma eleição em que parte desta Távola Redonda se desfez. Um grupo para um lado e outro que permaneceu com EBM, que se livrou do papel de "figura decorativa" que tentaram lhe impingir, ganhando mais notoriedade. Mas o "Processo", a máquina, continua funcionando. Entraram novos VPs que possibilitam uma nova e diferente visão, permitindo aplicações de novas abordagens no marketing, comunicação, etc. Uma instituição parada se congela. E o Flamengo continua evoluindo.
Parabéns a todos. Presidente, VP´s, funcionários, associados e torcida. Em 1000 dias o Flamengo mudou. Que venham mais 1.000, 2.000, 10.000...
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