Mecanismo de Solidariedade da FIFA: conheça a regra que pode render mais 120 milhões de reais ao Flamengo
Você sabia que, além da bolada de cada venda de jogadores, o Flamengo ainda pode receber até 120 milhões de reais, em caso de uma transferência, por exemplo, de Vinícius Júnior para outro clube disposto a pagar o que o Real Madrid quer pela joia formada no Ninho? Isso tudo por conta do chamado “Mecanismo de Solidariedade da FIFA”.
Em maio de 2017, o torcedor rubro-negro chorou porque perdeu uma de suas maiores promessas, mas o Flamengo sorriu porque realizou a maior venda de sua história. Afinal, por cerca de R$ 164 milhões de reais, Vinícius Júnior saía da Gávea pra encantar a Europa. Desde então, o atacante já ganhou a Champions League e desesperou o Atlético de Madrid com suas dancinhas.
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O que é o Mecanismo de Solidariedade da FIFA?
O “Mecanismo de Solidariedade da FIFA” foi criado no começo dos anos 2000. Também conhecido como “Mecanismo de Solidariedade por Formação de Atleta”, é uma norma prevista no regulamento de transferência da entidade e garante que até 5% do valor total de cada transferência internacional de um atleta seja dividido proporcionalmente entre todos os clubes onde ele jogou até completar 23 anos.
A ferramenta tem como objetivo garantir que os clubes responsáveis pela formação de um jogador continuem lucrando com seu crescimento mesmo após a primeira venda. Ela se tornou uma grande fonte de renda, principalmente para os clubes sul americanos, que muitas vezes vendem por preço de banana revelações que, no mercado europeu, serão envolvidas em transações mais altas que o PIB de certos países.
Mas como o Mecanismo de Solidariedade da FIFA funciona?
As regras são até bem simples. Com os 5% do valor da negociação sendo divididos entre todos os clubes que tiverem participado da formação do atleta. A divisão é a seguinte: 0,25% de participação para cada temporada do 12º ao 15º aniversário do jogador e depois 0,5% para cada temporada do 16º ao 23º aniversário do jogador.
Esse mecanismo é ativado em transferências internacionais ou entre clubes que não sejam da mesma associação que o clube formador. Ou seja, se um jogador formado integralmente no Flamengo for vendido para um clube estrangeiro, o Mengão teria teria direito a 5% das futuras transferências realizadas, seja ela entre países ou mesmo dentro de um país.
Mas isso não vale para todos os clubes, apenas para os que atendam os requisitos básicos da FIFA, que vão desde a qualidade das instalações de treinamento até a educação do atleta e a assistência médica e psicológica, entre outros. Ou seja, não é apenas dar uma bola, colocar a criançada pra correr no mato e depois vender pro Benfica.
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E o Flamengo com isso?
Enquanto clube com uma longa tradição na formação de grandes jogadores – afinal, “craque o Flamengo faz em casa” – o Rubro-Negro é um dos que vem se beneficiando com o mecanismo de solidariedade. E isso não é só pela venda de jogadores badalados, como Lucas Paquetá, que foi do Lyon para o West Ham por pouco mais de R$ 310 milhões e rendeu cerca de R$ 11 milhões ao Flamengo (equivalente a 3,78% da transação).
O Mecanismo de Solidariedade da FIFA também nos rende dinheiro até por jogadores que o torcedor teria dificuldades de lembrar. Um exemplo é o atacante Samuel Lino, que teve rápida passagem pela base rubro-negra e rendeu cerca de R$ 250 mil ao ser vendido por R$ 47 milhões para o Atlético de Madrid.
Mas nada se compara aos valores que o Flamengo poderia receber numa possível venda de Vinícius Junior, atualmente uma das principais estrelas do Real Madrid. Com contrato renovado até 2027 e uma astronômica multa de 1 bilhão de euros, uma possível venda do Malvadeza poderia render quase 120 milhões de reais para o Flamengo. O clube tem direito a 2,25% de cada transferência do jogador através do mecanismo de solidariedade.
Por isso o Flamengo vem investindo tanto na base, com mais de R$ 150 milhões nos últimos 5 anos, entre infraestrutura e profissionais. Isso já vem rendendo revelações como João Gomes, titular do time principal, Lázaro, recém-vendido para o Almería e Victor Hugo, cada vez mais utilizado por Dorival Junior.