Pai do assessor de Marcos Braz assinou parecer contra suspensão no Flamengo

Flagrado em uma mentira durante entrevista coletiva no Ninho do Urubu sobre o caso de agressão ao torcedor Leandro Campos, Marcos Braz escapou no mês passado de suspensão no Flamengo depois que o presidente do Conselho de Administração, Luiz Eduardo Baptista (Bap) mandou arquivar um pedido de abertura de inquérito assinado por conselheiros da oposição.

Bap atendeu um parecer da comissão jurídica do Conselho de Administração, que considerou que Braz não violou nenhum artigo do estatuto. O pedido de abertura de inquérito assinado pelo ex-candidato a presidente Walter Monteiro e outros quatro sócios veio depois da divulgação do vídeo que mostrava que, ao contrário do que disse Braz na entrevista, Leandro em nenhum momento havia ameaçado a filha do dirigente.

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O Mundo Bola teve acesso ao parecer da comissão jurídica e pôde constatar que ele tem entre seus signatários o conselheiro Luís Fernando Fragoso Machado. Ele não se declarou impedido nem foi substituído por Bap na comissão apesar de seu filho, Henrique da Silva Fragoso Machado, ser, desde 2021, assessor no gabinete de Braz na Câmara dos Vereadores.

Henrique ocupa um cargo comissionado DAI-6, que tem gratificação mensal de R$ 4.867.

Além de filho de Luís Fernando, Henrique é sócio do pai no escritório de advocacia Fragoso Machado Advogados Associados.

Comissão considera que não houve uso indevido de dependência do clube por Marcos Braz

No parecer assinado por Luís Fernando e outros quatro conselheiros, a seguinte justificativa é dada para não considerar a entrevista usando as instalações do clube para contar mentiras sobre o caso de agressão:

“Na condição de Vice-Presidente de Futebol do Clube de Regatas do Flamengo, o Representado semanalmente é obrigado a conceder entrevistas e fundamentar os seus atos, não havendo uso indevido de dependência do Clube para defesa, nem tampouco prejuízo à imagem do Flamengo por fatos ocorridos fora das dependências da entidade”.

Entretanto, a convocação de uma entrevista coletiva apenas de Braz no Ninho do Urubu é fato absolutamente raro, tanto que não voltou a acontecer desde setembro, ocasião do pronunciamento sobre o caso. Desde então, o vice só concede entrevistas no Ninho na apresentação de reforços.

O parecer também em nenhum momento se debruça sobre o fato de Braz ter apresentado uma versão fantasiosa dos fatos, como ficou comprovado pelo vídeo e pela denúncia do Ministério Público, aceita pela Justiça, que o transformou em réu por lesão corporal. Braz acabou se livrando do processo após chegar a acordo para indenizar o torcedor, em valores não divulgados.

Bap acolheu parecer para arquivar denúncia contra vice de futebol

“Na ocasião, foi alegado pelo representado ter sido ofendido e ameaçado de morte por integrantes de torcida organizada do Clube, tudo isso na frente de sua filha menor de 15 anos e amigos, fato este que o deixou transtornado, obrigando a interpelar um torcedor e, por defesa de sua honra e familiares, se envolveu em briga sem grandes lesões para as partes envolvidas”, afirma o parecer.

Na sua decisão sobre o pedido dos sócios, Bap diz que acolhe “integralmente os argumentos do parecer da Comissão Permanente de Assuntos Jurídicos”, assim decretando o arquivamento da representação sem que Braz fosse chamado a prestar novos esclarecimentos.