MGM, grupos políticos e embaixadas criticam eleição segunda no Flamengo

10/08/2024, 11:56
MGM criticou eleição do Flamengo na segunda. Aliado de Bap, presidente da Assembleia Geral tenta explicar escolha da data; já próprio Bap e os demais candidatos se calam sobre polêmica

O candidato à Presidência do Flamengo Maurício Gomes de Mattos, o MGM, criticou duramente o anúncio de que a eleição será numa segunda-feira, dia 9 de dezembro, diferentemente dos dois últimos pleitos, que aconteceram em sábados.

A decisão da data da eleição é prerrogativa exclusiva do presidente da Assembleia Geral, Carlos Henrique Fernandes dos Santos, eleito em 2021 na chapa de Rodolfo Landim mas atualmente aliado de Luiz Eduardo Baptista (Bap).

“Amigos, acabei de ter uma notícia lamentável, as eleições para a presidência do Flamengo, que as últimas foram num sábado, desta vez o presidente da Assembleia Geral convoca para segunda-feira, num ato não democrático, num ato que não ajuda o sócio, não ajuda a quem vem e quer participar dessa eleição, para o bem do processo, para o bem da democracia, e para o bem da eleição”, disse MGM em um vídeo na suas redes sociais.

Gestão Landim coleciona ataques a off-Rio

O candidato também divulgou uma nota expondo com mais detalhes os motivos pelos quais considera ruim a escolha da data para a eleição.

“Essa medida é lamentável por várias razões: prejudica quem mora fora do Rio de Janeiro, limitando severamente a participação de uma grande parcela de nossos associados; dificulta o acesso de quem trabalha, forçando muitos a escolher entre suas obrigações profissionais e seu direito de voto no clube; ignora a realidade de quem mora longe do local de votação, mesmo dentro do Rio de Janeiro; carrega as marcas de um movimento calculado para restringir a participação e manter o controle nas mãos de um grupo específico, temendo um Flamengo mais democrático e abrangente; demonstra uma visão limitada, como se o Flamengo fosse apenas um clube de bairro, e não o gigante nacional que realmente é.

A Frente Flamengo Maior, principal grupo de sócios de apoio a MGM, também se posicionou contra a decisão do presidente da Assembleia Geral, aproveitando para criticar a não adoção do voto a distância pelo clube. Na eleição passada, Walter Monteiro, candidato da FFM, chegou a conseguir na Justiça uma decisão garantindo o voto a distância, mas acabou desistindo da ação após um acordo para que o tema fosse votado no Conselho Deliberativo do clube, o que acabou sendo descumprido.

Outro grupo a se manifestar foi o Flamengo Sem Fronteiras, que, após realizar uma votação interna na qual registrou “empate técnico” entre MGM e Bap, anunciou que não adotaria posição oficial na eleição e liberou os seus membros para escolherem candidato. No caso da decisão de ontem, porém, o grupo se manifestou de maneira uníssona alinhado à posição de MGM.

Grupo de apoio a Wallim critica escolha, mas candidato se cala

O Flafut, grupo que nesta semana anunciou apoio a Wallim Vasconcellos, também se manifestou contra a data da eleição.

“O FLAFUT lamenta que o Presidente da Assembléia Geral do FLAMENGO tenha marcado a data da eleição para o dia 9 dezembro – Segunda-Feira. O que mais impressiona é que a realização de eleição em fim de semana sempre foi uma bandeira pessoal do Sr. Carlos Henrique, e que já acontece há 2 eleições. Agora, na condição de eleitor declarado do candidato “BAP”, possivelmente sucumbiu aos desejos de alguns para esta mudança e retrocesso, o que prejudica muito o sócios OFF-RIO, e por tabela, os que moram no Rio de Janeiro. Mais uma vez a diretoria eleita prejudica deliberadamente essa categoria de sócios do Clube, por motivos eleitoreiros”, afirmou o grupo.

Wallim, entretanto, não se manifestou em suas redes sociais sobre o assunto.

A decisão de marcar a eleição para segunda também foi repudiada por várias embaixadas e consulados do clube. MGM ocupou o posto de vice de Consulados e Embaixadas desde sua criação, em 2019, até maio deste ano e tem amplo apoio entre os sócios que participam do programa. Uma das embaixadas a se manifestar foi a Fla Sampa.

“A Fla-Sampa, em nome de todos os associados nas diversas categorias do Clube de Regatas do Flamengo e que residem fora da cidade do Rio de Janeiro, repudia veementemente a marcação das eleições do clube para uma SEGUNDA-FEIRA 09 de dezembro de 2024. Essa ação, afasta do pleito que decidirá o nosso futuro todos aqueles que trabalham e moram longe do clube. Lembramos também, que o voto à distancia que preservaria a possibilidade de votação a qualquer dia sem prejudicar qualquer associado, já foi vetado pela atual gestão, ainda que os dois últimos pleitos tenham sido realizados em finais de semana. Todo associado Rubro-negro merece respeito!”, escreveu a Embaixada.

Presidente da Assembleia Geral atribui decisão a tabela do Brasileiro

O presidente da Assembleia Geral explicou sua decisão em resposta ao jornalista Venê Casagrande. Ele disse que a data foi a opção encontrada para cumprir o estatuto e não atrapalhar a reta decisiva do Campeonato Brasileiro e disse que marcou a eleição com antecedência de 120 dias, em vez dos 40 dias mínimos previstos no estatuto, para dar tempo para o eleitor se programar para vir votar.

“O estatuto obriga a eleição nos 10 primeiros dias de dezembro. Dia 1/12 é domingo e dia seguinte à final da Libertadores. Esperamos estar comemorando o título da Libertadores no dia 1/12. ⁠Com isso, sobra o final de semana seguinte, que é a última rodada do Brasileiro. Podemos garantir que a CBF não mudará a tabela? Não… até porque na semana anterior é justamente a final da Libertadores, podendo impactar duas rodadas que seriam remanejadas. O ⁠Flamengo pode estar disputando o título no dia 8/12 . Como marcar a eleição para o dia 7/12? O clube estará muito confuso pela expectativa da final”, afirmou.

Carlos Henrique afirmou que tentou incluir o voto a distância por proposta de mudança de estatuto, mas a proposta não foi a votação. Por isso, optou por marcar a eleição com antecedência.

“Por outro lado a Assembleia Geral propôs, em emenda eleitoral, duas alterações em artigos do Estatuto: trazer a votação para o terceiro decêndio de novembro (a comissão de estatuto do Code não aprovou) e ⁠implantar o voto a distância por correspondência (também a comissão de estatuto não aprovou). Com isso optamos por agendar com mais de 120 dias de antecedência a eleição, a fim de que todos possam se programar a contento. O estatuto fala em 40 dias, disse.

Aliado de Carlos Henrique, Bap não se pronunciou sobre a escolha da data das eleições. O candidato de Landim, Rodrigo Dunshee de Abranches, também não se manifestou.


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