Nem o alto investimento, nem a excelente infraestrutura, nem mesmo a presença daquele que era considerado o melhor técnico brasileiro na atualidade tem conseguido impedir que o Flamengo seja, hoje, um dos times mais irregulares do país.
São grandes vitórias contra o Atlético-MG em Belo Horizonte alternadas com empates medíocres diante do Cuiabá dentro de casa, são atuações maiúsculas amassando o Palmeiras pela Copa do Brasil seguidas de atuações lamentáveis, contra o próprio Palmeiras, gerando o famoso cenário de classificação culposa, quando o time passa de fase mas você nota que o técnico não tinha a intenção de fazer isso.
➕ JOÃO LUIS JR.: Rossi brilhou, e no sofrimento “calculado”, o Flamengo se classificou
E poucas partidas sintetizaram tão bem o que é essa irregularidade rubro-negra quanto a vitória deste domingo, no ingrato horário das 20:00, no Maracanã mais vazio que já tivemos nesta temporada – ainda que provavelmente com mais público do que em jogos cheios de outros times.
Porque por um lado tivemos o retorno de um iluminado e decisivo Michael. O “Robôzinho”, que praticamente desceu de seu vôo da Arábia Saudita e já recebeu um par de chuteiras, uma camisa e a frase “decide aí, meu querido”, não apenas começou a partida no onze inicial como abriu o placar, ainda no primeiro tempo e foi importantíssimo para o nosso ataque.
Ataque que, por sinal, foi um dos pontos altos da equipe, com a decisão de Titinho de abandonar a ideia de um centroavante fixo e escalar jogadores que pudessem agregar mobilidade e insanidade ao setor ofensivo rubro-negro. Isso porque sendo Luiz Araújo um homem que não raciocina, Bruno Henrique um homem que raciocina além da lógica cartesiana e Michael um homem que é constantemente surpreendido pelos próprios raciocínios, você tem um ataque impossível de compreender. Por que Luiz Araújo chutou quando o mais fácil era passar? Por que Bruno Henrique deveria estar no meio e está na ponta? Por que Michael tem um tucano desenhado no cabelo? Se nem eles sabem, não vai ser o marcador que vai saber.
Mas como de praxe, se algo nesse Flamengo vai bem, outra coisa precisa ir mal. E ainda que Léo Pereira tenha se saído bem na lateral-esquerda e Ortiz siga sendo uma fonte de segurança na defesa, é preciso ressaltar não apenas as duas tentativas de David Luiz de dar alegria para a torcida do Bragantino como também a complicadíssima partida de Pulgar, mais uma vez bem abaixo do que a torcida espera e sabe que ele pode jogar.
Porém nada, nem ninguém, se compara ao que vem vivendo o atleta Allan. Contratado como reforço para o departamento médico do Flamengo após fazer muito sucesso na área de fisioterapia do futebol mineiro, o volante se tornou um dos mais nefastos legados da gestão Sampaoli. Allan não consegue marcar, Allan não consegue ajudar na saída de bola, segundo uma matéria do Jornal Extra Allan teria contratado uma profissional para cachear seus cabelos e, no ritmo que está, provavelmente em duas rodadas vai ter uma franja, de tão lisos que vão ficar.
E neste domingo o volante, que já vinha sendo absolutamente inoperante na defesa, atingiu novos requintes de crueldade, ao oferecer uma verdadeira assistência para o time adversário, cabeceando pra trás uma bola dentro da nossa área, que foi parar nos pés do jogador do Bragantino. Se Michael é um iluminado, por chegar e já resolver partidas, é inegável que Allan se tornou um buraco negro humano, destruindo absolutamente toda a luz ao seu redor.
Ou seja, uma vitória importante, de um time absolutamente desfalcado, que não contava nem com seu treinador titular, e que segue tentando, aos trancos e barrancos, se manter vivo em todas as competições que disputa. Mas ao mesmo tempo um sinal de alerta, não o primeiro, nem o segundo, nem o décimo, de que existem fragilidades, existem carências, e que existem jogadores que talvez, apenas talvez, não tenham a qualidade necessária para vestir a camisa rubro-negra. Mas vamos ver, pode ser que no final o problema do Allan fosse o cabelo mesmo.