Mauro Cid, preso por fraudar cartão de vacina, é sócio honorário do Flamengo

03/05/2023, 11:25
Mauro Cid, assessor de Bolsonaro e sócio honorário do Flamengo, preso por fraudar cartão de vacina

Preso nesta quarta-feira pela Polícia Federal por suspeita de fraudar cartões de vacinação da família de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid é desde 2020 sócio honorário do Flamengo .

Na época, Cid era ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele está numa lista de indicados pela gestão Landim para sócio honorário do Flamengo que incluía outros políticos ligados a Bolsonaro, como o deputado federal Hélio Lopes, o ministro Jorge Francisco e o assessor da Presidência Célio Faria Júnior.

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Sócio honorário precisa ter serviços prestados ao Flamengo

O estatuto do Flamengo prevê que os títulos de sócio honorário devem ser concedidos àqueles que tenham comprovados serviços prestados ao Flamengo ou ao esporte nacional. O motivo da concessão do título a Mauro Cid, entretanto, nunca foi divulgado publicamente.

A lista de concessão de sócios honorários é elaborada anualmente pelo Conselho Diretor do Flamengo e aprovada em votação pelo Conselho de Grandes Beneméritos. No ano anterior à concessão do título a Mauro Cid, o Flamengo já havia concedido um polêmico título ao então vice-presidente Hamilton Mourão.

Quais são as acusações contra Mauro Cid

Segundo a investigação da Polícia Federal, Mauro Cid falsificou os cartões de vacinação de Bolsonaro e da filha do ex-presidente, além do próprio e de sua esposa ou filha, a fim de burlar os protocolos sanitários para entrar nos EUA por conta da Covid-19.

Para perpetrar a fraude, Mauro Cid teria contado com a ajuda do vereador carioca Marcelo Siciliano. Há uma citação sobre o vereador nas investigações do assassinato da colega Marielle Franco, que era torcedora do Flamengo.

Coronel é alvo de múltiplas investigações

Embora desta vez esteja preso, este está longe de ser o primeiro caso de suspeitas graves sobre Mauro Cid desde que ele ganhou a honraria do Flamengo. Veja abaixo uma lista de outros casos nos quais o coronel está sob investigação:

Conversa com blogueiro foragido

Ainda em setembro de 2020, antes de ganhar o título do Flamengo, Mauro Cid apareceu em inquérito da Polícia Federal como participante de um diálogo em que o blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira, defendia intervenção militar. Mauro Cid respondeu “Já te ligo”. A troca de mensagens ocorreu em abril de 2020, após protestos que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal.

Vazamento de informações sigilosas

Em fevereiro de 2022, a PF indiciou Mauro Cid no inquérito que apura o vazamento de informações sigilosas em uma investigação por Bolsonaro e pelo deputado Filipe Barros.

Discurso a embaixadores

Mauro Cid também está sob outra investigação. É suspeito de organizar o discurso de Bolsonaro a embaixadores em julho de 2022 na qual o então presidente questionou a confiabilidade das urnas eletrônicas. Atualmente, um processo avançado no Tribunal Superior Eleitoral pode tornar Bolsonaro inelegível por conta deste discurso.

Fake news sobre Covid e Aids

Outro inquérito da PF concluiu que Mauro Cid foi autor do discurso no qual Bolsonaro citou estudos falsos que ligariam a vacina da Covid ao vírus da Aids. A justiça indiciou Cid em dezembro de 2022 por provocação de alarme anunciando perigo existente e incitação ao crime.

Uso de cartões corporativos

Além disso, o coronel usou cartões corporativos da Presidência para pagar despesas pessoais da família do presidente. Ele também é suspeito de usar os cartões para fazer caixa 2 eleitoral e financiar atos antidemocráticos.

Caso das joias sauditas

O ajudante de ordens foi o responsável por comandar a operação na qual Bolsonaro tentou retirar da Receita Federal joias presenteadas pela Arábia Saudita. A ação ocorreu nos últimos dias de seu governo e os presentes têm valor estimado de R$ 16 milhões.


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